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  • Photo du rédacteurRita

Setembro 2023

“Ser sereno não significa concordar com tudo, em todas as circunstâncias, com um sorriso - nem significa saber a verdade sem querer perturbar ninguém ao expressá-la. Isso seria ir ao extremo. Aqueles que tentam agradar a todos desta forma, com o desejo de serem elogiados pela sua boa natureza, não são necessariamente senhores dos seus sentimentos. […] Aquele que controla os seus sentimentos segue a verdade, partilha-a quando pode e evita aborrecer desnecessariamente aqueles que, de qualquer modo, não estariam receptivos. Ele sabe quando deve falar e quando deve permanecer em silêncio, mas nunca compromete os seus próprios ideais ou a sua paz interior.

Uma pessoa assim é uma força de virtude neste mundo.”

Paramahansa Yogananda

Queridos alunos e amigos ✨,

A partir de SETEMBRO, apesar de ainda ser Verão☀️, tendo em conta que a maioria de vós regressa ao trabalho e às suas actividades quotidianas habituais, vamos mudar para o horário de Outono🍂.

No horário da manhã, haverá aulas de segunda a quinta-feira, das 7h00 às 9h00 e, para quem tem uma prática mais longa, recomenda-se a entrada o mais tardar até às 7h30. Quem quiser continuar a fazer a sua auto-prática além das 9h00, pode obviamente fazê-lo, como já acontecia anteriormente.

Para quem não pode, não consegue, não gosta ou não quer praticar de manhã cedo, as aulas no horário da tarde vão manter-se às segundas, terças e quintas-feiras, das 17h30 às 19h30. Para quem tem uma prática mais longa, recomenda-se a entrada o mais tardar até às 18h00. Quem quiser continuar a fazer a sua auto-prática além das 19h30, também pode fazê-lo.

A partir de SETEMBRO, o Padma Yoga Shala🪷🌿 passará a estar ENCERRADO às sextas-feiras, fins-de-semana e alguns feriados (por vezes poderá ser proposta uma Aula Guiada da Primeira Série de Ashtanga Yoga, Prāṇāyāma, Meditação ou qualquer outra actividade ligada aos ensinamentos e à prática de Yoga na sua globalidade).


 


 

MUITO IMPORTANTE


Por favor, verifiquem sempre, quando entram ou saem do Shala🪷🌿, que a porta do prédio fica FECHADA. Isto é particularmente importante nos dias de muito vento, em que a porta tem tendência a não fechar completamente... Verifiquem também, por favor, que a porta do primeiro andar, onde deixam os sapatos, não fica trancada depois de entrarem!! 🙏 💜 !! Muito Grata !! 💜 🙏


 


Não é a impermanência que nos faz sofrer. O que nos faz sofrer é querer que as coisas sejam permanentes, quando não o são.

Thich Naht Hanh

Poderia dar-vos milhares de razões válidas pelas quais as aulas da manhã começam e terminam cada vez mais cedo, mas por experiência pessoal sei que a decisão pessoal de cada um deve depender exclusivamente das suas próprias escolhas, motivaçõese prioridades e, por essa razão, não vejo grande lógica em tentar convencer-vos dos benefícios de uma prática de Ashtanga Yoga matinal, antes de começar as restantes actividades quotidianas (até porque já o expliquei muitas, muitas vezes e ainda assim, para muitos, continua a ser muito, muito, muito difícil acordar cedo…😉). Existem efectivamente algumas excepções em que, durante algumas fases específicas da vida, pode ser particularmente difícil fazer grandes ajustes ou conseguir alcançar flutuações nos horários do quotidiano ou nas rotinas (principalmente quando cuidamos de pessoas que dependem de nós ou quando se trabalha por turnos…) mas, de uma maneira geral, todos sabemos que quando queremos muito fazer ou alcançar algo, o mais provável é encontrarmos soluções, enquanto que, quando não estamos particularmente motivados, teremos muito mais tendência a procurar desculpas… Parece-me bastante importante manter a reflexão e a plena atençãodurante essas diferentes fases da nossa vida e evitar agir de forma inconsciente ou mecânica, de forma a poder verdadeiramente identificar, perceber e reconhecer as nossas prioridades, assim como as acções justas e mais adaptadas para nós no momento presente e, assim, adaptar também a nossa prática e/ou a nossa vida (dependendo dos casos).


 

Por três métodos podemos aprender a sabedoria: Primeiro, pela reflexão, que é o mais nobre; Segundo, pela imitação, que é o mais fácil; e terceiro pela experiência, que é o mais amargo.

Confúcio

O que mudaria (ou não!) na nossa vida, se cada um de nós, em cada instante, fizesse um esforço sincero para encontrar e aplicar as soluções mais adaptadas à nossa condição actual, que nos permitem manter a prática de Yoga na nossa vida (seja dentro ou fora do Shala🪷🌿, dentro ou fora do tapete), se essa for realmente a escolha do nosso Coração e uma parte importante do nosso Caminho Espiritual?

O que mudaria (ou não!) na nossa vida, se cada um de nós, em cada instante, fosse capaz de manter a sua atenção no momento presente, mas sem perder de vista o impacto que as acções de hoje têm inevitavelmente no dia de “amanhã”?

Sem nunca esquecer que não existem verdadeiramente dois caminhos iguais, o que mudaria (ou não!) na nossa vida, se cada um de nós, em cada instante, tivesse como prioridade o facto de poder chegar são e salvo ao destino previsto pela nossa Alma, no momento da sua encarnação e à realização do nosso svadharma?

Deus é o sussurro no templo da vossa consciência. Ele é a luz da intuição. Quando vocês se desviam do caminho certo, vocês sabem-no, todo o vosso ser vos indica isso, e esse sentimento é a voz de Deus. Se não a escutarem, Deus cala-se. No entanto, quando a ilusão se dissipa e desejam voltar ao caminho certo, Ele estará lá para vos guiar.

Paramahansa Yogananda



 

Entre o momento em que nascemos e o momento em que morremos, neste curto lapso de tempo a que chamamos Vida, vivemos inúmeras possibilidades de “morte e renascimento”, momentos em que nos despojamos do que podemos constatar que já não nos serve ou que já não somos, para nos aproximarmos da integração e realização de Quem Realmente Somos. Essas ocasiões são múltiplas e surgem em diversas fases da nossa encarnação. Algumas são evidentes, como a passagem da infância à adolescência e depois à idade adulta. Ou o início ou o fim de uma nova relação, pessoal, familiar ou profissional. Ou uma mudança de ambiente, de cidade, de país, de trabalho ou profissão. Ou quando descobrimos uma nova paixão ou vocação. São apenas exemplos das infinitas e incessantes possibilidades que nos vão sendo apresentadas e que podemos escolher reconhecer e acolher, se estivermos atentos e dispostos a fazer as mudanças necessárias nesses momentos para libertar tudo o que já não serve o propósito mais elevado da nossa Alma. Não nos transformamos numa “nova pessoa completamente diferente”, simplesmente deixamos de resistir e autorizamo-nos, a cada instante, a encarnar uma melhor versão de nós mesmos, mais plena, mais consciente.

Não tentes ser outra pessoa... O cosmos juntou-se e ajudou-te a manifestares-te desta forma, e tu és belo tal como és.

Thich Naht Hanh



 

Esses momentos de grande transformação interior e de desconstrução do ego em primeiro lugar e, em seguida, do ego espiritual (bem mais subtil e insidioso e, por essa razão, mais difícil de identificar e reconhecer, infelizmente…), são geralmente intensos e é raro que ocorram de forma fluida ou com grande serenidade. A maioria das vezes aparentam-se mais a uma montanha-russa psicológica, emocional, energética e espiritual, uma Noite Escura da Alma… Implicam quase sempre uma grande reflexão e questionamento pessoal, auto-análise, força, coragem e , para continuar a avançar dia após dia, no nosso Verdadeiro Caminho Orgânico, realizando o nosso svadharma, apesar de todas as nossas tendências (vāsanā वासना) ou interferências e desvios que possam ser colocados no nosso caminho.

A auto-análise é um dos segredos do progresso. A introspecção, como um espelho, revela os recantos obscuros e inexplorados do nosso espírito. Diagnostiquem os vossos fracassos, classifiquem as vossas tendências, boas e más. Analisem-se a vós mesmos, tal como são e como querem ser, e examinem as imperfeições que vos entravam.

Paramahansa Yogananda



 

Algumas pessoas podem também escolher viver este processo de “morte e renascimento” (do ego ou do sentido de individuação) de forma voluntária e contínua, para além desses momentos propícios que a Vida nos proporciona naturalmente e, muitas vezes, escolhem enveredar por um Caminho Espiritual, procurando e experimentando primeiro diversos métodos ou disciplinas de auto-conhecimento e depois construindo o seu próprio sādhana (साधन), a sua Prática Espiritual, de acordo com a sua intuição e voz interior. Para alguns, é essa escolha que os leva à prática de Yoga. Para outros, essa escolha surge depois de começarem a praticar, à medida que se vão dando conta que o Yoga não é apenas um exercício físico ou uma actividade de bem-estar e que sentem o apelo do seu Coração e da sua Alma para se lembrarem plenamente de Quem Realmente São.

“Yoga é quando cada célula do corpo canta a canção da alma.

B.K.S. Iyengar

Mas também é possível atravessar uma vida inteira, incluindo de prática de Yoga, sem nunca chegar a despertar essa vontade indomável de alcançar mokṣa (मोक्ष), de ser Livre… Livre do medo (abhiniveśa - अभिनिवेश). Livre do apego (rāga राग) e da repulsa (dveṣa द्वेष). Livre dos condicionamentos do ego (asmitā अस्मिता). Livre da ignorância metafísica (avidyā अविद्या) que nos impede de nos lembrarmos e reconhecermos a nossa Verdadeira Essência Divina e a Consciência de Unidade. Livre do sofrimento (duḥkha दुःख). Essa aspiração profunda pela busca da Verdade Suprema ou Lei Divina (ṛta ऋत), pela compreensão da Ordem Cósmica e a realidade sobre nós mesmos, sobre os outros, sobre o mundo que nos rodeia, desde o infinitamente pequeno ao infinitamente grande, não pode senão vir de dentro para fora e, por essa razão, não pode verdadeiramente ser “ensinada”… Quando muito, poderá ser inspirada por todos aqueles que caminharam antes de nós por este caminho do Conhecimento, da Verdade, da Plenitude, da Compaixão, do Amor e da Liberdade… Poderá eventualmente também ser apoiada e sustentada por todos aqueles que caminham de mãos dadas connosco, lado a lado no mesmo caminho ou simplesmente na mesma direcção, mesmo que por caminhos aparentemente diferentes, o que apenas se torna possível quando nos autorizamos a encarnar o Amor e a Compaixão e somos capazes de evitar toda e qualquer forma de julgamento, tendo em conta que ninguém pode verdadeiramente vestir a pele de outrem ou caminhar nos seus sapatos…

O que quer que esteja a acontecer é o caminho para a iluminação.

Pema Chödrön



 

Tanto a , como a Energia, a Memória ou a Concentração que movem todos aqueles que procuram a Verdade, através da prática de Yoga ou de qualquer outra disciplina pessoal de auto-conhecimento e de libertação da influência das causas de sofrimento (kleśa क्लेश), tanto a Expansão da Consciência como a realização do estado de União (yoga योग) com o Divino, não podem senão vir de dentro para fora e serão simultaneamente o resultado de uma vontade pessoal indomável e a manifestação de uma dedicação e entrega incondicional à Vontade Divina

Sūtra I.20

श्रद्धावीर्यस्मृतिसमाधिप्रज्ञापूर्वक इतरेषाम्॥२०॥

śraddhāvīryasmṛtisamādhi-prajñāpūrvaka itareṣām ॥20

« Para os outros, a fé, [precede] a energia, a memória, a concentração, a alta inteligência [tomadas de consciência]. »


 


Toda a biblioteca do universo está dentro de ti. Todas as coisas que queres saber já estão dentro de ti. Para as revelar,

pensa de forma criativa.

Paramahansa Yogananda

Somos todos diferentes e cada um avança ao seu próprio ritmo, pelo caminho que escolhe e cria a cada instante, a cada passo, segundo o seu Livre-Arbítrio e esse caminho deve ser respeitado por todos, mais uma vez, sem julgamentos.

Há quem goste de viajar e de “fazer” muitas coisas durante as férias, encontrar muitas ocupações e desenvolver tantas actividades quanto possível, deixando-se evoluir ao ritmo do Sol, do calor, das marés, do movimento excêntrico e do fogo que nos traz naturalmente o período do Verão☀️. Há quem precise de “sair da ilha”, de “mudar de ares”, de “ver outras paisagens” (e é também assim que a nossa ilha “exótica” se enche de turistas que vêm de “outras paisagens”, porque enquanto uns sonham em sair daqui, nem que seja por uns dias, outros sonham uma vida inteira em vir até cá, nem que seja por uns dias!).

A viagem espiritual é individual, altamente pessoal. Não pode ser organizada ou regulada. Não é verdade que toda a gente deva seguir um único caminho. Escuta a tua própria verdade.

Ram Dass


 



Outros, como eu, aproveitam simplesmente esta época de pausa ou mudança na sua rotina diária para apanhar Ar, para colocar as mãos na Terra, imergir o corpo na Água e absorver os raios do Sol, o seu calor e o seu Fogo em cada uma das nossas células e descansar, interiorizar, reflectir, meditar sobre estas ou outras questões existenciais, criar Espaço no nosso corpo mental, no nosso corpo emocional, no nosso corpo espiritual e declarar a nossa intenção de criar ou reforçar certos hábitos que sejam mais saudáveis, mais harmoniosos, mais respeitadores dos nossos próprios ritmos pessoais, de forma a cuidarmos mais e melhor de nós mesmos, com o mesmo empenho e carinho que normalmente reservamos aos outros. É, de certa forma, uma maneira de preparar e antecipar a preservação e a protecção da nossa energia vital, que já se sabe, será de novo altamente solicitada assim que o Verão☀️ ou as férias chegarem ao fim. De certa forma, com muito Amor, através dessa Paz e dessa tranquilidade, do silêncio da meditação, da comunhão com os elementos da Natureza, vamos acumulando energia e ganhando forças, para não nos deixarmos “engolir” por todas as obrigações que inevitavelmente surgem com o mês de Setembro, com o regresso à escola, ao trabalho e à rotina, com o sempre tão intenso mês de Outubro mesmo aqui à porta e o final do ano já ali ao virar da esquina… E é por isso mesmo que isto, tudo isto, esta Força da Vida, este Amor Próprio, este tempo que nos acordamos para descansar, relaxar, meditar e libertar tensões, para cuidar de nós mesmos, para encontrar uma certa leveza no nosso corpo, na nossa mente, no nosso Coração, em todo o nosso Ser, não pode e não deve ser reservado exclusivamente ao Verão☀️, às férias, aos tempos livres ou quando não há nada mais “interessante” para fazer… Um passo após outro, um dia depois do outro, à medida que avançamos e fazemos face às obrigações e às dificuldades, que observamos as flutuações nas nossas reservas de energia vital e de energia adquirida pelas actividades que nos nutrem e preenchem, algumas questões simples podem fazer toda a diferença e tornar os nossos pensamentos, as nossas palavras, as nossas escolhas e as nossas acções mais justas, mais conscientes, mais alinhadas à Expressão Mais Elevada da nossa Alma

Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir e chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir. Cora Coralina

Estou verdadeiramente a fazer o melhor que posso, com as ferramentas que tenho neste mesmo instante ou há algo que poderia fazer de outra forma? E se me autorizar a abrir mão de todos os mecanismos de controlo e de defesa do ego, se deixar de resistir e batalhar, se aceitar com equanimidade e desapego tudo aquilo que é, se escutar a voz do meu Coração, se confiar no apelo e no chamamento da minha Alma, se me entregar de corpo e alma à Vontade Divina, o que muda? Quem Sou Eu, quando me alinho plenamente à Ordem Cósmica(Dharma धर्म), às Leis Universais, à Consciência de Unidade, a Deus? O que faço poderá evoluir e mudar consoante as horas, os dias, os meses, as épocas, as ocasiões e as diferentes fases da vida, sem dúvida. Mas não Quem Sou, Ser Divino, Soberano, Livre, Verdade (sat सत्), Consciência, (cit चित्) e Plenitude (ānanda आनन्द).

Quem tem a mesma atitude tanto para com um amigo como para com um inimigo, para com a glória e para com a desgraça, no calor como no frio, no meio da alegria ou da aflição, quem está livre dos apegos terrenos, quem recebe igualmente elogios e injúrias, quem é silencioso, satisfeito com tudo o que sucede, não apegado a pessoa ou coisa, lugar ou casa, firme na mente e cheio de amor –

tal pessoa é querida por Mim!

Bhagavadgītā, XII, 18 e 19


 



No fundo, se não cuidarmos de nós mesmos, como poderemos cuidar dos outros? Se não cuidarmos de nós mesmos, quais serão as consequências no futuro? Se não cuidarmos de nós mesmos, de cada um dos nossos corpos, do nosso corpo físico, do nosso corpo mental, do nosso corpo emocional, do nosso corpo espiritual, do nosso corpo energético e vibratório, no momento presente, no aqui e agora, de forma responsável e autónoma, sobre quem estaremos a colocar essa responsabilidade, mais lá à frente? Não será uma forma de Amor pelos outros, cuidar de si mesmo? Não será uma manifestação de Altruísmo, cuidar de si próprio? Se o Amor e a Compaixão nascem dentro do nosso Coração, se vêm de dentro para fora, porque nos será tão difícil oferecê-los também a nós mesmos e em primeiro lugar, antes mesmo de saírem de nós? Quando viajamos de avião, é-nos recomendado que, em caso de acidente e despressurização, a máscara de oxigénio seja colocada primeiro em nós e só depois naqueles que dependem de nós, como as pessoas idosas ou as crianças… Ninguém fica chocado, ninguém se sente ofuscado, ninguém considera egoísmo e na realidade, ressoa em nós como uma regra de bom senso Então e na vida, porque seria diferente na VIDA?

O amor é a capacidade de cuidar, de proteger, de nutrir. Se não forem capazes de gerar esse tipo de energia para si próprios, de se nutrirem, de se protegerem - é muito difícil cuidar dos outros.

Thich Naht Hanh


 



Se o Yoga é União (yoga योग), será a manifestação dos seus benefícios algo que nos toca de forma exclusivamente pessoal ou será igualmente uma forma de se colocar ao Serviço dos Outros? Qual será a impressão que deixamos também nos outros e no mundo que nos rodeia, quando através da prática de Yoga ou através de qualquer outra disciplina ou prática espiritual consistente e regular, nos libertamos finalmente de todo e qualquer sistema de parasitismo energético ou de consciência, por muito subtil que seja, por muito enraizado que esteja nos nossos medos (abhiniveśa - अभिनिवेश), apegos (rāga राग) ou repulsas (dveṣa द्वेष), ou por muito escondido e protegido que esteja pelos mecanismos de defesa do ego (asmitā अस्मिता) e da ignorância (avidyā अविद्या)? O que será que acontece verdadeiramente quando alcançamos finalmente a nossa autonomia energética, a nossa soberania, a nossa Liberdade (mokṣa मोक्ष) e a Plena Consciência do Ser Divino Que Somos e que sempre fomos, dentro do nosso Coração? Será que essa revelação e transformação ocorre apenas dentro de nós? Ou será que contribui também para a mudança do mundo à nossa volta, quando encarnamos plenamente os Valores mais Elevados que queremos ver manifestados aqui e agora, neste Tempo, neste Espaço? O que muda, quando conseguimos ir além do desconforto e da dor inevitavelmente associados ao processo de desconstrução do ego e conseguimos encarnar plenamente o espírito da Equanimidade, aceitando plenamente tudo aquilo que é, toda a Verdade sobre nós mesmos, sobre os outros, sobre o mundo que nos rodeia e nos autorizamos a simplesmente Ser, em Harmonia e em Paz, também e principalmente connosco mesmos?


Se olhares para o teu próprio coração e não encontrares nada de errado aí, o que há para te preocupares? O que há para temer?

Confúcio


 

Ninguém disse que este caminho do Yoga seria fácil (se fosse, talvez o Shala🪷🌿 estivesse sempre cheio ou, mais provavelmente, nem sequer existiria…). Mas a forma como vivemos os seus princípios e disciplina, assim como a forma como praticamos quotidianamente cada um dos seus membros, podem efectivamente conduzir-nos à Paz e à Tranquilidade interior em todas as circunstâncias e adversidades que somos levados a vivenciar, neste mundo dual e tantas, tantas vezes distorcido…

As pessoas dizem que andar sobre a água é um milagre, mas para mim andar pacificamente na terra é o verdadeiro milagre.

Thich Naht Hanh



 

Passo após passo, um dia depois do outro, numa prática constante, regular e sem interrupções, continuamos a avançar, sempre em frente, sempre no nosso próprio Caminho Orgânico (na realidade, avançamos sempre para o centro de nós mesmos, para o centro do nosso Coração, onde se encontra a nossa Verdadeira Essência Divina, onde realizamos que Somos Todos UM, que não somos nada além de Amor, que também nós somos Deus!).

A partir de um certo ponto, a partir de um certo nível de Compreensão, a partir de um certo patamar de Expansão da Consciência, parar ou voltar para trás, deixa de ser uma opção… Leve o tempo que levar, acabaremos por nos libertar dos véus da ilusão (māyā माया) e acabaremos por recuperar a memória (smṛti स्मृति) sobre Quem Realmente Somos… Leve o tempo que levar…

Afinal, esta encarnação não é senão um abrir e fechar de olhos na imensidão da eternidade das nossas Almas e, por essa mesma razão, como não sentir uma imensa Gratidão pela possibilidade de estar aqui e agora, encarnados enquanto seres humanos a quem é oferecida esta oportunidade única de nos libertarmos durante este ciclo de Ascensão, de participar, através dos nossos próprios processos individuais e pessoais, cada um à sua maneira, da melhor forma que nos é possível e com muita humildade, à Libertação da Consciência para TODOS!

Não compares, não meças. Nenhum outro caminho é como o teu. Todos os outros caminhos te enganam e te tentam. Tens de cumprir o caminho que está em ti.

Carl Jung

No final, por muito difícil que seja todo este processo a que chamamos Vida, de cada vez que o nosso Coração se expande, de cada vez que a nossa Consciência se expande, de cada vez que nos sentimos verdadeiramente Livres e em Paz (śānti शान्ति), não podemos senão realizar interiormente a que ponto é verdadeiramente um Presente Divino, poder estar Aqui e Agora e Simplesmente SER, não é Verdade?…

Ao seguir constantemente a voz interior da consciência, que é a voz de Deus, você demonstrará uma verdadeira integridade moral, um alto grau de espiritualidade e saboreará uma paz profunda.

Paramahansa Yogananda


 

Em uma noite escura

De amor em vivas ânsias inflamada

Oh! Ditosa aventura!

Saí sem ser notada,

Estando já minha casa sossegada.

Na escuridão, segura,

Pela secreta escada, disfarçada,

Oh! Ditosa aventura!

Na escuridão, velada,

Estando já minha casa sossegada.

Em noite tão ditosa,

E num segredo em que ninguém me via,

Nem eu olhava coisa alguma,

Sem outra luz nem guia

Além da que no coração me ardia.

Essa luz me guiava,

Com mais clareza que a do meio-dia

Aonde me esperava

Quem eu bem conhecia,

Em lugar onde ninguém aparecia.

Oh! noite, que me guiaste,

Oh! noite, amável mais do que a alvorada

Oh! noite, que juntaste

Amado com amada,

Amada, já no amado transformada!

Em meu peito florido

Que, inteiro, para ele só guardava,

Quedou-se adormecido,

E eu, terna o regalava,

E dos cedros o leque o refrescava.

Da ameia a brisa amena,

Quando eu os seus cabelos afagava,

Com sua mão serena

Em meu colo soprava,

E meus sentidos todos transportava.

Esquecida, quedei-me,

O rosto reclinado sobre o Amado;

Tudo cessou. Deixei-me,

Largando meu cuidado,

Por entre as açucenas olvidado.

São João da Cruz


"The Dark Night Of The Soul", by Loreena McKennitt


 

O riso do Deus infinito deve vibrar através do vosso sorriso. Deixai que a brisa do amor divino espalhe os vossos sorrisos no coração dos homens. Os vossos sorrisos divinos serão contagiosos; o seu brilho luminoso afastará a tristeza do coração dos vossos semelhantes.

Paramahansa Yogananda



 

Como sempre, deixo-vos a minha mais profunda e sincera GRATIDÃO pela vossa leitura e atenção e peço-vos que, como de costume, acolham apenas o que ressoa convosco e coloquem de parte tudo o resto, já que tudo o que partilho convosco é apenas o fruto dos meus próprios questionamentos, experiências de vida, compreensões e integrações alcançadas através dos ensinamentos do Yoga, da minha própria prática espiritual e do meu sādhana (साधन). Com todo o meu AMOR e REVERÊNCIA, desejo-vos coragem, bons questionamentos e boas práticas… Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!

Namaste 🙏💜✨ Rita

 

ॐ लोकाः समस्ताः सुखिनो भवन्तु

ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः॥

Oṁ lokā samastā sukhino bhavantu

Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ

Oṁ

Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.

Que haja Paz, Paz, Paz.

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