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Setembro/20...


Queridos alunos e amigos,

Em Setembro, teremos aulas de Yoga presenciais e aulas de Filosofia do Yoga online (encontram o horário para Setembro abaixo).

O Padma Yoga Shala🌿 estará encerrado no dia de LUA NOVA 🌑, quinta-feira, 17/09/2020 como habitualmente nos dias de lua, assim como na sexta-feira, 18/09/2020 (excepcionalmente e para descanso) MAS no dia de LUA CHEIA 🌕, quarta-feira, 02/09/2020, teremos a nossa aula de Textos Sagrados ONLINE, ao final do dia. 

Abaixo encontram o horário actualizado para o mês de Setembro.

Boas práticas! Namaste 🙏💚🌱

(Para quem faz sentido, a Newsletter continua mais abaixo…)



 


“Para gerar um mundo diferente, se estivermos realmente empenhados, a qualidade da bondade tem de tomar forma.”

Jiddu Krishnamurti

São bastante estranhos, estes tempos que vivemos. No início era o medo. O medo da doença e da morte para alguns, o medo das dificuldades financeiras e da insegurança, para outros, o medo do desconhecido e da incerteza, para todos. E a população mundial foi-se deixando fragmentar, cada vez mais, a cada dia que passou, pelas imagens transmitidas pelos meios de comunicação social e a (des?)informação, assim como pelo esforço físico, psíquico e emocional usado para desenvolver o “jogo de cintura” necessário ao equilíbrio e à coordenação das esferas pessoal, familiar, profissional e mesmo espiritual, durante o aperto de um confinamento forçado…

Para alguns foi mais suportável, já que as condições prévias ao evento eram mais favoráveis à tranquilidade e à estabilidade, permitindo-lhes assim encontrar menos dificuldades. Não quero com isto dizer que tenha sido fácil, obviamente! Cada pessoa teve que gerir a angústia existencial gerada, por momentos, pela privação de liberdade, pela incerteza do futuro e o eventual medo da morte e/ou da doença.

Para outros, foi (e para alguns ainda é!) bastante mais complicado. Tantas pessoas sem salários fixos, com negócios e outras pessoas a cargo, com filhos pequenos e muitas vezes sem condições para levar a escola até casa, com despesas fixas que se tornaram em dívidas por vezes imensas e que vão demorar anos a abater, com doenças, diagnósticos ou tratamentos pendentes, com medo de sair à rua, de ir ao hospital, de ter um teste positivo, de ficar impossibilitados de trabalhar e sustentar as suas famílias, outras ainda confrontadas a vícios ou à violência doméstica, etc, etc, etc… Os efeitos ainda se estão a fazer sentir e creio que vão continuar a fazer-se sentir durante muito tempo, até que haja uma tomada de consciência individual e colectiva sobre a amplitude desta questão e uma vontade de TODOS para reparar os danos!

“A Paz não cabe ao político, nem tão pouco ao advogado ou ao político. A Paz é um estado de espírito quando há AMOR.”

Jiddu Krishnamurti


Neste momento, a maioria das pessoas encontra-se ainda enredada num estado de fragilidade e vulnerabilidade, que continua a ser alimentado pelos meios de comunicação oficiais e as “autoridades” sanitárias, o que as impede de sentir, pensar e agir de acordo com a sua essência e a sua intuição profunda, de forma a exercer a sua autonomia, para que a sua participação enquanto ser humano habitando este planeta, seja efectivamente activa e responsável e tenha um impacto positivo no presente e no futuro. Tenho confiança que, com coragem e determinação, cada um de nós possa recuperar o seu poder interior, libertar-se do medo e do ego, voltar a enraizar-se na sabedoria da sua alma e no amor pela Verdade.

Tem sido difícil encontrar os temas e as palavras certas para, sem ferir susceptibilidades e sem perder a ligação a ahimsā e a satya (a não-violência e a verdade, que são os dois primeiros Yama), continuar a partilhar convosco as minhas reflexões profundas sobre o contexto actual, inspiradas pelos ensinamentos do Yoga e pelas dúvidas e questões suscitadas pelos alunos do Shala, amigos ou conhecidos… 

Nas primeiras Reflexões Esporádicas (publicadas no início do confinamento), tendo em conta os imensos vṛtti (flutuações mentais ou agitações existenciais) que estavam a ser provocados pelo medo e incerteza propagados pelos meios de comunicação social, senti que era importante não os acentuar, juntando a eles a minha opinião pessoal sobre tudo o que estava a acontecer à nossa volta e limitei-me a partilhar essas mesmas opiniões e intenções nas aulas online, como exemplos práticos da aplicação da Filosofia do Yoga, que aproveitámos para estudar, já que não nos podíamos reunir pessoalmente para a prática de āsana.


 

Yogasūtra I.7

प्रत्यक्षानुमानागमाः प्रमाणानि॥७॥

pratyakṣānumānāgamāḥ pramāṇāni ॥7॥


«Os diferentes tipos de conhecimento correcto são baseados na percepção sensorial, a dedução lógica justa e o testemunho [fidedigno]».

Yogasūtra I.8

विपर्ययो मिथ्याज्ञानमतद्रूपप्रतिष्ठम्॥८॥

viparyayo mithyājñānam atadrūpapratiṣṭham ॥8॥


«O erro é um conhecimento incorrecto baseado numa interpretação inexacta da realidade».

Yogasūtra I.9

शब्दज्ञानानुपाती वस्तुशून्यो विकल्पः॥९॥

śabdajñānānupātī vastuśūnyo vikalpaḥ ॥9॥


«A imaginação é um conhecimento formado por palavras [que são] vazias de objectos ».

 

Tenho plena consciência que, em situações de crise ou angústia existencial, como a que temos vivido nos últimos meses (e espero que não se tenham deixado enganar pela sensação de “férias”, “Agosto”, “praia” ou mesmo “cervejinhas e tremoços”, porque tudo se encontra apenas num estado latente e muito provavelmente regressará à superfície, quando recomeçarem as aulas e voltarmos novamente às dúvidas e incertezas…), só quando finalmente conseguimos diminuir essas “agitações” e cultivar a nossa serenidade mental mesmo face às adversidades, é que podemos então libertar-nos do domínio e da influência dos kleśa, encontrar novamente o caminho até pramāṇa (o conhecimento correcto), em oposição a viparyaya (o conhecimento errado) ou mesmo vikalpa (a imaginação), e fazer face à origem dessa mesma crise que desencadeou (e continua a desencadear, infelizmente) tantos medos e aflições. Assim, ao longo dos meses, em vez de falar abertamente sobre o vírus e as inúmeras medidas tomadas pelo governos e as autoridades sanitárias neste contexto, optei por procurar recursos e ferramentas dentro da filosofia e da prática do Yoga que pudesse transmitir-vos, para que pudessem  auxiliar-vos (se assim o desejassem e escolhessem utilizá-los) a avançar na direcção desse conhecimento correcto sobre vós mesmos e sobre a situação actual. 

“Não há dúvida que o outro também pode pensar por mim. Porém, não é conveniente que ele assim o faça de modo a excluir a capacidade de pensar por mim próprio.”

Henri-David Thoreau



No entanto, neste momento, sinto que esta abordagem envolvente em que as mais diversas interpretações das palavras que escrevo podem coabitar, graças à flexibilidade intencional que lhes imprimo à medida que fluem de mim, já não se encontra em alinhamento com a minha consciência e, consequentemente, já não se encontra adaptada ao momento presente. A cada dia que passa, verifico que o direito à liberdade de procurar, exprimir ou colocar em prática um conhecimento correcto (pramāṇa), com base na experiência directa, na dedução lógica justa ou no testemunho válido e fidedigno tem vindo a desvanecer, face à censura e à desinformação e isso é algo que prefiro não consentir, pois só assim posso continuar a sentir-me alinhada com aquela que é a finalidade do Yoga, ou seja, a remoção dos véus da ignorância, que nos impedem de reconhecer QUEM realmente SOMOS! 

Cada um de vós tem, obviamente, a liberdade de escolher se quer ou não continuar a leitura da mesma e o direito de discordar de tudo o que digo, como sempre até agora. A liberdade é o objectivo final do Yoga (mokṣa, a Libertação) e, mesmo se essa liberdade de que nos fala o Yoga, é uma “liberdade interior”, tenho a certeza que nenhum de vós discordará, que não é por essa razão (ou qualquer outra!), que devemos abrir mão da nossa “liberdade exterior”, do nosso direito a exercer o nosso livre-arbítrio ou de decidir e escolher de forma informada e consciente, o que consideramos ser o melhor para nós, encontrando assim a paz interior, mesmo no meio da tempestade. 

O direito ao acesso a todos os dados e informações válidas sobre qualquer situação, que nos permitam fazer uma análise racional da mesma (seja pessoal e/ou colectiva), para em seguida podermos emitir uma opinião ou realizar uma escolha consciente (mais uma vez, pessoal e/ou colectiva), com base no nosso livre-arbítrio, é um direito humano e não deveríamos ter receio de reclamar esse mesmo direito.

“E, se uma pessoa diz: « Sou contra a ordem estabelecida, porque ela é desordem! », essa pessoa é marginalizada; por isso tem-se medo, e aceita-se…”

Jiddu Krishnamurti

 

A pessoa que vos escreve hoje, não é diferente da que vos escreveu até agora. As bases de questionamento, de reflexão, de discernimento e de conhecimento são exactamente as mesmas. Sempre que vos falei de Yoga, falei-vos igualmente de Verdade, de Conhecimento, de Liberdade, de Amor. Sempre vos disse que o Yoganão era diferente da Vida. E também sempre vos disse que o mais importante no Yoga, não era o facto de conseguir colocar o pé atrás da cabeça, mas sim reconhecer a nossa verdadeira essência (pelo desenvolvimento da nossa capacidade de discernimento), libertar-nos do sofrimento inerente à condição humana e alcançar, através dessa Verdade e dessa Consciência, uma maior harmonia na relação que temos connosco mesmos, com os outros e com o mundo que nos rodeia. Sempre vos disse igualmente que cada um tinha o seu próprio ritmo para que se revelasse o conhecimento de si mesmo, do seu corpo (através do āsana), da sua respiração e da sua energia vital (através do prāṇāyāma) e da sua mente (através de dhyāna, a meditação), não sendo benéfico forçar ou apressar esse processo, pelo que devemos sempre respeitá-lo e evoluir em harmonia com ele. Esta foi a principal razão pela qual sempre tive o maior cuidado em escolher os temas abordados e as palavras utilizadas para exprimir estas reflexões profundas desde o início, mas com especial atenção desde o mês de Março, de forma a transmitir uma base de auto-questionamento, mas sem perturbar o ritmo pessoal de quem as lê. 

No entanto, favorecer o esmorecimento e a desaceleração desse processo de conhecimento, de forma consciente, por um excesso de zelo ou uma contenção na divulgação da Verdade, é igualmente nefasto, tanto para quem “recebe”, como para quem “transmite”… Assim, partindo do que era inicialmente uma intuição profunda, mas que é agora uma certeza inabalável, sei que é tempo de deixar cair as “máscaras” e os filtros, pois nada disso nos servirá de apoio nesta durante este período de medo e de desinformação.



Sempre transmiti os ensinamentos do Yoga como sendo uma prática a ser levada além do tapete, directamente para a vida quotidiana. Nós não vivemos numa caverna do Himalaia, sentados todo o dia em meditação, nós VIVEMOS NO MUNDO. E, no mundo, a cada instante da nossa vida, temos que lidar com os kleśa! Por muito difícil que possa por vezes parecer, esse confronto constante com as causas de aflição, caso não nos deixemos submergir por ele, revela-se como uma benção, uma ferramenta poderosa para a nossa evolução espiritual, pois não existe melhor maneira de compreender e ajustar a “evolução” da nossa prática de Yoga (dentro e fora do tapete), que a forma como reagimos quando interagimos com o mundo e, principalmente, quando alguém descobre os nossos “interruptores/gatilhos” mentais ou emocionais! Não se trata de não ver ou fugir da realidade, mas sim de aprender a lidar de forma inteligente com ela! Não se trata de reagir ao mundo exterior, mas sim de AGIR em plena consciência, depois de ponderados calmamente os prós e os contras do momento e de deixar falar a voz do coração.

Obviamente, isto só pode acontecer se não nos deixarmos invadir por esses kleśa e se conseguirmos manter, mesmo nos momentos difíceis, o nosso centro, o acesso à nossa voz interior e à nossa intuição, a racionalidade e capacidade de discernimento, a autonomia e a responsabilidade pessoal, assim como a confiança em nós mesmos, nas capacidades extraordinárias dos nossos próprios corpos e das nossas mentes, quando nos respeitamos e alinhamos com a nossa natureza profunda. Esta é a verdadeira prática de Yoga.

E, neste momento, por causa de toda a desinformação e propaganda de medo que está a ser levada a cabo pelas entidades governamentais e sanitárias da maioria dos países, esse alinhamento está a ser difícil de alcançar e isso está a causar estragos a curto, médio e longo prazo, que dificilmente conseguimos imaginar. A única solução para contrariar esta situação, é que cada um de nós se autorize a encontrar o seu equilíbrio físico, psíquico, emocional e espiritual. CADA UM DE NÓS! Porque não, a solução não se encontra no exterior, numa “autoridade” sanitária, num governo, num medicamento ou numa hipotética vacina… A solução encontra-se dentro de nós! Ou já nos esquecemos todos de algo que existia dentro da maioria dos seres humanos antes do aparecimento deste vírus, a que chamávamos SISTEMA IMUNITÁRIO e que podia ser reforçado através de um estilo de vida saudável, uma alimentação equilibrada, a prática de exercício físico, o equilíbrio psicológico e emocional proporcionado por uma vida harmoniosa e consciente? Como podemos ter esquecido, em apenas seis meses, algo de tão importante e que permitiu à espécie humana sobreviver desde há mais de 300 mil anos (pelo menos… 😉) até aos dias de hoje, apesar dos milhares de milhões de vírus com os quais convivemos diariamente? E sim, eu sei que há excepções. Daí o propósito em “aplanar a curva”(para proteger o sistema de saúde e para permitir aos que realmente precisavam de cuidados, poderem ser tratados) que era aparentemente a intenção inicial, mas que foi igualmente esquecida e o discurso alterado em “acabar com o vírus”, uma das maiores incongruências que já ouvi na minha vida, mesmo tendo em conta os meus conhecimentos científicos nesta área que são, como sabem, bastante limitados…

“Não tenhais ilusões : quaisquer que sejam os remédios descobertos pela ciência, haverá sempre vírus e micróbios, o ar continuará a estar poluído e os alimentos mais ou menos adulterados, continuarão a reinar no mundo tensões psíquicas terríveis, e, se não tomardes precauções, se não vos ligardes à harmonia e à luz, pouco a pouco o vosso terreno será minado e um dia sucumbireis.”

Omraam Mikhaël Aïvanhov


 

Estamos neste momento a viver algo muito parecido com uma ditadura sanitária. Estão a ser impostas quarentenas a pessoas saudáveis, que estão a ser impedidas de circular livremente, de trabalhar, de ganhar dinheiro para sustentar as suas famílias, com apoios que não merecem esse nome. Estão a ser limitados os laços que nos unem, sejam familiares ou de amizade, a nossa necessidade de afecto, de contacto, de direito ao luto. Estão a ser implementadas restrições que nos impedem de nos deslocarmos livremente, sem correr o risco de ficar isolados por longos períodos, assim como todos os membros da nossa família, sem possibilidade de trabalhar, caso sejamos confrontados a um teste positivo, mesmo sem apresentar qualquer tipo de sintomas, mesmo com todas as dúvidas referentes à eficácia dos testes. Está a ser largamente difundida a ideia de que o nosso sistema imunitário já não nos é útil na defesa contra os vírus e que dependemos totalmente de uma vacina (esta ligação tem legendas em português, basta clicar nos ⚙️, para encontrar essa opção), para regressar a uma vida “normal”. E está a ser incutida a ideia de que tudo isto está a ser feito apenas com o intuito de salvar vidas, ao mesmo tempo que se “insufla” deliberadamente em cada pessoa, o estigma do egoísmo e da culpabilidade, em todos aqueles que discordam deste discurso “oficial”. Curiosamente, uma grande maioria das personalidades do meio médico e científico que proferem o discurso do egoísmo e da culpabilidade, têm sem sombra de dúvida na base dos seus discursos alguns interesses pessoais, como se pode verificar pela imensas listas que têm vindo a ser divulgadas, sobre os conflitos de interesses de quem apoia estas mesmas medidas draconianas.

Estou a exagerar, dirão alguns… Estarei? Estou a conspirar, dirão outros… Estarei realmente? Além do medo que possa estar a turvar o nosso discernimento, quando escutamos a voz do nosso coração, parece-vos realmente um exagero? Porque no final, depois de ouvirmos todos os debates da nossa mente, berço dos nossos filtros e condicionamentos, é sempre a partir do nosso coração que surge a Verdade! E é do nosso coração que mais precisamos cuidar, neste momento! Para que possamos viver em paz e consciência no momento presente, pois só quando estamos alinhados com o nosso coração podemos cultivar tal a liberdade interior que nos traz o Yoga, independentemente das restrições externas.


Sem máscaras, não temos acesso aos espaços fechados, não temos acesso aos supermercados para comprar comida, não temos acesso à escola, não podemos aceder a cuidados médicos e não temos direito a viajar nos transportes públicos, entre outras coisas. O vosso coração consegue realmente reconhecer liberdade de escolha, dentro destas restrições? O meu, confesso, está a ter dificuldades em aceitar estas medidas, para as quais não encontramos qualquer data final prevista…


Mas “não é grave, é só cinco minutos, para ir às compras”, dizem algumas pessoas… Então e quem trabalha nos supermercados, também é só cinco minutos? Ainda terão acesso ao trabalho, se se recusarem a usar máscara? E a resposta será a evidentemente a mesma para ascrianças, quando regressarem às escolas… E não é preciso muito esforço para imaginar as problemas de saúde, comunicação e aprendizagem que isto vai trazer a longo prazo, principalmente no que diz respeito tanto aos mais pequenos, como aos que escolheram a missão de os ensinar…


“Mas é por um bem maior!”, replicam outros. Será? Porque as opiniões da comunidade médica e científica (em diversos campos de investigação) divergem consideravelmente também sobre este assunto. Sem falar da minha opinião enquanto professora de Yoga, que muito provavelmente não interessa ninguém. Afinal o que poderia valer a opinião de alguém, cuja principal ferramenta de trabalho para ajudar as pessoas a encontrar um maior equilíbrio físico, psíquico e emocional, é precisamente o controlo da respiração, algo que a maioria das pessoas tem uma imensa dificuldade em fazer, de tal maneira se encontram “desligados” do sopro vital, se essa opinião não for corroborada por vários estudos científicos? Afinal, já não é segredo para ninguém que, nos dias de hoje, a ciência substituiu o papel que desempenhou a religião durante milénios… Pergunto-me se encontraremos um dia uma harmonia e cooperação entre ciência e espiritualidade, que possa verdadeiramente servir o ser humano e elevá-lo ao seu mais alto potencial?


E se há diferentes opiniões, muitas vezes com estudos que as comprovam, em ambos os campos, porque será que a pressão para silenciar todos aqueles que têm uma opinião diferente das autoridades sanitárias e governamentais, no que diz respeito às medidas de prevenção da propagação e tratamento do vírus, é cada vez maior (apesar das sólidas provas relativas a diplomas, títulos, experiência prática e ausência de conflito de interesses, para que se considere, sem hesitações, o seu testemunho fidedigno, como é o caso do Professor Didier Raoult, médico e microbiologista francês e um dos mais reputados especialistas em doenças infecciosas de França, que tem sido constantemente desacreditado e rebaixado pelos meios de comunicação social e mesmo por colegas com evidentes e mais que provados conflitos de interesses, por exemplo)? Porque estão a ser censuradas nas redes sociais tantas ilustres figuras do mundo científico, que ousam manifestar o seu desacordo com as medidas draconianas aplicadas na maioria dos países? E quando os governos decidirem substituir a palavra “máscara”, pela palavra “vacina” em todas estas restrições e obrigações? 


E mesmo se estes questionamentos têm como objectivo estimular o questionamento e a nossa capacidade de reflexão e não a nossa angústia ou sofrimento por antecipação, é a partir desse instante que encontramos uma das frases que mais tenho ouvido nos últimos tempos, directa ou indirectamente (mesmo quando ando na rua ou passo em frente a um café!), ou seja : “eu prefiro não saber!”… E é precisamente porque já ouvi esta frase um número incalculável de vezes, que decidi que já chega! BASTA!


Porque eu pergunto-me : “Como?”! Como podemos nós (nós, os praticantes de Yoga e aspirantes à Verdade sobre nós mesmos, não a malta da conversa de café, obviamente), afirmar que “preferimos não saber” algo sobre nós mesmos ou sobre o mundo que nos rodeia, quando o ponto de partida de toda a filosofia, prática e estilo de vida que é o Yoga, é precisamente a necessidade profunda do ser humano de se libertar de avidyā, a ignorância, que é a causa fundamental de todo o sofrimento humano? E porquê? Será que ainda acreditamos que ao ignorarmos a causa do nosso sofrimento, o sofrimento também nos ignorará a nós? 




O caminho do Yoga (e não podemos esquecer que o Yoga não é diferente da Vida), só pode ser feito de forma sincera e autêntica, quando escolhemos procurar Satya, a mais alta Verdade à qual podemos aceder em cada situação da nossa vida, tanto acerca de nós mesmos, como do mundo que nos rodeia, com o intuito de nos libertarmos de avidyā, a raiz de todos os kleśa, incluindo abhiniveśa, o medo da morte, que tanto tem afligido o coração da maioria das pessoas, nos últimos meses!


 

Yogasūtra II.3

अविद्यास्मितारागद्वेषाभिनिवेशाः क्लेशाः॥३॥ 

avidyā-asmitā-rāga-dveṣa-abhiniveśaḥ kleśāḥ ॥3॥


«As causas do sofrimento são : a ignorância, o ego, o apego, a repulsa, o medo [da morte].».

Yogasūtra II.4

अविद्याक्षेत्रमुत्तरेषां प्रसुप्ततनुविच्छिन्नोदाराणाम्॥४॥ 

avidyā kṣetram-uttareṣām prasupta-tanu-vicchinn-odārāṇām ॥4॥


«A ignorância [Avidyā] é o terreno onde crescem os outros, quer estejam latentes, fracos, intermitentes ou intensos.».


 

O Yoga, preconiza uma atitude mental que privilegia a experiência directa (percepção sensorial) e a dedução lógica justa (como por exemplo,  toda a gente sabe que o fogo queima, não é preciso fazer a experiência directa e colocar a mão no fogo, para ter a certeza!), mas sempre que isso não é possível, devemos procurar um testemunho fidedigno. Sempre que uma destas três formas de conhecimento correcto não seja utilizada, então estamos a optar, de forma consciente ou inconsciente, por um conhecimento errado (ou pela imaginação ou outro vṛtti). E, na minha opinião, neste momento, o nosso direito de aceder ao conhecimento correcto (pramāṇa) ou a nossa vontade pessoal para aceder a esse mesmo conhecimento, está a desaparecer e a ceder lugar ao medo e isso é algo com que não me sinto em sintonia… O medo é o oposto do AMOR. Se o deixarmos esmagar o nosso coração, como poderemos olhar para a vida através dos olhos do amor, seja para nós mesmos, para os outros ou para mundo que nos rodeia? Como poderemos estimular a nossa fé, confiança, auto-estima, características essenciais para agir em vez de reagir? E qual será a sociedade que emergirá de uma emoção tão negativa e longínqua da Verdade, como o medo?

“Se não se está livre do medo, não se pode ver com lucidez e profundidade. E, obviamente, quando há medo, não há amor.”

Jiddu Krishnamurti



 

A vida traz-nos milhares de exemplos em que, por termos ignorado algo que não estava em acordo com a nossa verdadeira essência e o sofrimento que isso provoca em nós, por não nos sentirmos alinhados com a voz do nosso coração, por termos optado pelo caminho do medo, em vez da via do amor, vimos o “problema” ampliar-se ou tornar-se recorrente, até finalmente nos envolver e submergir de tal forma, que não conseguíamos ver mais nada para além dele!! Quantas vezes pensámos, num momento ou situação particularmente angustiante da nossa vida : “Se eu tivesse “tratado” disto há mais tempo, agora não teria tamanho imbróglio para resolver!”? Quantas vezes já sentimos no corpo, a recusa da mente em escutar o coração, que nos inspirava a fazer mudanças e transformações profundas que beneficiariam a nossa vida a todos os níveis e nos permitiriam alcançar maior harmonia e alinhamento com a nossa missão de vida, com a nossa consciência? Quantas vezes sentimos que foi preciso ficarmos doentes, para finalmente darmos uma oportunidade ao nosso corpo/mente para descansar e reconhecer que não somos assim tão “indispensáveis” a uma série de coisas, como pensávamos? Que todas as essas coisas, pessoas ou situações podiam esperar? E quantas vezes colocámos a responsabilidade da mudança, que sabíamos ser necessária ao nosso bem-estar e equilíbrio, num elemento exterior (noutra pessoa, num sítio, num tempo específico, num medicamento, num governo ou mesmo numa autoridade sanitária, por exemplo…), abdicando assim da nossa autonomia e da nossa responsabilidade pessoal?


Quantas? Funcionou? Valeu a pena?


Tantas foram as vezes em que fomos, pelas mais diversas razões, empurrando cada vez mais longe os limites daquilo que seria aceitável para nós (no corpo como na mente), seja porque temos algo a provar a nós mesmos, seja porque nos consideramos indispensáveis, seja porque temos medo, porque não nos sentimos à altura do desafio ou simplesmente, como tanto tenho ouvido nos últimos tempos, porque preferimos não saber… Seja qual for a razão, a raiz é sempre a mesma,  é sempre a ignorância (avidyā), é sempre a nossa incapacidade para reconhecer a nossa verdadeira essência. E o resultado também será sempre o mesmo, quer se manifeste a curto ou a longo prazo, de forma individual ou colectiva! Porque enquanto formos incapazes de nos conhecermos a nós mesmos, estaremos sempre sujeitos a uma desarmonia física, psicológica, emocional ou espiritual… Estaremos sempre sujeitos ao sofrimento… 

“Enquanto não nos conhecermos a nós mesmos, o sofrimento e o medo nunca terão fim. E só a mente que está livre do medo é capaz de enfrentar a realidade.”

Jiddu Krishnamurti


 

É possível que a Newsletter deste mês vos provoque sensações e reflexões diferentes, inclusivamente sobre mim ou sobre as minhas intenções. Deixem que essas reflexões assentem numa certeza, certeza que eu não me posiciono como ANTI-algo! Não é uma questão de anti-máscaras, nem anti-vacinas, nem tão pouco de anti-vida! É precisamente o oposto!


Trata-se acima de tudo de estar a FAVOR! A favor do bom-senso e da coerência das regras pessoais e colectivas adaptadas a cada contexto específico, do desenvolvimento da reflexão e do discernimento, da autonomia e da responsabilidade pessoal, da protecção do sistema imunitário, do direito a uma alimentação saudável e a uma prática livre de exercício físico, a favor do acesso às oportunidades sociais e culturais que eliminam as desigualdades, a favor do direito a escolher, da procura da Verdade, da Liberdade, da Vida e do AMOR!


Neste momento, encontro-me em total desacordo com a grande maioria das regras e restrições que nos estão a ser impostas, baseadas em informações que se apresentam como incoerentes e manipuladas (e sim, há “provas” disso, mas só vê quem quer ver!). Sinto que estamos a viver num mundo em que os mais altos interesses que estão a ser protegidos, não são interesses que protegem as populações mundiais, nem os mais fracos ou vulneráveis (como nos querem fazer acreditar), que valorizam a VIDA. Sei que não sou a única a pensar e a sentir tudo isto. São milhões de pessoas pelo mundo inteiro, a fazer as mesmas chamadas de atenção e o mesmo apelo ao discernimento, em todas as esferas sociais, científicas e inclusivamente políticas. Mas, mais uma vez, só vê, quem quer ver; só sabe, quem quer saber!



 

Yogasūtra II.26

विवेकख्यातिरविप्लवा हानोपायः॥२६॥ 

viveka-khyātir-aviplavā hānopāyaḥ ॥26॥

«O discernimento discriminativo ininterrupto é o método para a sua remoção [da ignorância].».



 

É importante deixar claro que estou apenas a partilhar o meu ponto de vista e não tenho qualquer intenção de convencer-vos que tenho razão. Não tenho qualquer intenção de alimentar discórdias ou impor opiniões. Acredito sinceramente que cada um tem liberdade de escolha e o direito às suas convicções pessoais. Acredito também, como referi mais acima, que a Vida (como o Yoga 😉🙏), é um processo pessoal e individual e, por conseguinte, cada um de nós deve geri-lo em acordo com a evolução da sua própria alma e não deve deixar que alguém (seja quem for) interfira com esse processo.

Mas para quem se sentiu desconfortável pelo conteúdo das minhas palavras, ou se sente, por vezes, agredido pelas opiniões contrárias, peço-vos que façam, por um instante, um pequeno exercício que penso que pode ajudar-vos a libertar feridas ou preconceitos, nos momentos de julgamento.


Visualizem, durante um instante, tudo aquilo em que acreditam neste momento, tudo o que tem um elevado valor aos vossos olhos neste contexto específico, tudo aquilo que vos faz sentir “seguros”, “protegidos”, “estáveis”. Fechem os olhos e sintam, no vosso coração, a importância de tudo isso, seja a estabilidade financeira que traz um emprego “seguro”, seja a máscara, o distanciamento, a vacina, a confiança nas autoridades e governos. Sintam o efeito de barreira protectora que tudo isto vos proporciona e deixem-se durante um instante envolver por essa sensação de segurança, que brota de dentro do vosso coração. E, depois de se deixarem envolver até ao centro de cada uma das vossas células, por essa certeza interior que vos transporta para o vosso “porto seguro”, imaginem que “alguém” vos diz que não têm o direito de se manterem aí. Imaginem que alguém vos impõe um ponto de vista oposto ao vosso, vos discrimina e vos retira a autonomia e o direito de viverem em acordo com esse ponto de vista. Imaginem que o mesmo acontece com as pessoas que vos são próximas e que vocês amam, como os vossos pais, filhos, irmãos ou amigos. Imaginem que esse alguém é um “governo” ou uma “autoridade” sanitária, que vos impõe limitações e restrições, retirando-vos essa segurança e provocando instabilidade e incerteza em todos os aspectos da vossa vida (desde o familiar, ao social e profissional, o que não deve ser difícil imaginar, porque este ponto afecta-nos a todos de igual forma!). Imaginem que têm "provas científicas" da eficácia de tudo o que vos faz sentir seguros, mas que isso não faz diferença nenhuma, pois continuam a não ter o direito de colocar em prática aquilo em que acreditam ou se o fizerem, estarão em transgressão e serão punidos. Imaginem que milhões de pessoas pensam como vós, incluindo grandes especialistas de todo o mundo, mas ninguém quer saber. E depois pensem, considerariam tudo isto Justo? Correcto? Válido? Estaríamos ainda de acordo com tudo isto, se fossem as nossas convicções profundas a ser desacreditadas, censuradas, proibidas? Ou preferiríamos viver numa sociedade que tem em consideraçãotodos os pontos de vistae valoriza os interesses de TODAS as pessoas? Uma sociedade que dá (verdadeiramente!) prioridade à vida e não aos interesses financeiros de uma minúscula porção da população mundial? Só através da compaixão, poderemos eliminar a sensação de separação, de diferença, de oposição em relação ao outro… Só através da compaixão, podemos reconhecer o medo e encontrar formas eficazes para o ultrapassar… Só através da compaixão, podemos reconhecer que o outro não é diferente do EU…


“Poderá não nos agradar, poderemos pensar que somos totalmente independentes, livres, individualizados. Mas quando observamos profundamente, vemos que somos o resto da HUMANIDADE.”

Jiddu Krishnamurti




Todos os que, como eu, vão continuar a manifestar-se de forma pacífica pela liberdade (nossa e das gerações futuras) continuarão certamente a ser tratados de egoístas e irresponsáveis, mas tudo isso tem pouco valor, quando a energia que nos anima é a mais alta Verdade interior ,que brota do centro do nosso peito para dar voz ao coração e alinhar-nos com a missão da nossa alma. Porque é precisamente daí, do centro do nosso peito, que emerge a única LIBERDADE que procuram aqueles que fizeram do Yoga a sua vida, mokṣa!

“Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança.”

Benjamin Franklin


 

ॐ असतो मा सद्गमय । तमसो मा ज्योतिर्गमय ।

मृत्योर्मा अमृतं गमय । ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः ॥

oṁ asato mā sad gamaya tamaso mā jyotir gamaya

mṛtyor mā amṛtaṁ gamaya oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ

Oṁ

Possamos nós ser conduzidos da ilusão para a verdade.

Possamos nós ser conduzidos da escuridão para a luz.

Possamos nós ser conduzidos da morte para a imortalidade.


Que haja Paz, Paz, Paz.

 

ॐ लोकाः समस्ताः सुखिनो भवन्तु

ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः॥

Oṁ lokā samastā sukhino bhavantu

Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ

Hariḥ Oṁ 

Oṁ

Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.

Que haja Paz, Paz, Paz.


 

Obrigada por me lerem… Com todo o meu amor e carinho, desejo-vos coragem, bons questionamentos (hoje e sempre) e boas práticas… Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!

Namaste, 🙏💚🌿 Rita



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