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Outubro/19


Queridos alunos e amigos 🌿,


Em Outubro, encontramo-nos algures entre o final do Verão e o início do Outono, numa fase de transição progressiva, a que os orientais chamam Quinta Estação ou Verão Indiano.


Nesta altura do ano, com o regresso à escola, aos empregos, à rotina, com a chegada dos dias mais curtos e das noites mais longas, com os primeiros sinais da presença do Outono, apesar de podermos ainda sentir-nos embalados pelos dias de sol, pelas temperaturas amenas, pelas idas à praia ou os banhos de mar, surge dentro de nós uma necessidade de reflexão, de balanço entre os meses de Verão que já passaram e os meses de Outono/Inverno que ainda estão para vir. É uma altura do ano em que sentimos (muitas vezes sem saber porquê...) uma certa urgência em encontrar um equilíbrio, um centro, um espaço seguro dentro de nós, que nos ajude a lidar com a dualidade e a impermanência da vida, à qual somos inevitavelmente confrontados através do final do Verão e da chegada do Outono.

No Shala, é a altura em que, finalmente, vemos regressar às aulas a maioria dos alunos que se ausentou durante o Verão, conscientes (ou prestes a tomar consciência) das inúmeras consequências do tempo passado longe do tapete ou do Yoga (consequências no corpo, na respiração, na mente…). É, igualmente, a altura em que chegam os novos alunos à procura de uma vida mais saudável, mais plena, mais consciente.

Quando as intenções de mudança são sinceras, firmes e estão assentes na reflexão profunda que nos proporciona esta época do ano, quer estejamos a iniciar ou a retomar a prática de Yoga, então as decisões tomadas levar-nos-ão, certamente, a transformações duradouras. Progressivas… mas duradouras!

Ao longo dos meses que se seguem, vamos construindo as fundações de uma prática pessoal, construindo o nosso sādhana (साधन), aprendendo a observar e aceitar cada momento e cada detalhe, de nós mesmos, da nossa prática e da nossa vida, aproximando-nos aos poucos de uma certeza inabalável e profunda de que o Yoga, não tira férias! Aliás, o Yoga começa verdadeiramente a fazer sentido, quando nos acompanha a cada instante da nossa vida, dentro e fora do tapete.



Imediatamente abaixo, encontram os horários das aulas em vigor até Julho do próximo ano, para que possam continuar a aprender e consolidar a vossa prática, assim como algumas informações importantes relativamente à logística e ao bom funcionamento do Shala. Depois, para quem tenha disponibilidade e paciência para ler mais um pouco, encontrarão mais abaixo, algumas das razões pelas quais me ouvem (tantas vezes!!) dizer que...


..."o Yoga não tira férias!"



Boas leituras, boas práticas! 🙏🌿💚



HORÁRIOS 2019/2020...


Os actuais horários vão manter-se em vigor até 31/07/2020, com interrupção prevista entre 25/11/2019 e 05/01/2020, altura em que farei a minha viagem anual à Índia, para estudar com Sharath Jois, em Mysore, Índia. Outras interrupções que possam surgir ao longo do ano, essencialmente para que possa manter a minha formação contínua e o meu próprio sādhana, serão anunciadas com o máximo de antecedência possível.

Para já, todos os horários continuarão a ser limitados a um número máximo de 12 alunos. Alguns horários já atingiram a lotação máxima proposta e estão, até que ocorra alguma desistência, encerrados a novas inscrições. Continuo a relembrar que a possibilidade de alternar entre horários será também, sempre que possível, limitada a quem trabalhe por turnos e precise de maior liberdade para poder manter a prática. A intenção é manter o bom funcionamento das aulas e a qualidade das mesmas, tanto para os alunos que já frequentam o espaço, como para os que tenham a intenção de se inscrever no futuro. Muito grata pela vossa compreensão.



 

O Padma Yoga Shala🌿...

...estará encerrado de :



25 de NOVEMBRO de 2019

a

5 de JANEIRO de 2020

altura em que volto a viajar para a Índia, para estudar com os meus professores em Mysore (Índia), continuar a minha formação pessoal e perceber melhor de que forma posso continuar a servir esta Tradição e partilhar a minha experiência na via do Yoga. Muito grata pela vossa compreensão!



 

DIAS de LUA...




Este mês, teremos:

Lua Cheia 🌕 no domingo, 13/10;

Lua Nova 🌑, na segunda-feira, 28/10.


Como sabem, não há aulas no Padma Yoga Shala🌿 nestes dois dias, mas na segunda-feira, 28/10, dia de Lua Nova 🌑,  haverá um Satsaṅga , entre as 18h00 e as 19h30, caso haja um mínimo de 5 inscrições prévias ([saṅga] m. associação com o bem ; boa companhia ; assembleia para fins espirituais | soc. proximidade do mestre [guru], “Dictionnaire Héritage du Sanscrit de Monnier-Williams”).

Este será um espaço e momento para falarmos de Yoga, para colocarem questões, para meditarmos. Caso se reúna um número mínimo de interessados, este evento será aberto a todos os interessados, quer sejam ou não, alunos do Padma Yoga Shala🌿. Não são necessários quaisquer conhecimentos sobre Yoga, para estar presente. O coração aberto e uma sincera vontade de se conhecer a si mesmo, são os únicos requisitos para participar num Satsaṅga.


 




 

Yogasūtra I. 12

अभ्यासवैराग्याभ्यां तन्निरोधः॥१२॥ abhyāsa-vairāgya-ābhyāṁ tan-nirodhaḥ ॥12

«A paragem das agitações mentais obtém-se através da prática constante (perseverante) [do Yoga] e do desapego».


 

Yogasūtra I.14

स तु दीर्घकालनैरन्तर्यसत्कारासेवितो दृढभूमिः॥१४॥ sa tu dīrghakāla nairantarya satkāra-ādara-āsevito dṛḍhabhūmiḥ ॥14॥

«Ela [a prática constante] só encontra uma base sólida, se acompanhada de uma duração prolongada, sem interrupções e se for realizada com dedicação e zelo».


 

Estes dois sūtras de Patañjali, estão na base do que tento transmitir-vos no início e final de cada Verão (ou qualquer outra época associada a férias, a viagens, a prazer ou diversão). “O Yoga não tira férias!”, digo-vos tantas vezes... “Se, quando vamos de férias, não deixamos de nos alimentar, de dormir, de tomar duche ou de lavar os dentes, de nos vestir, então porque deixaríamos de praticar Yoga?”, digo-vos eu.


Eu digo. Continuarei a dizer. Nunca deixarei de insistir nesta regularidade, na constância, na estabilidade da prática. Mas faço-o plenamente consciente que, na realidade, pouco importa o que digo. Porque esta certeza inabalável de que o Yoga não tira férias (como aliás tudo no Yoga), nunca é o resultado de uma informação exterior, mas algo que brota de dentro de cada um de nós. No final, nunca tem a ver com algo que eu vos diga, faça ou inspire. A experiência será sempre vossa, será algo que têm que sentir, algo que vem de dentro para fora, com o tempo, com a prática…


Quando começamos a praticar Yoga, nós “vamos ao Yoga”, “fazemos Yoga” ou “sentimo-nos bem com o Yoga”. Com o tempo e a dedicação à prática, com a regularidade da mesma, começamos a perceber que o Yoga não é um simples exercício físico ou uma prática de bem-estar. O Yoga surge-nos então como um sādhana, uma prática espiritual, que envolve corpo, respiração e mente, uma prática que nos leva, aos poucos, ao conhecimento de nós mesmos, da nossa verdadeira essência. É a partir daí que percebemos que o Yoga não é simplesmente algo que fazemos, um sítio aonde vamos, ou uma actividade que nos faz sentir bem. O Yoga é algo que SOMOS. Uma prática, um caminho, um objectivo, um resultado. Tudo isto junto e ao mesmo tempo, dentro e fora do tapete, muito além do āsana, o Yoga começa a ser vivido na sua integralidade, todos os seus membros revelando o mesmo valor, a mesma importância, a mesma necessidade de serem praticados e aperfeiçoados.


Para quem já pratica há vários anos ou mesmo décadas, para quem fez do Yoga o seu caminho de auto-conhecimento, tudo isto já se revelou como sendo evidente. Para quem está a começar ou para quem vive o Yoga como uma simples actividade física ou de bem-estar, (ainda) sem qualquer intenção de a viver como uma prática espiritual, então obviamente, tudo isto pode parecer um pouco excessivo ou pouco importante, comparado a tantas outras coisas que consideramos prioritárias. Está tudo bem. Seja qual for o papel que o Yoga tem na vossa vida neste momento, esse é o papel que é suposto ter, para já. Se tiver que ser, ele evoluirá para algo diferente e deixará de “tirar férias”. Mas se não tiver que ser, também está tudo bem! Cada um de nós, tem o seu próprio caminho para percorrer!



Yogasūtra I, 30


व्याधिस्त्यानसंशयप्रमादालस्याविरतिभ्रान्तिदर्शनालब्धभूमिकत्वानवस्थितत्वानि चित्तविक्षेपास्तेऽन्तरायाः॥३०॥

vyādhi-styāna-samshaya-pramādālasyā-virati-bhrānti-darshanālabdhabhūmikatvāna-vasthitatvāni chitta-vikshepās te ’ntarāyāh


«Doença, inércia mental, dúvida, precipitação, apatia, intemperança, erro de julgamento sobre si, falta de progresso, regressão são os obstáculos, causa de dispersão mental.»


 

Yogasūtra I, 31


दुःखदौर्मनस्याङ्गमेजयत्वश्वासप्रश्वासा विक्षेपसहभुवः॥३१॥

duḥkadaurmanasyāṅgamejayatvaśvāsapraśvāsā vikṣepasahabhuvaḥ

 

«Sofrimento, depressão mental, agitação física, inspiração e expiração [desordenadas] acompanham a dispersão mental.»


 

Patañjali enumera no Yogasūtra, I,30, nove obstáculos à obtenção do samādhi (último membro do Yoga, a última etapa para alcançar a liberdade e o reconhecimento da nossa verdadeira essência) e no sūtra seguinte, os respectivos sintomas gerados por esses obstáculos. Depois, nos sūtras seguintes, vai apresentando as soluções para eliminar esses mesmos obstáculos, nunca através de fórmulas mágicas ou soluções milagrosas, mas simplesmente pela preconização de uma prática constante, por longos períodos de tempo, sem interrupções, com dedicação e zelo…


Ao mencionar estes obstáculos, Patañjali refere o nível de obtenção do samādhi, no entanto, logo na primeira leitura, torna-se óbvio que podem surgir em qualquer outra etapa do Yoga, que na grande maioria das vezes, somos confrontados a eles desde o primeiro instante de prática. Mas acima de tudo, é bastante óbvio que não são apenas obstáculos à obtenção do samādhi, são igualmente obstáculos na obtenção de uma vida de qualidade, de uma vida saudável, plena, consciente, feliz. A cada instante, a vida oferece-nos a possibilidade de observar e identificar estes nove obstáculos e os seus respectivos sintomas, a prática de Yogafornece-nos as ferramentas necessárias para os ultrapassar.


Quando olhamos para o Yoga segundo esta perspectiva, então ele revela-se não como uma parte integrante da nossa vida, mas como a própria VIDA.


A forma como cada indivíduo lida com os obstáculos (ou podemos mesmo dizer como os cria...) vai essencialmente depender das suas características de base, da sua natureza, da sua personalidade, para além dos eventuais factores externos. Apesar de Patañjali apresentar primeiro os obstáculos causadores de dispersão mental e em seguida os sintomas que os acompanham, não nos devemos esquecer que a leitura dos sūtra nunca deve ser efectuada de forma linear e este caso é um excelente exemplo disso. Muitas vezes pode ser mais fácil identificar um sintoma, que um obstáculo propriamente dito. Assim, ao reconhecer em nós a presença de certos sintomas da dispersão mental, podemos fazer o caminho em sentido inverso e tentar descobrir a causa desses sintomas, chegando ao obstáculo e fazendo o necessário para o ultrapassar, alcançando assim uma maior estabilidade na nossa prática de Yoga, mas acima de tudo, alcançando uma maior harmonia e equilíbrio na nossa vida. 

Esta é a razão pela qual eu pratico cada um dos membros do Yoga, dia após dia, dentro e fora do tapete. Cada dia, sem interrupções, pois cada dia, um obstáculo (ou mais!) manifesta-se de forma mais ou menos intensa. Alguns manifestam-se menos agora, que há quinze anos, quando comecei a praticar. Outros, continuam a dar -me tanto trabalho como no primeiro dia. A única certeza é que a prática constante, ao longo dos anos, sem interrupções e realizada com dedicação e zelo, apesar de não ter ainda removido todos os obstáculos, tem-me dado as ferramentas necessárias para que, cada dia, possa concentrar-me, observar, detectar estes sintomas, tentar reconhecer e identificar os obstáculos que estão na sua origem, trazê-los à luz e, finalmente, trabalhar no sentido da sua eliminação.

Agora digam-me uma coisa… Os vossos obstáculos tiram férias? Os sintomas, manifestação desses obstáculos, tiram férias? A vossa respiração, tira férias? A vossa dispersão mental, tira férias? E a vossa vida, ela também tira férias? Então, mas porque raio haveria de tirar férias, a vossa prática de Yoga??!!! 


 

“Assim te revelei a sabedoria mais secreta que o próprio segredo! Reflecte com vagar sobre ela e depois procede como desejares!”

Bhagavad-gītā, Canto XVIII, 63


 

Apesar de os professores do meu 💚 se encontrarem do outro lado do planeta, gostaria de manifestar a minha gratidão a todos aqueles que, quer no papel de professores, quer de alunos, ao longo do meu percurso no Yoga, continuam a ajudar-me a voltar para dentro o meu olhar, a questionar-me e avaliar-me enquanto aluna, praticante e professora. A todos os que, ao longo dos anos, através de ideias, críticas ou elogios, me foram servindo de reflexo, me lançaram desafios e, ao mesmo tempo, me deram força para continuar a praticar, a desconstruir crenças e condicionamentos e a procurar a minha verdadeira essência, muito obrigada! A todos aqueles que, apesar dos inúmeros obstáculos, na vida, como no Yoga, me dão incentivos e coragem para nunca desistir, quero que saibam que, sem a vossa presença, nada disto seria possível! Muito grata!


 

Bons questionamentos, boas práticas! Namaste, Rita 🙏🌿💚



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