Queridos alunos e amigos,
Neste mês em que o Padma Yoga Shala🌱 celebra o seu terceiro aniversário 🙏💚, continuamos esta nova etapa, dando o nosso melhor e adaptando-nos tanto quanto possível às limitações que nos foram impostas pelo Governo, em contexto de Covid-19. As aulas vão continuar a ser presenciais, online e ao ar livre durante os fins de semana, sempre que as condições climatéricas assim o permitam.
No domingo, 05/06/07, teremos a nossa primeira aula ao ar livre do mês e, nesse dia de Lua Cheia 🌕, aproveitaremos para celebrar igualmente este aniversário, que é de todos os que se sentem em casa, no Padma Yoga Shala🌿.
O Shala continua a estar encerrado nos dias de Lua Cheia 🌕 e Lua Nova 🌑. Este mês, apenas a LUA NOVA ocorre em dia útil, na segunda-feira, 20/07/2020. Como já vinha sendo habitual em dia de Lua Nova (antes de ficarmos todos fechados em casa…), apesar de não haver aulas presenciais, faremos um Satsaṅga ao final do dia (agora online, através da plataforma ZOOM), desde que haja um mínimo de 5 pessoas interessadas em participar.
Boas práticas!
(Para quem gosta de ler, a Newsletter continua mais abaixo…)
Quando cheguei à Ilha de São Miguel, no dia 1 de Julho de 2014, trazia no coração a intenção de viver uma vida mais equilibrada e tranquila, mais em comunhão com a Natureza (e mais especificamente, com o Oceano), mais consciente do momento presente e em acordo com dois princípios essenciais para quem optou pela via do Yoga e do auto-conhecimento, o Dharma e o Karma.
“Decidi ser feliz,
porque é bom para a saúde.”
Voltaire
Dentro do meu 💚, trazia também a intenção de abrir um Shala, assim que os meus filhos fossem um pouco maiores e mais autónomos e eu tivesse maior disponibilidade de tempo! Durante algum tempo, essa intenção de abrir o “meu” espaço de Yoga onde pudesse ensinar de forma tradicional e respeitando a globalidade desta tradição milenar, tal como me foi transmitida pelos meus professores, ficou latente, dispersa, camuflada por outros interesses, prioridades, confortos… Até que o Universo achou que já bastava de procrastinação e me retirou brutalmente da minha zona de conforto, relembrando-me essa primeira intenção e empurrando-me de volta para aquele que era o caminho que tinha para percorrer! Evitamos e fugimos muitas vezes do desconforto, das dificuldades, do medo, da dor e do desconhecido, mas a verdade é que, se não tivesse sido confrontada a todos estes “ingredientes”, de forma muito intensa e crua, se não os tivesse plenamente aceite e integrado no meu ser, muito provavelmente o Padma Yoga Shala🌿 não teria aberto as suas portas no dia 2 de Julho de 2017… Sem essa mesma aceitação e integração face ao desconhecido e ao desconfortável, muito provavelmente, o Padma Yoga Shala🌿 também não teria sobrevivido à crise que temos vindo a viver nos últimos meses, em contexto de Covid-19…
“Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.”
Cecília Meireles
Graças também a todos vocês, que foram passando pelo Shala ou que decidiram manter-se sempre presentes em todos os momentos (já se sabe… nem bons, nem ruins!), celebramos este mês o seu TERCEIRO aniversário! Muito grata a todos os que nunca deixaram de acreditar que fazia sentido continuar a explorar a via do Yoga na minha companhia, mesmo que em formato diferente, com todas as restrições ou alterações (temporárias ou definitivas)! A todos aqueles que celebram comigo o aniversário deste espaço, longe ou perto, porque o sentem como sendo igualmente vosso, a minha imensa gratidão! Porque, muito mais importante que celebrar mais um aniversário, é continuar a viver e celebrar cada dia, cada instante e o momento presente, com uma mente de principiante e todo o seu potencial de constante recomeço! 🌱🙏💚
“Se sua mente está vazia, está sempre pronta para qualquer coisa, está aberta para tudo. Na mente do iniciante, existem muitas possibilidades, mas na mente do especialista, há poucas.”
Shunryu Suzuki
No mundo do Yoga (e não só, várias são as tradições orientais que o afirmam igualmente), dir-se-ia que este “empurrão” que o Universo me deu para que saísse da minha zona de conforto, e que acabou por dar origem ao Padma Yoga Shala🌿, foi uma questão de karman! Eu, pessoalmente, não tenho qualquer dúvida sobre isso.
Segundo este conceito (muito falado hoje em dia, mas nem sempre bem compreendido e por vezes inadequadamente confundido com a noção de “punição”), cada acção é portadora de consequências e essas consequências vão surgindo ao longo das múltiplas reencarnações em cada ciclo cósmico. Assim, segundo esta lei, a condição actual de cada indivíduo é determinada com base nas suas acções passadas, nos actos cometidos nesta e em todas as existências precedentes durante o mesmo ciclo cósmico. Da mesma forma, todas as suas acções presentes vão determinar as condições do resto da sua vida, mas também de todas as suas encarnações futuras, já que as consequências dos actos cometidos ao longo de uma encarnação não se produzem necessariamente durante essa mesma existência. A única certeza para quem crê nesta lei do karman, é que mais tarde ou mais cedo, nesta ou noutra vida, será confrontado às consequências das suas acções passadas. O que nos leva a reflectir de forma profunda, quando decidimos enveredar por esta via, sobre qual é verdadeiramente a melhor forma de agir, em toda e qualquer situação…
“Acção certa é a que resulta do conhecimento de nós mesmos, não de uma parte de nós, mas toda a nossa essência, as nossas naturezas contraditórias, tudo o que somos.”
Jiddu Krishnamurti
Quando iniciei a formação de Professores de Yoga, em 2008, depois de vários anos apenas como praticante, não tinha qualquer intenção de vir a dar aulas. De natureza curiosa e com uma imensa sede de aprender, queria “apenas” saber mais, aprender tanto quanto possível sobre todos os aspectos do Yoga e não tinha qualquer problema em afirmá-lo regularmente aos meus colegas e professores. Um dia, num exame da disciplina de Prāṇāyāma, com a extraordinária professora Clotilde Ferreira (que na altura, já estava próxima dos seus 90 anos e há mais de 40 anos que dava várias aulas por dia, uma verdadeira inspiração!🙌), lá voltei eu a dizê-lo, ao que ela me respondeu simplesmente que não se tratava do que eu “queria”, mas do que “já era”! “Tu já és professora de Yoga!”, disse-me no seu já habitual tom firme e assertivo. Eu ainda não dava aulas de Yoga, mas ela tinha razão, obviamente! Eu ainda não o sabia, mas ela, depois de uma vida inteira de prática e ensino de Yoga, já o tinha visto claramente!! 😊
Como tempo e a prática, fui aprendendo a não resistir ao que “já é” e a aceitar que o karman simplesmente acontece. À medida que ia trabalhando essa “não-resistência”, que ia trazendo luz sobre a minha voz interior, a intuição e a consciência, que ia aprendendo a abrir mão da necessidade de controlo sobre os eventos da vida (e também da prisão e do sofrimento que essa ilusão de domínio criam dentro de nós) e aceitando o que “já é”, o caminho foi-se tornando cada vez mais claro, mais sabiamente delineado pelo Universo, mais inevitável! E, conhecendo o caminho a percorrer, conhecendo o meu svadharma, com muita prática (ainda é uma prática de cada instante e há dias bem difíceis!), foi-se tornando mais fácil começar a agir de forma consciente, em vez de reagir…
“O cumprimento dos teus próprios deveres, mesmo que sejam modestos, é melhor que o cumprimento dos deveres alheios, mesmo que sejam os mais elevados. É melhor terminar a encarnação cumprindo o teu próprio dharma! O dharma alheio está cheio de perigo!”
Bhagavad-Gītā, III, 35
E assim, ao longo dos anos, mesmo face às inúmeras dificuldades e crises pessoais ou globais (como a que estamos a viver actualmente e cujas consequências a nível mundial ainda estamos longe de compreender na sua totalidade) e apesar dos inúmeros ajustes e adaptações que as mesmas implicam, o caminho do Yoga continuou a fazer todo o sentido, tanto fora do Padma Yoga Shala🌿, enquanto aluna, praticante e acima de tudo, aspirante ao conhecimento de mim mesma, à consciência e à liberdade, como dentro do Padma Yoga Shala🌿, através da partilha dos ensinamentos que me foram transmitidos pelos meus professores e que espero que inspirem igualmente em vós, essa mesma vontade de auto-conhecimento, de liberdade, de consciência. Mais do que um caminho de novas aprendizagens, o Yoga ajuda-nos a “desaprender” tudo o que pensamos conhecer sobre nós mesmos, a libertarmo-nos dos nossos medos, apegos, repulsas e condicionamentos, para que possamos finalmente reconhecer a nossa verdadeira essência! E esse é, sem dúvida, um caminho de coragem e desapego, para o qual nem sempre estamos disponíveis, a cada instante da nossa vida…
“Antes de curar alguém, pergunta-lhe se está disposto a desistir das coisas
que o fizeram adoecer.”
Hipócrates
Nestes tempos insólitos, em contexto de Covid-19 e com todas as consequências que isso está a trazer à vida de toda e qualquer pessoa, em toda e qualquer parte do planeta, é preciso confiar plenamente na sabedoria infinita da lei do Dharma e do Karman, nestas leis de coesão do Universo e de Īśvara, que continuam a sustentar-nos, apesar de tudo poder parecer-nos tão confuso e singular. É preciso agir, em vez de reagir. Mas acima de tudo, é preciso não esquecer que há coisas que “já são”, mesmo que ainda não o saibamos e, por essa razão, é tão importante “fazer”, como “deixar acontecer”. O primeiro ano de vida do Padma Yoga Shala🌿, foi um ano de construção. O segundo ano foi um ano de expansão. O terceiro ano, tinha previsto que seria um ano de estabilização, mas o Universo decidiu que seria “à sua maneira” e, no final, também está bem assim... Assim sendo, à medida que se inicia mais uma volta ao sol no Padma Yoga Shala🌿, afasto definitivamente previsões e expectativas e, dando o melhor de mim mesma, procurando a acção correcta em acordo com o dharma e o karman, coloco a intenção de agir, mas sem apego aos frutos das minhas acções, como transmitido por Kṛṣṇa a Arjuna, na Bhagavad-Gītā, sabendo que toda e qualquer acção correcta, nunca será uma acção perdida!
“Com a morte, não se perde nada daquilo que a alma adquiriu. As experiências que o homem fez nas vidas passadas, tornam-se instintos e incitam-no ao progresso, até inconscientemente. Mesmo quem só tivesse desejado conhecer Yoga, recupera esse desejo, e com o decorrer do tempo transcende os liames da matéria.”
Bhagavad-Gītā, VI, 44
Continuar a agir, mas com a plena consciência que não sou a professora de Yoga ideal para todos os alunos, que nunca poderei agradar a todos, ser escutada por todos, tocar todos os corações ou inspirar todas as consciências. Continuar este caminho de partilha, sabendo que não depende que mim a libertação dos obstáculos que impedem que cada aluno possa reconhecer que JÁ É a felicidade que tantas vezes procura nos outros, nas situações, nas experiências mundanas. Continuar a relembrar que não há nada a alcançar, que basta apenas SER. Porque na realidade, não depende e nunca dependerá de mim e está tudo bem assim, já que não é esse o meu dharma. O verdadeiro professor É e SERÁ sempre o Yoga, que independentemente de tudo o que eu possa dizer ou fazer, fará o seu caminho de dentro para fora, no seu próprio tempo, surgindo no vosso centro, para vos revelar que “já são” a verdade, a consciência e a felicidade que procuram fora de vós! Não importa quanto tempo demoramos a percorrer este caminho extraordinário que é o Yoga, porque no final, o Yoga não é apenas o caminho percorrido, mas também o reconhecimento de que “já somos” à medida que o vamos percorrendo…
“O eterno em você está ciente da intemporalidade da vida. E sabe que ontem é apenas a memória de hoje
e amanhã é o sonho de hoje.”
Khalil Gibran
ॐ लोकाः समस्ताः सुखिनो भवन्तु⎜ ॐ शान्तिःशान्तिःशान्तिः⎜⎟ Oṃ
Oṁ lokā samastā sukhino bhavantu
Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ
Hariḥ Oṁ Oṃ
Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.
Que haja Paz, Paz, Paz.
Obrigada por me lerem… Com todo o meu amor e carinho, desejo-vos coragem, bons questionamentos (hoje e sempre) e boas práticas… Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!
Namaste, 🙏💚🌿 Rita
Comments