“Porque será tão difícil por vezes determinar um percurso a seguir? Creio que a natureza encerra um subtil magnetismo que, se inconscientemente nos rendermos a ele, dará um rumo aos nossos passos. Não nos é indiferente a direcção que seguimos. Existe um caminho certo; mas somos demasiado propensos, por estupidez ou distracção, a seguir o caminho errado.”
Henri David Thoreau
Queridos alunos e amigos ✨,
JUNHO, traz-nos finalmente o início do VERÃO☀️🌊. Para muitos, as férias já estão mesmo ali à frente e os dias mais longos e quentes, estimulam esta tendência natural para nos voltarmos para o exterior, para aproveitar cada instante de luminosidade, para expor o corpo ao Sol, naquilo que poderíamos considerar uma outra forma de Sūryanamaskāra(सूर्यनमस्कार), de Saudação ao Sol ☀️🙏💛…
Também o ambiente dentro do Shala🪷🌿 começa a ficar mais quente e é a altura em que começam as “reclamações” com o calor e as “ausências” por causa das idas à praia e aos banhos, dos convívios de Verão, das festas, dos churrascos, dos passeios… Muitas vezes, naturalmente alteramos as nossas prioridades… Outras vezes, criamos resistências… Instala-se, por vezes uma certa preguiça face à prática de āsana (आसन) ou uma forma de rebeldia contra a rotina…
Mas, para aqueles que continuam a praticar com disciplina, dedicação e perseverança e que habitualmente o fazem durante todo o ano, começa também a época em que o nosso corpo fica finalmente mais flexível, em que as toxinas são mais facilmente evacuadas com o calor e a transpiração, e não só as práticas, mas também os nossos próprios veículos físicos e as nossas mentes, se tornam mais leves e maleáveis! É a altura do ano em que mais facilmente podemos sentir a expansão do nosso corpo energético, da nossa energia vital, do nosso prāṇa(प्राण)… Sob a influência da Luz e do Calor do Sol☀️, autorizamo-nos muitas vezes a libertar uma parte da rigidez que se manifesta no nosso corpo principalmente durante os meses de Inverno ou de mais frio, mas também da rigidez do nosso corpo mental e do ego, que impede a plena encarnação da nossa Alma e da nossa Consciência Superior…
“Mas se, nos vossos pensamentos, tendes de medir o tempo em estações, deixai que cada estação abrace todas as outras, E deixai que o hoje abrace o passado com lembrança e o futuro com esperança.”
Khalil Gibran
Entramos no VERÃO☀️, mas ainda assim, durante os meses de JUNHO e JULHO, vamos continuar com o horário matinal que tivemos durante os meses de Primavera🌸, com auto-prática a partir das 6h30, de segunda a sexta-feira e as aulas a começar às 8h00, às segundas, terças, quintas e sextas-feiras. Em AGOSTO, logo veremos qual será o horário mais adaptado ou se será simplesmente mais sensato encerrar o Shala🪷🌿…
Assim, em JUNHO, assentem por favor nas vossas agendas :
No feriado de quinta-feira, 8/06, não haverá aulas, MAS o Shala🪷🌿 estará aberto de manhã, para auto-prática a partir das 6h30.
🪷 ॐ 🪷
Quarta-feira, 21/06 (às 15h59 em Ponta Delgada), tem lugar o Solstício de Verão☀️. Nesse dia, o Sol nasce às 6h21 (com a plena consciência que o Sol nunca deixa de brilhar, não “nasce”, nem se “põe” e que simplesmente brilha constantemente e humildemente cumprindo a sua função segunda a Ordem Cósmica, independentemente de quem vê a sua Luz, de quem sente o seu Calor, de quem está disponível para o acolher ou de quem escolhe ignorá-lo…) e eu estarei no Shala🪷🌿 antes da “bela aurora” e em silêncio, para realizar o ritual dos 108Sūryanamaskāra (सूर्यनमस्कार) com recitação dos 12 mantra (मन्त्र) da Saudação ao Sol☀️ e são bem-vindos todos aqueles que desejem acompanhar-me (não vou explicar nada nesse dia, como fiz em anos precedentes. Se quiserem participar, digam-me e eu explico-vos tudo nos dias que precedem o evento, nesse dia só quebro o silêncio com os mantras! 🙏💜😉🎶). Começarei às 6h15 em ponto, cerca de cinco minutos antes do nascer do Sol☀️. Nesse dia, excepcionalmente e por esta razão, o Shala🪷🌿 não estará disponível para auto-prática.
🪷 ॐ 🪷
Para quem gosta de se organizar com antecedência, informo igualmente que o Padma Yoga Shala🪷🌿 faz 6 anos no Domingo, 2 de JULHO. Ainda sem certezas, é possível que surja a possibilidade de fazermos algum tipo de evento ou celebração nessa manhã de domingo, se isso fizer sentido para vós… Se for o caso, reservem também esta manhã na vossa agenda e, mais perto da data, logo veremos se surge alguma inspiração!
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📷 da nossa querida Ana, mas ela diz que o crédito é todo da
Mãe Natureza!
“A auto-realização é a maior ajuda que podemos dar à humanidade. É por isso que se diz que os santos são benfeitores, mesmo que permaneçam isolados nas florestas. Mas não podemos esquecer que a solitude não existe apenas nas florestas. Ela pode igualmente ser encontrada nas cidades, no meio da agitação do mundo.”
Ramana Maharshi
Com a chegada do Verão☀️ e do calor, toda a nossa energia vital, todo o nosso prāṇa (प्राण), viaja do centro do nosso corpo para a superfície e, por momentos, podemos verdadeiramente senti-lo à flor da pele ou mesmo expandindo-se mais além!
Até um certo ponto, com esta expansão natural e também sazonal da nossa energia vital, podemos sentir-nos mais activos, mais extrovertidos, mais enérgicos, mais voltados para o exterior e animados por uma maior vontade de participar em diversas actividades ao ar livre ou de convívio… Para a maioria das pessoas, o Verão é o momento das férias e/ou do descanso e também a altura ideal para quebrar as rotinas e, inevitavelmente, isso pode manifestar-se igualmente na nossa prática de Yoga, ou pelo menos, na nossa prática de āsana, que fica muitas vezes relegada para segundo, terceiro ou qualquer outro plano menos prioritário, depois da praia, dos passeios, dos convívios ou das jantaradas até horas mais tardias, durante as quais nos autorizamos a cometer certos excessos (dos quais, muitas vezes, acabamos por nos arrepender a médio ou longo prazo!)…
“As doenças não nos chegam do nada. Elas desenvolvem-se a partir de pequenos pecados diários contra a Natureza. Quando pecados suficientes se acumulam, as doenças aparecem subitamente.”
Hipócrates
Paradoxalmente, esta acreção da Luz Solar que acontece por volta do período do Solstício de Verão☀️, que se vai infiltrando através dos nossos olhos, da nossa pele, e nos transforma profundamente, também a um nível celular, pode fazer com que nos sintamos mais cansados, que tenhamos uma maior necessidade de dormir mais e sobretudo, melhor, para nos sentirmos plenamente revigorados ao acordar… É importante que cada um de nós aprenda a escutar as mensagens que nos são transmitidas pelo nosso corpo físico, a respeitar os nossos próprios biorritmos, de acordo com a nossa condição actual e a ajustar as nossas necessidades e prioridades, não só ao nível da nossa prática, mas também da nossa vida pessoal, familiar, profissional ou social, de modo a encontrar uma maior autonomia também no que diz respeito à saúde, se for efectivamente essa a nossa vontade…
“O melhor remédio de todos é ensinar às pessoas como não precisar dele.”
Hipócrates
Esta tendência “sazonal” para a interrupção ou irregularidade da prática não se manifesta da mesma forma para todos, obviamente. É verdade que tudo depende da forma como vivemos a nossa prática, com que objectivo praticamos e, muitas vezes também, da nossa capacidade de memória, que nos permite (ou não!) esquecer como nos sentimos das últimas vezes que interrompemos a nossa prática de āsana durante longos períodos de tempo (ou a nossa prática de Yoga na sua globalidade, descuidando igualmente a prática dos outros membros do Aṣṭāṅgayoga, dos princípios éticos (yama), dos princípios de disciplina pessoal (niyama), da disciplina da respiração (prāṇāyāma), do recolher dos sentidos (pratyāhāra), da concentração (dhāraṇā), ou da meditação (dhyāna), que levam à comunhão espiritual que é o samādhi). É essa memória que nos dá a possibilidade de aprender através da Sabedoriadesenvolvida pela integração das experiências passadas, em vez de sermos obrigados a reviver inúmeras vezes as mesmas experiências, o que acontece quando fazemos a escolha de aprender através do sofrimento… De uma forma ou de outra, o mais importante é continuar disposto a aprender até ser finalmente Livre, seja qual for o caminho a percorrer, libertando o que já não serve o propósito mais elevado da nossa Alma e encarnando Quem Realmente Somos, Aqui e Agora…
“Sem sofrimento, não podes crescer. Sem sofrimento, não podes obter a paz e a alegria que mereces. Por favor, não fujas do sofrimento. Abraça-o e acarinha-o. Vai ter com o Buda (o Buda dentro de todos nós), senta-te com ele e mostra-lhe a tua dor. Ele olhará para ti com bondade amorosa, compaixão e consciência, e mostrar-te-á formas de abraçar o teu sofrimento e de olhar profundamente para ele. Com compreensão e compaixão, serás capaz de curar as feridas do teu coração e as feridas do mundo. O Buda chamou ao sofrimento uma Nobre Verdade, porque o nosso sofrimento tem a capacidade de nos mostrar o caminho para a libertação. Abraça o teu sofrimento e deixa que ele te revele o caminho para a paz.”
Thich Nhat Hahn
📷 da nossa querida Ana, mas ela diz que o crédito é todo da
Mãe Natureza!
As razões para não praticarmos são sempre muitas… Tantas… E aumentam sempre em número e em intensidade em períodos de férias, disso não há dúvida (se bem que outras razões vêm igualmente juntar-se à lista, ao longo do resto do ano, como o excesso de carga horária ou de trabalho, o cansaço, as dores crónicas, nómadas ou passageiras, as alterações radicais na nossa vida e no nosso quotidiano, como uma gravidez, a chegada de um filho, uma nova relação, um luto, uma mudança de casa, de cidade, de país, etc…)! Mas a verdadeira questão é sempre a mesma : “Se eu colocar no prato de uma balança as razões para não praticar e no outro prato aquelas que me levam a fazê-lo, para que lado penderá?”…
🪷 ॐ 🪷
Yogasūtra I. 12
अभ्यासवैराग्याभ्यां तन्निरोधः॥१२॥
abhyāsavairāgyābhyāṁ tannirodhaḥ ॥12॥
« A paragem das agitações mentais obtém-se através da prática constante (perseverante) [do Yoga] e do desapego. »
🪷 ॐ 🪷
Yogasūtra I.14
स तु दीर्घकालनैरन्तर्यसत्कारासेवितो दृढभूमिः॥१४॥
sa tu dīrghakālanairantaryasatkārādarāsevito dṛḍhabhūmiḥ ॥14॥
« Ela [a prática constante] só encontra uma base sólida, se acompanhada de uma duração prolongada, sem interrupções e se for realizada com dedicação e zelo. » 🪷 ॐ 🪷
É no momento em que nos autorizamos a encontrar dentro de nós (porque a Verdade vem sempre de dentro para fora e nunca em sentido inverso, como repito tantas vezes!), a resposta a esta questão (a “nossa” resposta, a que vem da nossa mais autêntica intuição, a que traz a impressão da vontade profunda e sincera da nossa Alma e se exprime através da voz do nosso Coração e não algo que lemos num livro, algo que nos foi dito por alguma autoridade externa, seja um “professor”, um “especialista”, um “guru”, um “manual” ou mesmo um sūtra de Patañjali!!), que muitas vezes encontramos igualmente a verdadeira razão pela qual praticamos e a motivação para o fazer da forma mais adequada à nossa Essência e Natureza (material e divina), assim como às nossas necessidades. E isso, é algo que difere de indivíduo para indivíduo, porque todos somos diferentes…
“Quem tem um ‘porquê’, enfrenta qualquer ‘como’.”
Viktor Frankl
Por exemplo, para mim, existe a mais que óbvia questão do Conhecimento de Si (jñāna ज्ञान)e da Gnose (buddhi बुद्धि), assim como da aspiração à Liberdade (mokṣa मोक्ष) plena e definitiva do ciclo de reencarnações (saṃsāra संसार) e do sofrimento inerente à condição humana (duḥkha दुःख), nestes tempos difíceis e plenos de distorções, em que a nossa Consciência ainda não é verdadeiramente livre. Todas estas razões têm sido suficientemente válidas para que a minha prática se tenha mantido constante e regular durante todos estes anos e também para que a mesma seja realizada com dedicação e zelo, cada dia, sempre adaptada ao momento presente e à minha condição actual.
“Se quer viver uma vida feliz, ligue-a a um objectivo,
não a pessoas ou objectos.”
Albert Einstein
No entanto, porque nem sempre são razões suficientemente “palpáveis” para me servirem de motivação no dia a dia, quando começo a sentir-me submersa pelos constrangimentos da vida quotidiana, basta-me trazer a essência da minha prática a uma questão de “higiene pessoal”, de um ponto de vista físico, psicológico, emocional, espiritual, energético e vibratório, para sair da cama cada manhã e me entregar de Corpo e Alma à disciplina da prática de Aṣṭāṅgayoga. E, substituir na ordem e na lógica do meus pensamentos, assim como nas formulações mentais ou verbais que deles resultam, a prática de qualquer um dos membros do Yoga, por qualquer outra actividade de higiene pessoal que considero indispensável ao quotidiano, como tomar um duche, lavar os dentes ou esvaziar o caixote do lixo… O que rapidamente se transformaria em algo como : “Estou tão cansada, apetece-me tanto ficar a dormir, mas tanto, que hoje vou trabalhar sem lavar os dentes e sem tomar duche…” ou “Estava tão desejosa que chegassem estas férias, já não aguentava tanto constrangimento e tanta rotina! Agora que tenho duas semanas pela frente, só para mim, vou quebrar todos os hábitos e todas as rotinas e, por isso, durante os próximos quinze dias não quero nem sequer pensar em lavar o meu corpo, cuidar da minha mente ou despejar o lixo no contentor!” ou “Tenho tanta coisa para fazer e tão pouco tempo disponível… Acho que vou deixar de lavar os dentes, tomar duche, lavar a loiça e, muito provavelmente, se deixar de ir à casa de banho, também consigo libertar mais algum tempo para o resto…”! Acho que poderia continuar com os exemplos (muito provavelmente ridículos ou cómicos, segundo o vosso ponto de vista! 😉🤣), mas acho que dá para perceber o que funciona para mim (e, muito provavelmente, não funcionará para vós, pois a vossa visão da prática é diferente da minha, mas talvez vos ajude a encontrar aquilo que pode funcionar para vós!)…
“Esta vida é sua. Assuma o poder de escolher o que quer fazer e faça-o bem. Assuma o poder de amar o que quer na vida e ame-o honestamente. Assuma o poder de andar na floresta e fazer parte da natureza. Assuma o poder de controlar a sua própria vida. Mais ninguém pode fazer isso por si. Assuma o poder de tornar a sua vida feliz. Vivemos só para descobrir a beleza. Tudo o resto é uma forma de espera.”
Khalil Gibran
📷 da nossa querida Ana, mas ela diz que o crédito é todo da
Mãe Natureza!
A prática de yama e niyama é indissociável de Quem Eu Sou e, mesmo se alguns destes princípios éticos e de disciplina pessoal são mais difíceis de colocar em prática a cada instante da minha vida e me dão muitas vezes “pano para mangas”, principalmente face às interferências que vêm do exterior, sei que não encontraria alinhamento ao Dharma (धर्म), à Ordem Cósmica, sem eles. Nem sequer imagino a possibilidade de “tirar férias” da sua prática ou de a relegar para o fundo de uma lista de prioridades, porque simplesmente deixaria de poder “funcionar” em sociedade, em comunidade, em família ou mesmo simplesmente na minha relação comigo mesma (já praticando com afinco cada um deles, Deus sabe que não é fácil chegar ao final de cada dia com a minha integridade física ou moral intacta…). Não tenho ainda domínio sobre todos eles, não atingi a sua perfeição, mas é através da sua prática que encontro aos poucos maior maestria sobre mim mesma, sobre o meu corpo físico, mental, emocional e espiritual e que vou aperfeiçoando a minha relação comigo mesma, com os outros, com o mundo que me rodeia, de forma a que a minha presença no mundo seja o mais harmoniosa e pacífica possível. Poderia verdadeiramente tirar férias ou fazer pausas na manutenção desta bússola que me permite navegar através das inevitáveis tempestades que se manifestam em todo e qualquer relacionamento, seja connosco mesmos, com a nossa família, amigos, comunidade ou mesmo em sociedade? E se o fizesse, sentir-me-ia mais feliz? A prática regular e constante dos yama/niyama está directamente ligada à “higiene” e pureza de todas minhas relações.
“Quando eu tinha 5 anos, a minha mãe dizia-me que a felicidade era a chave para a vida. Na escola, perguntaram-me o que eu queria ser quando crescesse. Eu escrevi “feliz”.
Disseram-me que eu não estava a compreender a tarefa, e eu disse-lhes que eles não compreendiam a vida.”
John Lennon
A prática de āsana, que me acompanha há tantos anos de forma constante e regular, é a melhor ferramenta que encontrei para manter a saúde, a força e a flexibilidade do meu corpo físico, para criar as condições necessárias para que a minha Consciência e a minha Alma possam sentir-se “em casa”. “O corpo é o veículo da alma”, dizia Martine, a minha primeira professora de Yoga, “se preferem circular em Renault Clio ou Ferrari, a escolha é exclusivamente vossa!”… 😂 😂 😂 O que acontece com um veículo que não é devidamente cuidado? Até onde nos poderá levar? Chegaremos em segurança ao final da viagem, se não tomarmos as devidas precauções antes e durante o percurso? Se não nos sentimos confortáveis com o facto de circular num veículo em mau estado (ou em segurança!), o que dirá a nossa Alma ou a nossa Consciência, deste veículo que é suposto acolhê-las? A prática de āsana está directamente ligada à “higiene” e à pureza do meu corpo físico.
“Uma verdadeira medicina só pode existir quando penetra num conhecimento que abrange o ser humano em termos de corpo, alma e espírito.”
Rudolf Steiner
A questão torna-se ainda mais evidente, se falar da respiração, tantas vezes inconsciente, tantas vezes difícil para a maioria das pessoas que não sabe propriamente como fazê-la e acha que é suficiente deixá-la acontecer, desde os mais jovens, mas mais particularmente à medida que se vai avançando em idade… Ou da nossa energia vital, do nosso prāṇa… É tão difícil compreender (ou explicar) como manter, cuidar e ainda mais expandir a nossa energia vital, através da respiração, mas também da alimentação (material ou espiritual), das actividades desenvolvidas ao longo do dia, ao longo da vida… Hoje em dia, as pessoas estão tão esfaimadas de energia, tão esgotadas de prāṇa mas, infelizmente, tão resistentes à compreensão, aceitação ou mesmo ao facto de admitir que a gestão da energia pessoal de cada um é da sua única e exclusiva responsabilidade… Cortados do resto do Universo, separados da Natureza, colados atrás de ecrãs de manhã à noite, ecrãs que nos poluem permanentemente de forma visual e auditiva, permanentemente bombardeados com poluição visual ou sonora, colocamos todas as nossas esperanças “naquelas” férias, viagem, jantar, convívio, passeio, relação, etc., para encher de novo as nossas reservas de energia para o ano inteiro…
“Cuide do presente e o futuro cuidará de si próprio.”
Ramana Maharishi
Não é assim que funciona. Nunca é assim que funciona. Tudo o que é efémero, traz resultados igualmente efémeros… Mas a obstinação é grande. A cegueira é imensa. A negação também… E assim continuamos a tentar avançar, cansados, esgotados, sem outra energia que aquela que nos permite sobreviver (e não Viver plenamente!), preferindo a eterna cegueira, ao muito provavelmente passageiro desconforto provocado pelo esforço de sermos efectivamente responsáveis de nós mesmos, das nossas reservas energéticas e da nossa vibração pessoal (que expandimos à nossa volta e toca igualmente toda a vida orgânica que nos rodeia…) e de fazer as mudanças necessárias (muitas vezes pequenas, mesmo se altamente desconfortáveis no início!) para vivermos uma vida com mais Energia ou com uma Vibração mais Elevada… Como poderia pensar em “tirar férias” ou “fazer pausas” destes escassos momentos da minha rotina em que simplesmente paro para respirar de forma consciente e encher as minhas reservas de energia, de forma constante e regular? Será que escolher a cegueira ou a negação face a esta minha responsabilidade pessoal não será, na realidade, escolher avidyā (अविद्या), a ignorância, a primeira causa de sofrimento do ser humano, esta incapacidade de reconhecer o Divino dentro do nosso Coração, a Consciência de Unidade, o facto de todos sermos UM? A prática de prāṇāyāma está directamente ligada à “higiene” e à pureza da minha Energia Vital, da minha Vibração, da Frequência do meu Coração e é a “porta de entrada” para a possibilidade de maestria sobre o meu corpo mental e emocional, através do controlo da minha respiração.
“Se quiser descobrir os segredos do universo, pense em termos de energia, frequência e vibração.”
Nikola Tesla
📷 da nossa querida Ana, mas ela diz que o crédito é todo da
Mãe Natureza!
E o que dizer do quase inexistente recolher dos sentidos(pratyāhāra), no modo de vida contemporâneo? Não há dúvidas que eu sou a primeira a praticar e a recomendar vivamente a prática do quinto membro do Aṣṭāṅgayoga, que serve de “charneira” entre um Yoga Exterior (bahiraṅga, que inclui os quatro primeiros membros, assim como pratyāhāra) e um YogaInterior (antaraṅga, que compreende os últimos três membros, dhāraṇā, a concentração, dhyāna, a meditação e samādhi). Pratyāhāra parece-me uma indispensável ferramenta de sobrevivência neste mundo de tamanhos estímulos sensoriais e distracções permanentes… Durante o tempo da nossa prática pessoal, damos a nós mesmos a possibilidade de voltar para dentro os nossos sentidos e a nossa atenção, permitindo-nos estar, durante uns instantes, em ligação profunda com o nosso corpo, com a nossa respiração, com o batimento do nosso Coração, com a nossa própria Energia. Se escolhemos praticar no Shala🪷🌿, seja durante as aulas ou simplesmente fazendo a nossa auto-prática, para além de nos voltarmos para dentro e de criarmos o nosso próprio espaço pessoal, criamos simultaneamente as condições necessárias para que possa manifestar-se a Consciência de Unidade dentro do espaço, através da Harmonia da Diversidade do grupo e, por isso, manifesto a cada um de vós a minha mais profunda Gratidão! 🙏💜✨)! E, quando fazemos “pausas” na nossa prática pessoal, no nosso sādhana (साधन), qual é o tempo que dedicamos à interiorização e ao silêncio? Qual é a nossa capacidade para recolher os nossos sentidos face ao assalto constante de estímulos externos? Qual é a nossa capacidade para manter a Paz, no meio do caos? Para mim, a prática de pratyāhāra está directamente ligada à “higiene” e à pureza dos meus órgãos dos sentidos e permite-me encontrar um espaço interior de silêncio, de tranquilidade, de solitude, para acolher e processar o que me chega do exterior, para que as acções que resultam, em seguida, desse processo se façam de forma justa e não na precipitação, na impulsividade ou tingidas pelas minhas próprias agitações mentais (vṛtti वृत्ति).
“A solitude situa-se na mente. Um homem pode estar no meio de uma multidão e permanecer sereno. Neste caso, ele está num estado de solitude. Outro homem pode estar sozinho, no meio de uma floresta, mas incapaz de controlar a sua mente; esse homem não se encontra num estado de solitude. A solitude é uma função mental. Um homem apegado aos seus desejos nunca encontrará a solitude onde quer que vá; um homem sem apego está sempre em solitude.”
Ramana Maharshi
E, finalmente, a prática de dhāraṇā, a concentração e dedhyāna, a meditação, está directamente ligada à “higiene” dos meus corpos mais subtis, o corpo mental, o corpo emocional, o corpo espiritual… Quando era miúda, ouvia regularmente dizer que “o silêncio é de ouro!” (e também que “a palavra é de prata”) e é verdade que tenho essa memória de tempos idos em que, mesmo miúdos, passávamos muito tempo em contemplação e simplesmente escutando os sons da Natureza. Talvez já vivesse essa agitação da mente… Talvez o ruído interior fosse já uma constante da qual não tinha verdadeiramente consciência… Mas é certo que não havia tanto “ruído” externo, como nos dias que correm (e não falo apenas do ruído sonoro, mas de todos os tipos de poluição, em geral!)… Também se lembram de como tudo era menos ruidoso, noutros tempos? E se digo “menos ruidoso” em vez de “mais silencioso”, é porque na realidade o que nós fazemos, criamos, manifestamos é o barulho e não o silêncio! O silêncio simplesmente É… Se não criarmos ruído, apenas o silêncio permanece… E se eu “tirar férias” desses momentos quotidianos de observação atenta, de concentração para identificar todo o ruído à minha volta, mas também dentro de mim, da minha própria mente, o que farei com todo esse ruído acumulado, que se vai transformando em lixo sem qualquer utilidade, poeira acumulada sobre a essência cristalina da minha Natureza Divina, Soberana, Livre, Ilimitada, impedindo-a de simplesmente SER? Encontraria algum bom senso no facto de despejar completamente o meu caixote do lixo no meio do chão da minha casa depois de fazer uma limpeza geral? Encontraria alguma lógica em rebolar-me na lama, depois de tomar um duche e de vestir roupas lavadas? Como reconhecer o Ser que Realmente Somos, se não através da eliminação de tudo o que não somos? E como eliminar tudo o que não somos, sem esta maravilhosa ferramenta que é a meditação?
“Quando nos elevamos, através da meditação, àquilo que nos une ao espírito, despertamos em nós algo que é eterno e ilimitado pelo nascimento e pela morte. Uma vez que tenhamos experimentado esta parte eterna em nós, não podemos mais duvidar da sua existência. A meditação é assim o caminho para conhecer e contemplar o centro eterno, indestrutível e essencial do nosso ser.”
Rudolf Steiner
Obviamente, como sempre, de tudo aquilo que vai sendo exposto e que é apenas o fruto da minha própria experiência, compreensão e integrações, sob a forma de afirmações ou de questionamentos, é sensato acolher apenas aquilo que ressoa para nós, aquilo que nos permite avançar de forma autónoma e segura no nosso caminho pessoal de evolução espiritual, através da prática de Yoga ou de qualquer outra forma de Auto-Conhecimento. O objectivo de cada um de nós é encontrar aquilo que funciona para nós, aquilo que se adapta às nossas próprias circunstâncias do momento e aos nossos próprios propósitos e objectivos de Vida. Tudo pode e deve ser adaptado à nossa condição actual e, mesmo se pode ser extremamente útil seguir os ensinamentos de alguém que já percorre este caminho há algum tempo e tem mais experiência na realização de certas técnicas (principalmente quando falamos dos āsana, de forma a poder evoluir, progredir de forma segura e realizar certas posturas que à partida nos possam parecer inalcançáveis ou inacessíveis para nós), o objectivo final deverá sempre encontrar a nossa própria autonomia e a compreensão de nós mesmos enquanto Ser Pleno, Consciente, Holístico, assim como daquilo que verdadeiramente funciona para nós em cada momento da nossa vida!
Um dia virá em que o Shala🪷🌿 deixará de ser uma “escola de Yoga” e será simplesmente um espaço de prática, um local de partilha onde cada um virá apenas porque “quer e gosta” e não porque “precisa” (de ajuda, de indicações, de ajustes, de disciplina, de energia ou simplesmente de compreensão, de empatia, de compaixão…). Enquanto esse dia não chega, enquanto a compreensão e integração da própria prática pessoal de cada um não tiver atingido esse estado de plena autonomia, renovo aqui os meus votos e intenção de me manter ao Serviço do Yogae do Dharma, não só enquanto praticante destes ensinamentosque sinto como divinos, sagrados e ao Serviço da Libertação da Consciência, mas também através da transmissão dos mesmos, enquanto for esse o meu svadharma, enquanto for essa a minha Missão, o meu dever pessoal…
📷 da nossa querida Ana, mas ela diz que o crédito é todo da
Mãe Natureza!
Nestes tempos de mudança de ciclo, nestes tempos de Ascensão, em que tudo se acelera e que as possibilidades de aceder ao potencial mais elevado da nossa Alma se multiplicam a olhos vistos, parece-nos por vezes que já vivemos múltiplas vidas, nesta mesma vida… Por vezes, múltiplas vidas numa década, num ano, num mês, mesmo numa semana… Será sensato não aproveitar esta oportunidade única que nos oferece o Universo? E existirá uma forma mais segura de percorrer este caminho de transmutação, que de encontrar e segurar o fio condutor (sūtraसूत्र) entre todas elas? O que cuida do meu veículo físico? O que faz vibrar o meu Coração? O que anima a minha Alma? A que aspira todo o meu Ser? De que precisa a minha Consciência?
Bhagavadgītā, 2.22 वासांसि जीर्णानि यथा विहाय नवानि गृह्णाति नरोऽपराणि | तथा शरीराणि विहाय जीर्णा न्यन्यानि संयाति नवानि देही || 22|| vāsānsi jīrṇāni yathā vihāya navāni gṛihṇāti naro ’parāṇi tathā śharīrāṇi vihāya jīrṇānya nyāni sanyāti navāni dehī « Assim como uma pessoa adquire uma roupa nova depois de desfazer-se das roupas velhas e usadas, assim também a entidade viva (o Espírito), ou a alma individual, adquire um novo corpo depois de deitar fora o velho corpo. »
Parábola da Lagosta - Rabino Abraham J. Twerski
Se encontrarem as respostas a estas questões, perguntem-se até que ponto é sensato e estão dispostos a colocá-las em pausa, empurrá-las para mais tarde ou tirar férias delas… Se não encontrarem a resposta, por favor, não se deixem desmoralizar. Às vezes, é-nos difícil reconhecer Quem Somos… Nesse caso, vamos continuando a praticar, para simplesmente largar e deixar partir tudo o que não somos, as nossas “roupas usadas”, o que já não nos serve e não nos é benéfico, dia após dia, camada após camada, até que todos os véus de avidyā (अविद्या) sejam completamente retirados e subsista simplesmente a nossa Verdadeira Essência Transparente e Cristalina de Sat-chit-ānanda (सच्चिदानन्द) "Existência, Consciência e Felicidade” e possamos, finalmente, ser LIVRES (mokṣa मोक्ष)…
Yogasūtra I.41
क्षीणवृत्तेरभिजातस्येव मणेर्ग्रहीतृग्रहणग्राह्येषु तत्स्थतदञ्जनतासमापत्तिः॥४१॥
kṣīṇavṛtter abhijātasyeva maṇer grahītṛgrahaṇagrāhyeṣu tatsthatadañjanatā samāpattiḥ ॥41॥
« Encontrando-se reduzidas as flutuações da consciência, o Samāpatti, é o estado em que o espírito transparente, como um pedra preciosa, reflecte de forma uniforme as características “daquele que compreende”, do instrumento de compreensão e do objecto compreendido. »
ॐ भूर्भुवः स्वः । तत्सवितुर्वरेण्यं ।
भर्गो देवस्य धीमहि धियो यो नः प्रचोदयात् ॥
Oṁ bhūr bhuva svāḥ || tat savitur vareṇyam |
bhargo devasya dhīmahi | dhiyo yo naḥ pracodayāt ||
“Oṁ. Contemplemos o esplendor do divino Sol vivificante,[invariavelmente] presente na terra, na atmosfera e no céu. Que ele ilumine a nossa visão.”
Continua aqui o Gāyatrī Mantra! Vão praticando, porque não será pelo Solstício de Verão ☀️, mas talvez pelo aniversário do Padma Yoga Shala🌿🌸, no domingo 2/07, vamos tentar recitá-lo juntos, 108 vezes!! ✨🙏💜
Como sempre, deixo-vos a minha mais profunda e sincera GRATIDÃO pela vossa leitura e atenção e peço-vos que, como de costume, acolham apenas o que ressoa convosco e coloquem de parte tudo o resto!! Com todo o meu AMOR e REVERÊNCIA, desejo-vos coragem, bons questionamentos e boas práticas… Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!
Namaste 🙏💜✨ Rita
ॐ लोकाः समस्ताः सुखिनो भवन्तु
ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः॥
Oṁ lokā samastā sukhino bhavantu
Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ
Oṁ
Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.
Que haja Paz, Paz, Paz.
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