“Quando temos uma consciência cósmica, podemos sentir o Eu cósmico como sendo o nosso próprio eu, podemos sentir-nos unos com os outros seres no cosmos, podemos sentir todas as forças da Natureza a moverem-se dentro de nós, todos os «eus» como sendo o nosso próprio eu. Não existe uma explicação, exceto o facto de que é assim, porque tudo é Um.”
Sri Aurobindo
Queridos alunos e amigos ✨,
Entramos agora no mês de SETEMBRO e retomamos o horário habitual às segundas, terças e quintas-feiras de manhã, entre as 7h00 e as 9h00 e à tarde, entre as 17h30 e as 19h30. Já sabem que recomendo a chegada de manhã o mais tardar até às 7h30 e à tarde até às 18h00, de forma a poderem beneficiar da energia do grupo e também para que tenham tempo suficiente para fazer a vossa prática completa, sem pressas… Já não é novidade para nenhum de vós que quando não conseguem dedicar tempo suficiente à vossa prática, com a regularidade necessária, acabam sempre por sentir repercussões nos vossos diferentes corpos, físico, energético, mental, emocional e espiritual, assim como na vossa Consciência… Esta época, que sucede normalmente o regresso das férias para a maioria, é sempre uma boa altura para avaliar e definir prioridades e perceber qual é efectivamente o lugar e a importância da prática de Yoga na nossa vida, de forma a fazer os ajustes necessários para que ela possa efectivamente apoiar e sustentar cada passo do vosso Caminho Espiritual.
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“A transformação processa-se em grande parte através da remoção ou expulsão do velho eu superficial e dos seus movimentos, e da sua substituição por um novo eu mais profundo e a sua verdadeira acção.”
Sri Aurobindo
Não é raro que o Verão e as férias se manifestem como a época do ano em que muitos aproveitam uma pausa no trabalho, na rotina e nas “obrigações”, para colocar em pausa igualmente a prática de āsana ou mesmo de qualquer outra forma de prática espiritual, como a oração ou a meditação. Por vezes, até os próprios princípios éticos e de disciplina pessoal que constituem os Yama/Niyama, sofrem um ou outro atropelo ou adaptação “free-style”, de forma a não parecerem tão “inconvenientes” durante este período do ano, em que uma vontade de descanso, de leveza, de diversão ou de distracção se manifesta de forma mais intensa e parece ser a única prioridade (muito mais comum do que aquilo que gostaríamos de reconhecer, infelizmente…).
“O ser vital tem sempre o hábito de descobrir coisas com as quais persuade a mente e justifica os seus desejos; e as circunstâncias geralmente tomam a forma que os justifica ainda mais. Porque o que temos dentro de nós cria as circunstâncias que nos rodeiam. O importante é que, no futuro, se adopte uma atitude interior diferente.”
Sri Aurobindo
A maioria das vezes, isto acontece porque cada indivíduo vai deixando que a pressão, a intensidade e a exigência da sua vida quotidiana sejam tão elevadas ao longo do resto do ano, que acaba por ser quase inevitável ser lentamente e progressivamente invadido por uma sensação de assoberbamento (físico, energético, mental, emocional, espiritual), assim como pela sua consequente vontade de parar tudo aquilo que se assemelha a uma “rotina”. É sempre uma nova tentativa de recuperar um pouco de liberdade, de voltar a respirar pausadamente e profundamente, de “vir à superfície” e apanhar uma lufada de ar fresco, eventualmente livres de preocupações e de obrigações. A minha experiência pessoal, tanto enquanto praticante como professora, revelou-me e confirmou-me há muito, muito tempo, que apesar da necessidade de descanso ser efectivamente real e perfeitamente válida, a ideia de que, se pararmos com todas as actividades que consideramos que nos “condicionam”, sejam positivas ou negativas para nós, é apenas uma ilusão. De uma forma ou de outra, todos nós precisamos de limites e de rotinas saudáveis e é importante reconhecê-los atempadamente, de forma a evitar entrar em estados de exaustão de tal maneira importantes, que uma névoa acaba por se espalhar sobre a nossa capacidade de discernimento, e damos connosco a colocar no mesmo “saco” as rotinas e hábitos saudáveis e as rotinas e hábitos prejudiciais… A longo prazo, as consequências deste tipo de escolhas, revelam-se sempre desagradáveis e trabalhosas… Porque nunca é assim que as coisas funcionam…
“Dar rédea solta aos instintos e desejos naturais não é yoga. O yoga exige maestria sobre a natureza, não sujeição à natureza.”
Sri Aurobindo
Partimos de uma ilusão, muitas vezes escondidos atrás do escudo da negação (apesar das inúmeras experiências passadas), e cheios de esperança, acreditamos que, desta vez, não nos vamos deixar novamente arrastar, submergir ou engolir pelo turbilhão da próxima “onda”. Esperamos, desta vez, ter recuperado forças suficientes para aguentar a pressão que surge novamente quando regressamos ao trabalho, à rotina, ao quotidiano, ou quando temos de fazer face a novos obstáculos e adversidades. Esperamos, desta vez, aguentar mais facilmente até à pausa seguinte, esperando pelo fim de semana, por umas pequenas férias ou mesmo uma viagem para mudar de ares, se tivermos “sorte”… E, mais à frente, voltamos a encontrar tudo aquilo que colocámos em pausa (ou que escondemos debaixo do tapete…), no mesmo sítio ou “mais crescido” e mais uma vez, face às dificuldades, face à nova pressão, face ao novo cansaço (ou a continuação do cansaço que já tínhamos acumulado, já que a maioria das pessoas regressa de férias tão ou mais cansada do que quando partiu…) começamos a questionar-nos sobre “até quando” vamos ter de aguentar. Substituímos a memória das experiências passadas pela esperança que, desta vez, tudo possa ser diferente e assim vamos avançando, empurrando todo o nosso ser a novos limites, semana após semana, mês após mês, ano após ano…
“O corpo pode ser sustentado por muito tempo quando a influência [da Força Divina] é totalmente exercida, e há na mente e no vital uma fé e um chamamento para um único propósito; mas se a mente ou o vital são perturbados por outras influências ou se se abrem a forças que não as da Mãe [Divina], produzir-se-á um estado misto e por vezes haverá força, outras vezes cansaço e exaustão ou doença, ou uma mistura de ambos.”
Sri Aurobindo
Ou não…
Porque, por vezes, é preciso parar, analisar, reavaliar, relembrar os resultados das experiências passadas e definir novas prioridades, transformar…
No final, é sempre uma questão de discernimento, de aprendizagem constante e da escolha clara e sincera entre a sabedoria ou o sofrimento. E sinceramente, se eu não acreditasse plenamente que é possível, para cada indivíduo, escolher a Sabedoria, há muito tempo que teria deixado de partilhar a minha própria experiência dos ensinamentos do Yoga!
Yogasūtra I.14
स तु दीर्घकालनैरन्तर्यसत्कारासेवितो दृढभूमिः॥१४॥
sa tu dīrghakālanairantaryasatkārādarāsevito dṛḍhabhūmiḥ ॥14॥
«Ela [a prática constante] só encontra uma base sólida, se acompanhada de uma duração prolongada, sem interrupções e se for realizada com dedicação e zelo».
Há muito tempo que eu escolhi não “funcionar” de acordo com este modelo energético ou dar-lhe o meu consentimento, já que considero que está mais ligado ao sofrimento, do que à Sabedoria (na minha humilde opinião). É um modelo de consumo de energia que não é auto-sustentável, nem a curto, ou médio ou a longo prazo e que leva inevitavelmente, mais tarde ou mais cedo, à frustração, à vitimização e ao parasitismo de energia e, pessoalmente, não vejo nele qualquer tipo de benefício à minha evolução espiritual. Sinto que quando nos deixamos completamente “esgotar” pelas circunstâncias interiores e/ou exteriores, resistindo ou combatendo aquilo que é, cedendo constantemente aos nossos medos (अभिनिवेश abhiniveśa), os apegos (राग rāga) e as repulsas (द्वेष dveṣa) que inevitavelmente reforçam o nosso ego (अस्मिता asmitā) e fazem com que a vontade pessoal acabe por se sobrepor à Vontade Divina, numa tentativa de moldar a realidade àquilo que achamos que deveria ser ou gostaríamos que fosse e, tudo isto, sem desenvolver a capacidade de gerar a nossa própria energia, então reforçamos o poder e a influência da ignorância (अविद्या avidyā) e da ilusão (माया māyā), e torna-se extremamente difícil manter o centro, manter o foco, manter a resistência e a resiliência física, mental, emocional, energética e espiritual… E a Vida, tal como a prática quotidiana de Yoga, assemelha-se mais a uma maratona que a uma corrida de 100 metros, por isso parece-me importante, extremamente importante definir aquilo que efectivamente nos propulsiona para a frente e aquilo que constantemente nos puxa para trás, impedindo-nos de avançar…
“É verdade que devemos tentar manter a condição interna em todas as circunstâncias, mesmo nas mais desfavoráveis; mas isso não significa que devemos aceitar, sem necessidade, condições desfavoráveis quando não temos boas razões para permitir que elas continuem.”
Sri Aurobindo
A partir de um certo ponto de esgotamento, começamos simplesmente a “esperar” que as coisas se resolvam por si mesmas, começamos a duvidar da nossa capacidade para lidar com os obstáculos e as adversidades, começamos a perguntar-nos quando é que finalmente as coisas ficarão mais fáceis e de acordo com as nossas preferências e, finalmente, abrimos mão da nossa responsabilidade pessoal e da nossa soberania em todas as circunstâncias, em troca da promessa de uma resolução fácil e rápida daquilo que nos está a perturbar. Quando a nossa atenção começa a focalizar-se sobre a necessidade de um “prazo final”, seja qual for a dificuldade ou o obstáculo que temos à nossa frente, individual ou colectivo, é um sinal claro de que já fomos longe demais e é importante regressar quanto antes à prática de Īśvarapraṇidhāna (ईश्वरप्रणिधान, que é a entrega ao Absoluto/Deus ou o dom de si mesmo, a “oferenda de todas as suas acções a Deus”), de relembrar o quão importante é cultivar a auto-Compaixão e o Amor Próprio, de entregar os frutos das suas acções ao Divino e enraizar toda a nossa Existência, toda a nossa Consciência, todo o nosso Ser na Fé e na Confiança no Divino dentro do nosso Coração e no Plano Divino que nos está destinado enquanto indivíduos e enquanto colectivo.
“A fé que se pede ao sādhak [praticante] para ter nas coisas espirituais não é uma fé ignorante, mas uma fé luminosa, na luz e não na escuridão.”
Sri Aurobindo
Em consciência, podemos então agir, em vez de reagir. Em consciência, podemos então preservar e sustentar a nossa energia, utilizá-la de forma saudável ao Serviço do Bem Comum, em vez de desperdiçá-la de forma egoísta, ao tentar realizar os infindáveis delírios e exigências de um ego ferido, apenas ao serviço da ignorância e nada mais. Em consciência, podemos então privilegiar a intuição e escolher a Verdade (सात्य sātya), parar de mentir (principalmente a nós mesmos), transformando profundamente, de forma celular, permanente e definitiva, a nossa intenção, o nosso consentimento, a nossa Autoridade e colocando toda a Força e a Coragem do nosso Coração exclusivamente ao Serviço de Deus, do Dharma (धर्म Ordem Cósmica) e das aspirações da nossa Alma.
“É uma intuição, uma intuição que não fica à espera que a experiência a justifique, mas que conduz à experiência.”
Sri Aurobindo
Nós, e apenas nós, criamos a nossa realidade a cada instante. Através do nosso trabalho interior, mudamos o mundo à nossa volta. Não porque mudamos os outros ou as circunstâncias que nos rodeiam ou porque evitamos as interferências e ataques obscuros que vamos sofrendo ao longo do caminho, através do nosso ego ou impondo a nossa vontade pessoal sobre os outros, mas simplesmente porque mudamos e transformamos a forma como reagimos ao mundo à nossa volta e, substituindo a esperança pela Fé e o sofrimento pela Sabedoria, voltamos a recuperar a nossa Divindade, a nossa Soberania, a nossa Liberdade. Através da nossa prática de Yoga, através da Fé que colocamos nela e no caminho que percorremos, mas também na nossa capacidade pessoal para percorrê-lo e para alcançar o objectivo a que nos propomos. O Yoga é tudo isto ao mesmo tempo, a Fé em nós, no caminho, no objectivo e, em tempos antigos, também também se incluía a Fé no professor, no mestre ou guru (गुरु). Hoje em dia, como já afirmei várias vezes, sinto claramente que o tempo dos guru já acabou, pois muitos daqueles que transmitem os ensinamentos do Yoga ou mesmo de outras formas de espiritualidade, ensinam a partir da esfera mental e sem ter alcançado a plena integração pessoal do que transmitem, em todos os seus corpos e Consciência, estação de identidade e estado de evolução espiritual, manifestando depois claras lacunas e incongruências entre os seus pensamentos, as suas palavras e as suas acções…
Ninguém é perfeito até ter atingido o estado de Yoga (योग), de União com o Divino dentro do seu Coração e até ter criado as condições necessárias para que a sua Consciência Superior possa descer e encarnar-se plenamente no seu veículo físico, até ter atingido a Libertação (मोक्ष mokṣa) da influência das causas de sofrimento (क्लेश kleśa, que são o medo, a repulsa, o apego, o ego e a ignorância), permitindo finalmente que a vontade pessoal se coloque plenamente, completamente e totalmente ao Serviço da Vontade Divina, revelando e manifestando, através das experiências da vida, a nossa Verdadeira Essência de Sat-Chit-Ānanda (सच्चिदानन्द), Existência, Consciência e Felicidade.
“A fé não depende da experiência; é algo que existe antes da experiência. Quando começamos a praticar yoga, não é geralmente baseados na experiência, mas na força da fé. Isto é verdade não só no yoga e na vida espiritual, mas também na vida quotidiana.”
Sri Aurobindo
Por isso insisto sempre na necessidade de desenvolver o discernimento, manter a Fé no Divino dentro do nosso Coração, acolher apenas aquilo que ressoa e colocar de parte tudo o resto. Através do nosso trabalho interior, da nossa vontade sincera para observar, sem filtros, todas as nossas partes de sombra, as nossas feridas e os nossos gatilhos, e desconstruir os mecanismos de defesa do ego, que tornam possível a sua existência, vamos criando as condições necessárias para nos libertarmos dos kleśa (क्लेश) e reconhecer em cada uma das nossas células a Frequência da Verdade, alinhando-nos a ela em cada momento, em cada circunstância, em cada situação.
No final, nunca se trata do quê, quando, como, nem mesmo do porquê das coisas acontecerem ou deixarem de acontecer na nossa vida, enquanto indivíduos ou parte de um colectivo, mas sim da forma como percepcionamos, compreendemos, acolhemos (ou resistimos…), da forma como nos posicionamos face ao que nos é dado a experimentar, aprender, vivenciar, ultrapassar ou simplesmente testemunhar e aceitar. E isso, é da nossa única e exclusiva responsabilidade, é uma escolha nossa e apenas nossa, e depende essencialmente daquilo que damos de nós mesmos no processo de auto-Conhecimento, de evolução espiritual, de União com o Divino dentro do nosso Coração. O que damos de nós mesmos e colocamos de nós ao serviço deste imenso processo de desenvolvimento da nossa capacidade de discernimento e libertação da ignorância, do ego, do apego e da repulsa, assim como do medo, recuperamos proporcionalmente em Neutralidade, em Serenidade, em Confiança e Fé no Plano Divino, no Dharma, na Vontade Divina.
“A fé é o testemunho da alma de algo que ainda não foi manifestado, cumprido ou realizado e que, no entanto, o Conhecedor em nós, mesmo na ausência de qualquer indicação, sente como sendo verdadeiro ou extremamente digno de ser seguido ou realizado.”
Sri Aurobindo
Quando vejo e testemunho de forma compassiva o estado do mundo à minha volta, com todas as suas inversões e distorções, com toda a sua ignorância e tirania, com todas as suas mentiras e manipulações, sinto claramente que a única solução é voltar a minha atenção para o interior, reflectir sobre a forma como tudo isso se manifesta igualmente dentro de mim, nos meus pensamentos, nas minhas palavras, nas minhas acções. Analisar de que forma posso libertar-me de todas as correntes e de todos os fardos pousados sobre mim, (independentemente de quem os colocou ou de quando foram colocados), e colocar em prática tudo o que seja necessário para que essa Libertação seja definitiva e permanente, da forma mais Neutra e Pacífica possível. Não é indiferença. É Neutralidade. É Aceitação. É Paciência. É Fé. É Amor. E, acima de tudo, é o reconhecimento inequívoco da Frequência da Verdade e o alinhamento pleno e consciente da minha intenção, do meu consentimento e da minha Autoridade a essa Verdade, por muito desconfortável que isso possa ser por momentos (é quase sempre…). Pois sei que só assim encontrarei a resposta à mais importante de todas as questões : “Quem Sou?”…
“A maioria das pessoas vive no seu “eu” exterior comum, ignorante, que não se abre facilmente ao Divino. No entanto, há dentro delas um ser interior que elas não conhecem e que pode facilmente abrir-se à verdade e à luz, mas existe um muro de separação, um muro de escuridão e inconsciência. Quando o muro cai, segue-se a libertação.”
Sri Aurobindo
A todos aqueles que começam ou regressam à prática de Yoga neste momento, pela primeira vez ou depois das férias, recomendo vivamente que mantenham esta questão existencial presente na vossa consciência, já que ela é essencial à nossa evolução, tanto na prática como na vida, dentro e fora do tapete. Ela liberta-nos frequentemente da tendência à identificação com os véus da ignorância (अविद्या avidyā) e ajuda-nos a relembrar e redefinir as nossas prioridades ao quotidiano. O efeito desta questão em cada um de nós, principalmente se for colocada com sinceridade e devoção, é sempre íntimo e pessoal e vai evoluindo à medida que nós próprios vamos evoluindo. A presença constante desta questão dentro do nosso Coração, mesmo quando nos parece difícil encontrar a resposta, ajuda-nos a manter a distância justa e saudável de toda e qualquer forma de comparação, de sentimentos de inferioridade ou de superioridade, de julgamentos ou de identificação com elementos externos. SOMOS TODOS UM. Mas também SOMOS TODOS ÚNICOS na nossa manifestação através da forma como exercemos o nosso Livre-Arbítrio, assim como é única a nossa busca e o nosso caminho e isso é pura e simplesmente maravilhoso!
“É um erro pensar que podemos progredir tendo medo ou estando infelizes. O medo é sempre um sentimento a rejeitar, porque aquilo que tememos é precisamente aquilo que é mais suscetível de nos acontecer. O medo atrai aquilo que é o objecto do medo. A infelicidade reduz as nossas forças e deixa-nos mais vulneráveis às causas do sofrimento.”
Sri Aurobindo
Tenho Fé que um dia virá em que cada um de nós poderá reconhecer plenamente, em cada uma das nossas células, em todo o nosso Ser, a nossa Verdadeira Essência Divina e, nesse instante, todas as dificuldades, todos os obstáculos, todas as adversidades, todas as dores e mesmo toda e qualquer fonte de sofrimento passarão a ser apenas aquilo que são, perderão a sua força e a sua influência sobre os nossos corpos e consciência e existirão apenas na sua esfera de existência, sem interferir com a Paz e a Felicidade que podemos sentir em todas as situações, por muito difíceis que sejam, sabendo que tudo passa! TUDO PASSA… Nada permanece, a não ser a infinidade da nossa Alma e a divindade do nosso Ser. É apenas no aqui e no agora que podemos experimentar plenamente a eternidade do nosso SER… Por isso lhe chamamos PRESENTE…
“Uma atmosfera espiritual é mais importante do que as condições externas; se conseguirmos obter e também criar o nosso próprio ar espiritual para respirar e viver, esta é a verdadeira condição para o progresso.”
Sri Aurobindo
Assim, aqui e agora, neste mês de SETEMBRO, ainda de férias ou de regresso delas, desejo-vos uma boa continuação ou um bom regresso à prática! Se vos for possível, para além da vontade de regressar a uma prática constante, peço que tragam igualmente a vontade de cultivar o desapego e deixar os medos, os apegos e as repulsas, o ego, assim como os véus da ignorância junto dos vossos sapatos e subir para o vosso tapete com Fé e Energia, sem esquecer a Memória e a Concentração necessárias às tomadas de Consciência que, no final, nos permitem manter a Paz e a Tranquilidade no centro de toda e qualquer tempestade! Ao longo de toda a nossa vida, muitas serão as batalhas entre a Luz e a sombra que ainda teremos de travar, dentro e fora de nós. Muitas serão ainda as vezes, em que teremos a sensação de estar a sair de uma máquina gigante de lavar roupa, depois de ter passado num programa longo de centrifugação… Que a Fé dentro do vosso Coração vos permita encontrar conforto dentro de todo e qualquer desconforto, em toda e qualquer situação, alinhando a vossa vontade pessoal à Vontade Divina e guiando-vos, assim, ao longo do vosso Caminho Orgânico, que vos levará inequivocamente à Mais Elevada Expressão da vossa Alma! Não temos de ser perfeitos, mas podemos sempre fazer o melhor que conseguimos, com as ferramentas que temos, em cada instante, deixando o resultado das nossas acções nas mãos de Deus, não acham?
“Quando temos de viver num ambiente comum, com ocupações comuns, a melhor maneira de nos prepararmos para a vida espiritual é cultivar uma equanimidade e um desapego plenos e a samatā [equilíbrio] da Gitā, com a fé de que o Divino está sempre presente e que a Vontade Divina está sempre a agir através de todas as coisas, mesmo que, de momento, isso se faça de acordo com as condições de um mundo de Ignorância.”
Sri Aurobindo
Aqui deixo a minha eterna Gratidão e Reverência ao Tigrou, por todos os momentos partilhados connosco ao longo dos últimos 3 anos, assim como pelo seu Serviço prestado enquanto companheiro de Luz e de Amor! O Tigrou sempre foi para mim uma inspiração de Paz, de Alegria, de Amor e de Beatitude, uma inspiração que tantas vezes partilhei convosco.
Um verdadeiro Yogi!
Esta é a última fotografia que tirei dele e que tenho para partilhar convosco. Ele foi atropelado no dia 8/8/2024 e não sobreviveu… Mas continua e continuará sempre presente dentro do meu Coração, a inspirar-me a procurar sempre o melhor de mim, sem apegos…
Yogasūtra I.20
श्रद्धावीर्यस्मृतिसमाधिप्रज्ञापूर्वक इतरेषाम्॥२०॥
śraddhāvīryasmṛtisamādhi-prajñāpūrvaka itareṣām ॥20॥
«Para os outros, a fé, [precede] a energia, a memória, a concentração, a alta inteligência [tomadas de consciência]».
🍃🪷 ॐ 🪷🍃
Yogasūtra I.21
तीव्रसंवेगानामासन्नः॥२१॥
tīvrasaṁvegānām āsannaḥ ॥21॥
«O êxito pertence àqueles cujo impulso é impetuoso».
Como sempre, deixo-vos a minha mais profunda e sincera GRATIDÃO pela vossa leitura e atenção e peço-vos que, como de costume, acolham apenas o que ressoa convosco e coloquem de parte tudo o resto, já que tudo o que partilho convosco é apenas o fruto dos meus próprios questionamentos, experiências de vida, compreensões e integrações alcançadas através dos ensinamentos do Yoga, da minha própria prática espiritual e do meu sādhana (साधन). Com todo o meu AMOR e REVERÊNCIA, desejo-vos coragem, bons questionamentos e boas práticas… Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!
Namaste
🙏💜✨
Rita
ॐ लोकाः समस्ताः सुखिनो भवन्तु
ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः॥
Oṁ lokā samastā sukhino bhavantu
Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ
Oṁ
Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.
Que haja Paz, Paz, Paz.
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