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Abril 2024

A maior realização é o altruísmo.

O maior valor é o autodomínio.

A maior qualidade é procurar servir os outros.

O maior preceito é a atenção contínua.

O maior remédio é o vazio de tudo.

A maior ação é não se conformar com os costumes do mundo.

A maior magia é transmutar as paixões.

A maior generosidade é o não-apego.

A maior bondade é uma mente pacífica.

A maior paciência é a humildade.

O maior esforço é não se preocupar com os resultados.

A maior meditação é uma mente que larga.

A maior sabedoria é ver através das aparências.

Atisha (Mestre Budista Tibetano, século XI)



Queridos alunos e amigos ✨,


Em ABRIL, o Shala🪷🍃 continuará a estar encerrado às quartas e sextas-feiras, mas chamo a vossa atenção para algumas datas especiais, com alterações nos horários regulares :


🪷 Segunda-feira, 8/04 🪷

Não haverá aula de manhã. 

À tarde, Satsaṅga às 17h30,

seguido de meditação (dhyāna ध्यान) até às 19h00.



🪷 Terça-feira, 23/04 🪷

ENCERRADO



🪷 Quarta-feira, 24/04 🪷

Excepcionalmente, aulas de manhã e à tarde, às 7h00 e às 17h30.



🪷 Quinta-feira, 25/04 🪷

AULA GUIADA às 8h00.

ENCERRADO à tarde.



Relembro que, apesar de estar agora ENCERRADO às quartas e sextas-feiras, assim como aos feriados e fins-de-semana, o Shala🪷🍃 está sempre disponível em qualquer dia e qualquer hora, para os alunos que aí queiram fazer a sua auto-prática, como tem acontecido até agora (a menos que seja necessário encerrar para fazer limpezas ou obras). 


🧘‍♀️💜🧘‍♂️


 


 




O Yoga é conhecido como uma via difícil e feita para os espíritos corajosos e intrépidos. O adepto do Yoga não deve interrogar-se se chegará ou não um dia ao Samādhi, ou se esta via é o caminho que lhe convém. Ao questionar-se desta maneira, o yogi  recua na sua progressão. Não é o Yoga que «não é feito para nós». É, talvez, a falta de fé nas nossas capacidades para atingir o fundo de nós próprios que nos impede de mergulhar na Realidade do princípio de vida.

Mestre Georges Stobbaerts (1940-2014)


Uma prática regular, dedicada e consciente de Yoga (dentro e/ou fora do tapete), dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano, pode provocar inúmeras transformações no nosso corpo, na nossa mente, no nosso quotidiano e hábitos de vida, assim como na nossa relação connosco mesmos, com os outros e com o mundo à nossa volta. 


Por vezes, são pequenas mudanças subtis, que ocorrem de forma tão natural e progressiva, que nem damos conta delas… É comum só repararmos nelas quando outra pessoa nos diz que “estamos diferentes” e verificamos que efectivamente é verdade, algo mudou em nós.


Outras vezes, são mudanças profundas e conscientes, manifestas através de um processo equilibrado entre o esforço necessário para desenvolver as características indispensáveis para continuar a evoluir e o desapego de tudo o que reconhecemos como sendo supérfluo ou obsoleto nesse mesmo caminho que escolhemos para nós. Nesse caso, este processo pode perdurar por períodos mais ou menos longos, mais ou menos intensos, mais ou menos dolorosos, durante os quais podemos morrer, renascer e crescer, de um ponto de vista espiritual e holístico


Temos de estar dispostos a abandonar a vida que planeámos para podermos ter a vida que está à nossa espera. A pele velha tem de ser largada para que a nova possa surgir.

Joseph Campbell


 


Mesmo se a maioria das pessoas esquece ou desvaloriza este “detalhe” tão, mas tão importante, a verdade é que, para os seres humanos, CRESCER dói. E, exige o esforço e a mobilização de todo o nosso Ser, para que esse processo possa acontecer… E, nem todos estão dispostos a entregar-se de corpo e alma a esta transformação profunda… E, está tudo bem assim… Somos todos diferentes, não existem quaisquer diferenças de valor entre os seres e, por essa razão, devemos plenamente compreender e integrar que cada um tem o seu próprio caminho para percorrer, ao seu próprio ritmo, sem comparações, nem julgamentos. Só assim poderemos respeitar plenamente o outro. Mas, acima de tudo, só assim poderemos respeitarmo-nos plenamente a nós mesmos e amarmo-nos incondicionalmente.


Ninguém pode fazer-te sentir inferior sem o teu consentimento.” 

Eleanor Roosevelt




 

Muitas vezes começamos simplesmente com a prática de āsana (आसन - postura), para nos sentirmos mais em forma, mais fortes, mais flexíveis, mais saudáveis e activos. Mas se estivermos atentos e à escuta, podemos em seguida sentir e começar a compreender de que forma estão interligados todos os nossos corpos, o corpo físico, o corpo mental, o corpo emocional, o corpo energético, o corpo espiritual e que, afinal, não se trata simplesmente de exercício físico…


E isso, dependendo das tendências naturais e dos condicionamentos de cada indivíduo, assim como da sua determinação e  para avançar nesta via, tanto pode ser inspirador e motivador, como revelar-se como extremamente assustador e deixar-nos assoberbados.


De uma forma ou de outra, será sempre um desafio para o ego (अस्मिता - asmitā), que não gosta de mudanças e que fará tudo (e mais alguma coisa!) para proteger o seu reino e império de toda e qualquer ameaça, através da manifestação de inúmeros obstáculos e distracções.


Yogasūtra I.30

व्याधिस्त्यानसंशयप्रमादालस्याविरतिभ्रान्तिदर्शनालब्धभूमिकत्वानवस्थितत्वानि चित्तविक्षेपास्तेऽन्तरायाः॥३०॥ 


vyādhistyānasaṃśayapramādālasyāviratibhrāntidarśanālabdha-bhūmikatvānavasthitatvāni cittavikṣepās te ‘ntarāyāḥ ॥30॥


« A doença, a languidez, a dúvida, a negligência [ilusão], a preguiça, a intemperança, a visão errada [erro de julgamento sobre si mesmo], a falta de progresso, a regressão [instabilidade] são os obstáculos, causas de dispersão psíquica. »



 

Estes obstáculos e distracções, tanto podemos vê-los surgir na prática de Yoga, como na vida quotidiana (já se sabe que não são coisas diferentes ou dissociadas…), provocando maior ou menor agitação mental e, consequentemente, interferências à nossa volta, na nossa vida, no nosso trabalho, nas nossas relações pessoais, familiares ou profissionais. Estes obstáculos podem certamente entravar a fluidez natural do nosso percurso actual de encarnação ou, em casos mais extremos, desviar-nos do nosso propósito e missão de vida, do nosso svadharma (mais, menos ou completamente, dependendo da forma como cedemos ou quebramos face a eles…). Mas também podem ser vistos como sinais de alerta, manifestações claras (no nosso corpo, mente, emoções!) de que (já) estamos efectivamente a desviarmo-nos do nosso caminho orgânico, do que viemos experimentar e vivenciar durante esta encarnação, de acordo com os desejos da nossa Alma, e que é finalmente tempo para dedicar maior atenção, foco e energia a viver uma vida em alinhamento com as Leis Universais, com o Dharma, com o apelo do nosso Coração, valorizando aquilo que verdadeiramente nos faz felizes



Quantas pessoas conhecemos que chegaram ao final da sua vida, com a sensação de que não viveram o “suficiente”, seja em termos quantitativos ou qualitativos?… Seremos nós também, uma dessas pessoas?… 


Aprendi que todos os mortais saborearão a morte, mas só alguns saborearão a vida.

Rumi


 

Na sociedade actual, em que o próprio sistema e a maioria das pessoas ainda atribui maior valor e prioridade às aspirações materiais, em oposição às aspirações espirituais, podemos ver a que ponto é valorizado e encorajado que se faça face aos obstáculos que surgem na nossa vida, para alcançar maior “êxito”, “sucesso” ou simplesmente “segurança”, de um ponto de vista material. Mas também não é preciso procurar muito para encontrar exemplos em nós ou à nossa volta, em que esses obstáculos foram relegados para um plano inferior de importância, para podermos continuar a trabalhar ou participar em algum projecto valorizado pelos outros, pela sociedade em geral ou, simplesmente, pelo qual recebemos uma remuneração financeira ou material. Muitas vezes até, simplesmente para podermos criar condições para depois poder fazer outras coisas, nos nossos “tempos livres”, que realmente nutrem a nossa Alma , não é verdade?


As coisas que mais importam nunca devem estar à mercê das coisas que menos importam.

Goethe




A honestidade é a grande defesa contra o verdadeiro mal. Quando deixamos de mentir a nós próprios sobre nós mesmos, essa é a maior proteção que podemos ter contra o mal.” 

John Sandford


Vá, digam lá… Sem autocríticas, nem julgamentos, mas honestamente!


Quem nunca foi trabalhar doente? E porquê?


 

E, apesar da moleza que por vezes se manifesta até aos ossos, quantos de vós conseguiram ainda assim assumir um dia, uma semana, um mês de trabalho, até finalmente chegarem as próximas férias? E porquê?


 

Quantos de vós já sentiram dúvidas sobre a real importância e valor do trabalho que realizam cada dia, nestes tempos de imensa transformação planetária, individual e colectiva, ou simplesmente, sobre as reais motivações para o fazerem e esperaram apenas que essas dúvidas passassem (ou não!), continuando e persistindo no mesmo caminho? E porquê?


 

E já se colocaram a questão sobre a negligência ou a ilusão, de que forma pode ter-se manifestado na vida profissional de cada um (vá, sejam honestos, eu sei que esta é das mais difíceis de admitir, porque ninguém gosta de reconhecer que foi negligente ou iludido, mas num momento ou noutro, se queremos efectivamente evoluir espiritualmente, é preciso olhar para as coisas com honestidade e seriedade! Se as “máscaras”, as “setas” no chão, os “cotonetes” enfiados nos narizes, as “denúncias” ou os “vírus” a circular a partir de um metro e meio de altura ou a partir das 15h00 e todas as outras regras que nos iam salvar a vida, serviram para alguma coisa, foi precisamente para nos mostrar a que ponto podemos ser iludidos, ser negligentes, escolher ser cegos… Já estamos prontos para o assumir e corrigir esta trajectória ou o ego continua a comandar a direcção e a aguardar novas oportunidades para recomeçar tudo de novo)? E porquê?


 

Quem é que nunca teve preguiça de ir trabalhar, mas foi à mesma? E porquê?


 

E quem é que nunca abusou no horário ou na carga de trabalho, manifestando intemperança, reconhecendo essa intemperança e continuando ainda assim, em busca de perfeição, reconhecimento ou benefícios, ou por qualquer outra razão mais ou menos válida (a falta de moderação é evidente na grande maioria das actividades do ser humano e ninguém lhe escapa, num momento ou noutro… Demasiado café, demasiada comida, demasiado trabalho, excesso de horas passadas em frente aos ecrãs, tendo como consequência poucas horas de sono, até mesmo demasiadas amêndoas de chocolate durante a época da Páscoa 😉, etc., etc., etc.)? E porquê?


 

Quem é que nunca se enganou sobre si mesmo, desvalorizando ou sobrevalorizando as suas capacidades a desempenhar uma qualquer tarefa, por vezes com consequências sérias para si mesmo ou para os outros? E porquê?


 

E, independentemente do esforço pessoal envolvido, quem é que nunca se encontrou face a uma etapa ou patamar na sua carreira que simplesmente parecia intransponível, impedindo toda e qualquer progressão e que simplesmente escolhemos aceitar por questões de segurança, em vez de procurar alternativas que parecem à partida mais “arriscadas”? E porquê?


 

Finalmente, não é raro encontrar quem seja por vezes confrontado à regressão no seu trabalho ou carreira e, ainda assim aceite continuar na mesma direcção pelas mais diversas razões (e penso que os funcionários públicos são constantemente alvo destas regressões impostas em épocas de “crise”, seja a nível de rendimentos ou de privilégios, mas não só…), pois não? Mas porquê???


A sociedade não quer indivíduos atentos, perspicazes, revolucionários, porque esses indivíduos não se enquadram no padrão social estabelecido e podem rompê-lo. É por isso que a sociedade procura manter a vossa mente no seu padrão e que a vossa chamada "educação" vos encoraja a imitar, a seguir, a conformar-vos.

Jiddu Krishnamurti


 



Saibam que não coloco aqui nenhuma questão existencial que não tenha colocado a mim mesma inúmeras vezes no meu próprio processo espiritual e para a qual não tenha tentado encontrar diferentes respostas válidas, em diferentes ocasiões e etapas da minha vida, assim como uma correcção das minhas próprias atitudes e comportamentos, sempre que detecto um desalinhamento dos Valores Éticos, do Dharma ou das Leis Universais. Este é um processo contínuo, que provavelmente só terá o seu fim no momento da Libertação - mokṣa, e quando realizar plenamente e sem equívocos, QUEM SOU… Não existe uma resposta certa ou errada, por isso nestes processos de auto-análise, é sempre bom utilizar apenas o discernimento e não os julgamentos e críticas que nos arrancam do nosso centro e nos limitam. Seja qual for a resposta, para mim, parece-me importante saber porque fazemos o que fazemos, seja de um ponto de vista material, seja de um ponto de vista espiritual, para podermos estar em Paz com essas razões ou mudar o que seja preciso mudar, para encontrar essa Paz dentro dos nossos Corações e simplesmente SER.


“Encontrares-te a ti próprio, não é bem assim que as coisas funcionam. Não és propriamente uma nota de dez dólares esquecida no bolso do casaco do inverno passado. Também não estás perdido. O teu verdadeiro  EU está mesmo ali, enterrado sob o condicionamento cultural, as opiniões dos outros e as conclusões inexactas que tiraste em criança e que se tornaram as tuas crenças sobre quem és. Encontrar-se a si próprio é, na verdade, regressar a si próprio. Uma desaprendizagem, uma escavação, uma recordação de quem éramos, antes de o mundo nos ter posto as mãos em cima.”  

Emily McDowell


 

Apesar de tudo, a maioria dos indivíduos acolhe estes obstáculos como “incontornáveis e inevitáveis” e durante a maior parte da sua vida, faça chuva ou faça sol, estejam muito ou pouco cansados, muito ou pouco motivados, muito ou pouco impregnados de alegria ou felicidade enquanto o fazem, simplesmente continuam a ignorá-los, dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano, até que um dia, simplesmente, deixa de ser possível continuar a desviar o olhar… Outros vão lidando com eles da melhor forma possível e, em alguns casos, conseguem ultrapassá-los, recolhendo os frutos do seu trabalho e tornando-se muitas vezes uma referência e uma inspiração para outros que seguem o mesmo caminho.





 

Como disse acima, não há propriamente um certo ou um errado nas escolhas que cada um faz, tendo em conta que não viemos todos para viver as mesmas experiências e, por essa razão, não temos todos as mesmas prioridades. Para alguns, essa experiência do mundo material é necessária neste momento de evolução da sua Alma e o nível de satisfação sentido pela acumulação de bens, valores, relações ou prestígio é o suficiente (para já). É pela Paz que sentimos dentro dos nossos Corações face às nossas escolhas, que sabemos se estamos a fazer a escolha certa ou errada para nós, em cada instante.


Segundo a tradição hindu, esta busca pelo conforto e segurança material chama-se Artha e é o primeiro dos quatro objectivos válidos da existência humana, ou Puruṣārtha. Os três primeiros (referidos como Tri-Varga) são relativos à vida mundana e estão interligados. Artha (अर्थ) é a causa e a intenção que levam à busca de prosperidade material, Kama (काम) é o prazer sensorial, muitas vezes associado a todas as formas de arte e de beleza, mas também ao prazer erótico e sexual e Dharma (धर्म), que representa o dever, a intenção de viver uma vida virtuosa e em alinhamento com as Leis Universais e que, de certa forma regula e equilibra os outros dois (sem a prática de Dharma, Artha facilmente se transforma em ganância e abuso de poder e Kama, em excessos e perversões de todo o tipo, como podemos facilmente verificar na sociedade actual, onde os Mais Elevados Valores Éticos e Morais são simplesmente descartados e substituídos por todo o tipo de atitudes e actividades duvidosas e perniciosas, desde que exista uma gratificação instantânea…). O quarto e último objectivo da existência humana é  Mokṣa (मोक्ष), a Libertação (de que tanto vos falo, em cada Newsletter…), que é o objectivo único do Yoga (योग - União) e a razão pela qual foi concebido este método (que tem, sem dúvida, muitos outros benefícios que, só por si, já são razões suficientemente válidas para a sua prática!).


“«Só viver não é suficiente», disse a borboleta, «É preciso também ter liberdade, sol e uma florzinha».” 

Kahlil Gibran




 

De vez em quando, para alguns de nós, contra todas as expectativas, as aspirações espirituais começam a sobrepor-se às aspirações materiais, surgem assim as primeiras Noites Negras da Alma, os mais profundos e insistentes questionamentos sobre Quem Somos, de onde viemos e o que fazemos aqui e a procura de Deus dentro dos nossos Corações! Quem desperta para a espiritualidade e escolhe Mokṣa (मोक्ष) como objectivo de vida e razão da sua existência, é progressivamente extraído do mundo material, apesar de ainda viver nele, torna-se imune aos condicionamentos e à pressão da sociedade, apesar da sua presença nela e todos os seus pensamentos, palavras e acções são animados por esta busca de Deus e de Amor Incondicional manifesto em cada centelha de Vida e de Luz


A pessoa desperta é o maior estranho no mundo; parece não pertencer a ninguém. Nenhuma organização o confina, nenhuma sociedade, nenhuma nação.

Osho




 

Sem qualquer julgamento ou diferença de valores, mas uma distinção clara e simples. Uns vivem a vida voltados para o exterior, os outros escolhem encontrar o Sentido da Vida no interior, dentro de Si Mesmo, escutando a Verdade que emana de dentro para fora, a partir do centro do lótus do nosso Coração, a partir do altar onde habita Deus. Muitas vezes, parece que um imenso precipício nos separa, que apesar de vivermos lado a lado, parece vivemos em realidades paralelas, que existimos em diferentes dimensões, manifestando aspirações completamente opostas… Também isso é uma ilusão (माया - māyā). Também isso é um obstáculo. No final, somos TODOS UM e é pelo Amor e Compaixão que temos dentro do nosso Coração que acabaremos por o Realizar, hoje ou mais tarde, nesta ou noutras vidas…  


No CORAÇÃO de todas as coisas, de tudo o que existe no Universo, habita Deus. Somente ele é realidade. Portanto, renunciando às vãs aparências, rejubilai-vos nele. Não cobiceis a riqueza de ninguém.

Isha Upanishad, 1 (ईशोपनिषद् Īśopaniṣad)




 

Diria que é mais ou menos por esta altura também, em que começamos verdadeiramente a despertar e a sentir que há “algo mais” que esta vida mundana que nos apresentam como sendo a única opção entre o berço e o caixão, que deixa de fazer sentido faltar ao compromisso que temos com a nossa prática de Yoga, porque estamos doentes, com dores, porque estamos moles, lânguidos ou preguiçosos. Começam a desaparecer as dúvidas sobre o porquê da nossa prática, e começamos a olhar para as coisas como elas realmente são, para nós mesmos como realmente somos, sem levantar ou rebaixar nada, assumindo as nossas características (boas e más), assim como a responsabilidade de fazer o necessário para, com equilíbrio e moderação, ultrapassar cada obstáculo e continuar a progredir e evoluir na direcção certa, independentemente de todas as limitações físicas, mentais, emocionais ou espirituais ou mesmo familiares ou sociais. Removendo um obstáculo depois do outro, à medida que se vão manifestando (e sim, eles continuam a manifestar-se dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano, a cada camada mais profunda do nosso Ser que vamos alcançando, até nos libertarmos definitivamente através do estado de Yoga, de União com o Divino dentro do nosso Coração!), conscientes de que não há nada mais importante, nesta ou noutras vidas, que a transparência, a autenticidade e a intimidade da relação que temos connosco mesmos e da relação que temos com Deus, pois para além de estas duas relações serem a base de todas as outras, seja com os outros, seja com o mundo à nossa volta, elas trazem também maior consciência e plenitude à nossa vida. No final, apenas isso nos acompanhará no momento da nossa transição… Não o que temos, mas sim o que SOMOS… 


Tens medo de milhares de coisas -


Da dor

Dos julgamentos

Do teu próprio coração.


Tens medo de dormir

De despertar

Da solidão

Do frio

Da loucura, da morte -


Sobretudo desta última, da morte.

Mas são tudo máscaras, disfarces.


Na verdade, só há um medo...

O de cair, de dar aquele passo

Em direção ao desconhecido

Longe de qualquer certeza possível…” 

Herman Hesse




 

Cada um de nós, a cada instante, tem a possibilidade de escolher de que forma acolhe e reage aos obstáculos que surgem na sua vida ou na sua prática de Yoga. Farão de nós vítimas? Ajudar-nos-ão nas nossas tomadas de consciência e processo de evolução espiritual? Reagiremos a eles ou escolheremos agir em consciência na sua presença, de forma a tornarmo-nos mais Autónomos, mais Soberanos, mais Plenos, mais Conscientes, mais Livres?


É através das nossas escolhas que vamos pavimentando e avançando no nosso caminho. É só nosso. É único. Podemos deixar-nos inspirar pelo caminho dos outros e mesmo tentar seguir as suas pegadas mas, no final, nunca caminharemos com os seus pés ou dentro dos seus sapatos e ainda bem! Viemos para ser nós mesmos e não uma réplica dos outros, é tempo de escutar a voz do nosso Coração, o apelo da nossa Alma e deixar que a nossa Consciência Superior se revele e guie, com Amor e Compaixão, cada passo dado nesta aventura que é a Vida… 


A tua vida quotidiana é o teu templo e a tua religião. Quando entrares nele, leva contigo tudo o que és.” 

Khalil Gibran




🙏💜🙏


O BARCO VAZIO


Aquele que consegue libertar-se

do sucesso e da fama,

descer e perder-se,

no meio da massa dos homens.


Ele fluirá como o Tao,

sem ser visto,

ele seguirá como a própria vida,

sem nome e sem lar.


Simples ele é,

sem distinção.

Para todas as aparências, ele é um tolo.


Os seus passos não deixam rasto,

ele não tem poder,

ele não alcança nada, não tem reputação.


Uma vez que não julga ninguém,

ninguém o julga.

Tal é o homem perfeito.

O seu barco está vazio.


Chuang Izu (389 a.C.)


 


 

Como sempre, deixo-vos a minha mais profunda e sincera GRATIDÃO pela vossa leitura e atenção e peço-vos que, como de costume, acolham apenas o que ressoa convosco e coloquem de parte tudo o resto, já que tudo o que partilho convosco é apenas o fruto dos meus próprios questionamentos, experiências de vida, compreensões e integrações alcançadas através dos ensinamentos do Yoga, da minha própria prática espiritual e do meu sādhana (साधन). Com todo o meu AMOR e REVERÊNCIA, desejo-vos coragem, bons questionamentos e boas práticas… Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!


Namaste

🙏💜✨

Rita


 

 


ॐ लोकाः समस्ताः सुखिनो भवन्तु

ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः॥

 

Oṁ lokā samastā sukhino bhavantu

Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ

 

Oṁ

Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.

Que haja Paz, Paz, Paz.



 

 


Oração de São Francisco de Assis

 

Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz.


Onde houver ódio, que eu leve o amor.

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.

Onde houver discórdia, que eu leve a união.

Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.

Onde houver erro, que eu leve a verdade.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança.

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.

Onde houver trevas, que eu leve a luz.


Ó Mestre, fazei que eu procure mais:

consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.

Pois é dando que se recebe.

É perdoando que se é perdoado.

E é morrendo que se vive para a vida eterna.




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