top of page

Maio 2025

  • Foto do escritor: Rita
    Rita
  • 26 de abr.
  • 18 min de leitura

As pessoas que querem realmente fazer uma diferença no mundo, normalmente costumam fazê-la, de uma maneira ou de outra. E eu reparei num detalhe comum a todas essas pessoas: todas têm a convicção inabalável de que os indivíduos são extremamente importantes, de que todas as vidas são importantes. Ficam entusiasmadas com um sorriso. Estão dispostas a alimentar um estômago, a educar uma mente e a tratar uma ferida. Não estão determinados a revolucionar o mundo inteiro de uma vez só; simplesmente contentam-se com pequenas mudanças. Com o tempo, porém, as pequenas mudanças vão-se adicionando. Por vezes, chegam a transformar cidades e nações, e sim, mesmo o mundo.”

Beth Clark




Queridos alunos e amigos ✨,

MAIO está a chegar, com todas as suas flores🌸, os seus feriados, as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres e um inevitável ritmo de vida mais voltado para o exterior, em antecipação da energia do Verão☀️. As aulas mantêm-se nos horários habituais, às segundas, terças e quintas-feiras, entre as 6h30 e as 8h30, e entre as 17h30 e as 19h30.


No entanto, não haverá aulas nos feriados:


1/05 e 26/05


Mas relembro que o Shala🪷🍃 está sempre disponível para auto-prática, em qualquer horário que vos seja conveniente, nesses ou noutros dias e informo que eu estarei presente em ambos os dias, 1/0526/05, entre as 6h30 e as 8h30, para fazer a minha prática pessoal. E já se sabe que fico sempre muito feliz quando tenho o imenso privilégio de ter companhia para praticar! 


💜🙏🧘‍♀️☺️🧘‍♂️🙏💜


ree



Apesar de, ao longo de todos os meus anos de ensino de Yoga, ter continuamente assinalado a importância de uma prática de āsana quotidiana ou, pelo menos, constante e regular, enquanto ferramenta de higiene e purificação do corpo e da mente, e de ter manifestado e partilhado os benefícios da mesma, através do exemplo da minha própria prática pessoal, do meu próprio sādhana (साधन - prática espiritual), de uma maneira geral, em certos meses do ano, o Shala🪷🍃 continua a esvaziar-se naturalmente à medida que outras actividades e prioridades vão surgindo na vida dos alunos (há, obviamente, excepções e fico sempre muito Grata por poder testemunhá-las!🙏). MAIO é, sem dúvida, um desses meses, e é pela experiência adquirida ao longo do anos, que sinto que não vale a pena insistir em dar aulas nestes feriados… Ainda assim, não posso deixar de relembrar a importância da regularidade na prática espiritual que escolhemos para a nossa vida (seja ela qual for!). Certos benefícios do Yoga ou de qualquer outra prática espiritual, só se manifestam através dessa constância na prática, que já se sabe, exige disciplina pessoal, esforço sobre si mesmo e dedicação, assim como um desapego aos frutos da mesma…




Yogasūtra I. 12

अभ्यासवैराग्याभ्यां तन्निरोधः॥१२॥

abhyāsavairāgyābhyāṁ tannirodhaḥ 12


«A paragem das agitações mentais obtém-se através da prática constante (perseverante) [do Yoga] e do desapego.»




Em MAIO, na 4ª quarta-feira do mês, ao final do dia, entre as 17h30 e as 19h00, vamos continuar a debruçar-nos juntos sobre certos temas espirituais, através de aulas de prāṇāyāma (प्राणायाम - controlo do sopro e expansão da energia vital), de dhyāna (ध्यान - meditação), de aperfeiçoamento da técnica de āsana (आसन - posturas), de svādhyāya (स्वाध्याय - estudo de si mesmo, através dos textos sagrados) ou satsaṅga (सत्सङ्ग - conversas sobre temas espirituais) no Padma Yoga Shala🪷🍃. Estes encontros são  gratuitos e estão abertos a todos, mas necessitam uma inscrição prévia por parte de quem não frequenta regularmente o Shala🪷🍃, de forma a que possam aceder ao espaço (a menos que estejam acompanhados pelos alunos do Shala🪷🍃, que já têm o seu código pessoal).


QUARTA-FEIRA, 28/05

- das 17h30 às 19h00 -


🪷 Aperfeiçoamento da técnica de āsana 🪷


“Detalhes para adaptar a prática de āsana a todas as idades e condições (internas ou externas).” 



A prática regular de āsana, incluindo a prática de Ashtanga Vinyasa Yoga, é recomendada a partir dos 12 anos de idade e pode manter-se ao longo de toda a vida, sem limite de idade. Necessita, obviamente, de certas adaptações, dependendo da condição física de cada praticante e não será certamente igual praticar durante a adolescência, quando existe doença, lesão ou dor, durante uma gravidez, ou simplesmente à medida que o tempo passa e se atinge uma idade mais avançada. Dependendo das diferentes fases e condições da vida, a prática de āsana pode e deve ser adaptada, para evitar carências ou excessos e as inevitáveis frustrações associadas a uma falta de harmonia e de equilíbrio na prática. Apenas uma prática consciente e harmoniosa de āsana, poderá transformar-se numa prática regular, constante e durável, capaz de nos acompanhar em todas as etapas da nossa vida, até ao final da nossa encarnação, se essa for efectivamente a nossa intenção e o caminho escolhido pela nossa Alma…




“O cérebro é a parte do corpo mais difícil de ajustar nos asanas.” 

B.K.S. Iyengar




Aproveito igualmente para informar antecipadamente, que estarei ausente durante alguns dias em JUNHO (de 9 a 13/06), para poder praticar com o Peter Sanson, o querido professor do meu 💜, no Ashtanga Cascais, o Shala da Vera Simões (mais informações aqui). Não darei aulas, mas mais uma vez relembro que o Shala🪷🍃 está SEMPRE disponível para que possam fazer a vossa auto-prática, a qualquer hora que vos seja conveniente, nestes ou noutros dias!


💜🙏🧘‍♀️☺️🧘‍♂️🙏💜



Como sempre, acolham apenas o que ressoa para vós dentro do vosso Coração e lembrem-se que são sempre livres de ficar ou de partir, dependendo da forma como se sentem, ou não, em alinhamento com o que ensino, a forma como ensino ou com a própria energia do Shala🪷🍃.



Quando o aluno está pronto, o professor aparece.

Quando o aluno está realmente pronto, o professor desaparece.

Lao Tzu




ree


Uma prática paciente e regular é o segredo da realização espiritual. Não tenham pressa na vida espiritual. Façam o vosso melhor e deixem o resto nas mãos de Deus.”

Swami Sivananda


Existem inúmeras formas de praticar Yoga. Também existem inúmeros métodos para praticar āsana (आसन - postura), que podem ser, em aparência mais ou menos dinâmicos, mais ou menos intensos, mais ou menos fisicamente, mentalmente, emocionalmente ou espiritualmente exigentes. O método de Ashtanga Vinyasa Yoga é muitas vezes descrito e classificado como um dos mais fisicamente intensos, mais adaptado à “malta jovem, forte e flexível”. Esta ideia é consideravelmente reforçada pelas imagens amplamente divulgadas nas redes sociais, precisamente de “malta jovem, forte e flexível”, em posturas dignas dos artistas do Cirque du Soleil. Imagens esteticamente pensadas e detalhadamente encenadas em cenários paradisíacos. Imagens de uma realidade tão diferente da minha experiência pessoal e da realidade do Padma Yoga Shala🪷🍃 (onde a idade dos alunos varia neste momento entre os 13 e os 79 anos, com toda a variedade e diversidade de corpos que isso implica, todos lindos a fazer a sua prática de Ashtanga Vinyasa Yoga da melhor forma que podem e conseguem! ✨🧘‍♀️💎🧘‍♂️✨)…


Sim, reconheço que o método de Ashtanga Vinyasa Yoga pode ser bastante intenso de um ponto de vista físico (e não só!), mas não mais nem menos que qualquer outro método de Hatha Yoga (हठयोग - haṭhayoga, traduz-se literalmente por yoga do esforço” ou yoga da perseverança” e quem quem já praticou comigo os 108 Sūryanamaskāra (सूर्यनमस्कार) segundo a tradição do Yogi Sri Sri Sri Satchidananda de Madras, sabe ao que me estou a referir! 😉🥵😂). Sim, reconheço que no início podemos ficar todos partidos (ou de cada vez que recomeçamos depois de uma pausa, que iniciamos a prática de uma nova postura ou que é corrigida a execução de posturas “antigas”…). Mas pergunto, é diferente de qualquer outra actividade física? E de onde virá verdadeiramente o nível de exigência e de intensidade? Será da prática ou será do praticante? Será da  que anima o Coração de quem pratica ou da “agenda” preenchida com as expectativas do ego? A resposta é pessoal encontra-se dentro de cada um de nós e é, por essa razão, diferente para cada um de nós, mas a reflexão que nos levará a essa resposta, começa quase sempre com a mesma questão… Porque pratico? E, de um ponto de vista mais alargado : “Porque razão estou encarnado aqui e agora, neste tempo, neste espaço? Qual é, verdadeiramente, o meu svadharma?”. 



O sucesso do Yoga não deve ser medido pela flexibilidade que o seu corpo adquire, mas sim pelo quanto ele abre o seu coração.”

T.K.V. Desikachar




ree


Da resposta ao “porquê?”, virá depois o “como?” que, mais uma vez, será diferente para cada um, dependendo das suas características pessoais, da sua personalidade, da sua capacidade de entrega e dedicação. Se assim estiver destinado para nós, podemos encontrar um Shala, um professor e mesmo uma comunidade, que nos apoia e sustenta a nossa prática, mas ainda assim, a nossa prática espiritual, o nosso sādhana (साधन) será sempre um caminho pessoal (e, por vezes, mesmo solitário) que exige disciplina e esforço sobre si mesmo (तपस् - tapas). Cada um o seu caminho, mas nenhum se fará sem Paciência, Determinação, Devoção, Resiliência, Humildade e Compaixão… 


Por etapas, o impossível torna-se possível.”

D.K.V. Desikachar




ree


O Yoga em geral e a prática de āsana em particular, é suficientemente flexível para se adaptar às necessidades de cada indivíduo, independentemente das suas capacidades, do seu potencial ou da sua idade. No Yoga, não há limitações, nem exclusões no que diz respeito à possibilidade de atingir o samādhi (समाधि - Meditação profunda, Estado Contemplativo e de Absorção Meditativa) ou de alcançar mokṣa (मोक्ष - Libertação). A maioria das vezes, é da rigidez do corpo mental que nascem as limitações e ideias erróneas sobre o que é ou não é possível fazer através do corpo físico. Consequentemente, é muitas vezes também através da eliminação desses limites enraizados na mente, que damos connosco a  fazer coisas que anteriormente nunca teríamos ousado sequer imaginar, quanto mais fazer! Tem sido um dos maiores privilégios da minha vida, poder testemunhá-lo dia após dia, a acontecer dentro do Padma Yoga Shala🪷🍃! Cada “milagre”, enche-me o Coração


Muda a mente e poderás mudar o corpo.

Swami Sivananda




ree


No Yogasūtra, Patañjali descreve cinco características que são essenciais em todos aqueles que procuram activamente e efectivamente a libertação do sofrimento (दुःख - duḥkha) através das técnicas do Yoga, e a primeira, que dá origem a todas as outras, é a  (श्रद्धा - śraddhā).



Yogasūtra I.20

श्रद्धावीर्यस्मृतिसमाधिप्रज्ञापूर्वक इतरेषाम्॥२०॥

śraddhāvīryasmṛtisamādhi-prajñāpūrvaka itareṣām ॥20॥


«Para os outros, a fé, [precede] a energia, a memória, a concentração, a alta inteligência [tomadas de consciência]».



Na minha opinião, é da  (श्रद्धा - śraddhā) que vem a intensidade da prática (acima de tudo, a intensidade espiritual!). Da  vem a entrega a uma procura espiritual sincera e autêntica. Da  vem a constância da prática além do entusiasmo inicial. Da  nasce igualmente a capacidade de nos distanciarmos de um impulso impetuoso inicial que pode estar enraizado no ego, para encontrarmos a harmonia e o equilíbrio de uma acção justa, adaptada ao momento presente e ao Serviço da Vontade Divina.


A fé é o testemunho da alma de algo que ainda não foi manifestado, alcançado ou realizado, mas que, no entanto, o Conhecedor dentro de nós, mesmo na ausência de todas as indicações ou provas, sente como sendo verdadeiro ou, pelo menos, extremamente digno de ser seguido ou alcançado.

Esse sentimento pode persistir em nós, mesmo quando o mental não o reconhece, quando o vital se debate, se revolta ou o recusa.

Sri Aurobindo




ree


Ao longo dos anos, fui-me cruzando com inúmeros praticantes de Yoga, com uma prática de āsana extremamente avançada e, no entanto, com os Corações completamente fechados. Encontrei praticantes cujo ímpeto inicial era imenso, mas cuja agenda do ego estava de tal maneira preenchida, que a única opção que lhes parecia viável, era ignorar as etapas preliminares de aprendizagem (ó quão necessárias!), saltitando de método em método, de Shala em Shala, de professor em professor, apressados e em busca de uma solução mais “rápida e eficaz” para melhorar as suas capacidades físicas, sempre à procura de uma maior sensação de gratificação instantânea, sempre no serviço a si mesmos. Outros mergulharam na via do ensino, muito antes de estarem prontos para isso, muitas vezes pelas mesmas razões. E já há muito que deixei de contar quantos praticantes à partida sinceros e dedicados, por ingenuidade ou falta de discernimento, se perderam nos meandros da ilusão (माया - māyā) criada pelas redes sociais ou se deixaram desviar por professores, colegas, amigos ou familiares… Nenhum destes caminhos me é estranho, todos me foram apresentados no início do meu percurso espiritual e no Yoga (e, por início, estou a falar pelo menos dos primeiros 10 anos de prática constante e regular!), e alguns deles percorri-os durante algum tempo, prisioneira da influência dos kleśa (क्लेश - causas de sofrimento), incapaz de identificar, reconhecer ou localizar certos medos, apegos, repulsas ou mecanismos de defesa do ego, por causa de avidyā (अविद्या - ignorância). Falo sobre eles de uma forma neutra e imparcial, com conhecimento de causa, mas sem qualquer tipo de julgamentos, sobre mim mesma ou quem reconheço que ainda se encontra perdido por eles. Quando finalmente regressamos ao nosso Verdadeiro Caminho Orgânico, quando nos autorizamos a abrir plenamente e incondicionalmente o nosso Coração e nos entregamos definitivamente ao Serviço ao Outro, é essencialmente a Responsabilidade Pessoal, o Perdão e a Compaixão que nos acompanham, não o julgamento, o ressentimento ou a culpabilidade


Uma transformação tão grande como a contemplada pelo yoga, não pode ser realizada por uma vontade dividida, nem por uma pequena fração da nossa energia ou por uma mente hesitante. Aquele que procura o Divino tem de se consagrar a Deus e apenas a Deus.

Sri Aurobindo




ree


Se alguns voltam a encontrar o seu Caminho Orgânico alinhado com o Dharma (धर्म - Ordem Cósmica), com Deus e com o apelo profundo  e sincero das suas Almas (que pode ser o Yoga ou não, o objectivo é mais importante que o caminho!), reconhecendo os seus apegos, repulsas ou medos, os infindáveis mecanismos de defesa do ego e trabalhando sobre si mesmos, da melhor forma que conseguem e com as ferramentas que têm, para se libertarem da sua influência, outros tantos escolhem ficar prisioneiros da ignorância, do ego e do ego espiritual, prisioneiros da cegueira, da negação, do orgulho ou da repulsa (trabalhar sobre si mesmo de forma sincera e é duro e, quase sempre, muito, muito doloroso e exigente, muito mais que qualquer prática de āsana, seja qual for o método escolhido!)… 


Mas, muito felizmente, a Verdade nunca deixa de ser a Verdade e a vontade de voltar a encontrá-la ou de regressar a ela de forma voluntária e consciente (por muito esforço que isso possa exigir!), é uma escolha que nunca deixa de estar acessível, a cada etapa da Vida e do Caminho Espiritual de cada ser humano. Somos sempre responsáveis de cada passo dado ao longo do caminho. Somos igualmente responsáveis das consequências dos mesmos, por isso é tão importante escolher em consciência como queremos viver a nossa vida e como queremos utilizar o nosso tempo aqui, agora… Pelas mais diversas razões, muitas vezes escolhemos fechar o nosso Coração, mas Deus nunca, nunca, nunca deixa de existir lá dentro… Podemos não nos lembrar, mas nunca deixamos de ser Quem Somos… Cada Coração que se abre de forma definitiva e permanente à Verdade da sua Essência Divina é mais uma peça que se encaixa no imenso puzzle do Plano Divino para a Libertação da Consciência para Todos. Todos são importantes, todos têm o seu papel e o seu lugar dentro do Dharma (धर्म - Ordem Cósmica). 🙏💜🙏


“A totalidade da verdade está presente em cada alma, sob a forma de uma semente que pode ser levada a desabrochar, se a alma se consagrar ao desenvolvimento dessa mesma semente.”

Rudolf Steiner




ree


Por outro lado, tem sido um imenso privilégio cruzar-me com tantos outros praticantes ou professores de Yoga em geral e também de Ashtanga Vinyasa Yoga, cujas condições físicas iniciais poderiam demovê-los da intenção de iniciar ou manter uma prática física que supostamente é demasiado intensa ou exigente “para eles”, mas que se mantêm firmes, dedicados e pacientes, fazendo o melhor que podem e conseguem, com as ferramentas que têm no momento presente, evoluindo ao seu próprio ritmo e de acordo com as suas capacidades. Além da dor, além da doença, além da força, da flexibilidade, do peso, da idade, das diferentes fases da vida ou das condições externas e sempre, sempre, sempre, com uma imensa Humildade e Compaixão, com o Coração tão aberto quanto possível, dia após dia, estendem o seu tapete e fazem a sua prática de āsana da melhor forma que podem. E, ao enrolar o seu tapete no final dessa prática, continuam a sua jornada no Yoga, através da prática dos Yama/Niyama, servindo de exemplo e inspiração para todos aqueles com quem se vão cruzando no dia a dia ou que partilham a sua vida (se houver vontade para ver, às vezes não há… É o que é e há que aceitar…). A minha prática (e a minha vida, que já se sabe que não são duas coisas distintas!) foi sendo transformada, ano após ano por momentos únicos partilhados com estas Almas Guerreiras de Luz e sentir-me-ei sempre e eternamente Grata por isso! Como poderia ser a mesma, depois de partilhar a experiência da prática de Yoga com uma pessoa que pratica até ao último instante das suas capacidades, com um cancro em estado terminal? Com uma pessoa que pratica cada dia, apesar de lhe ter sido amputada uma perna, no seguimento de um acidente? Com uma pessoa que encontra a força para regressar à prática durante ou depois da violência de uma cirurgia ou de uma quimioterapia? Com uma pessoa que arrisca voltar ao tapete, apesar de ter quase 80 anos e de ter partido o mesmo braço, duas vezes, num espaço de quatro meses? Com uma pessoa que não se deixa afastar da prática por nada deste mundo, nem sequer quando é atropelada por um carro e fica com um pulso partido? Com uma pessoa com uma condição física deformada ou degenerativa, por vezes com tantas dores, que mal consegue andar ou simplesmente manter a coluna vertical, mas ainda assim, se entrega a Deus e à prática, da melhor forma que consegue e com toda a humildade necessária para adaptar tudo o que é necessário para poder continuar a praticar, a evoluir? Com uma pessoa que, apesar de não encontrar um horário de aulas compatível com a sua disponibilidade, continua ainda assim a frequentar o Shala🪷🍃 nos horários que lhe são possíveis, mesmo sabendo que isso implica que pratique sozinha? Com uns adolescentes resmungões, mas que ainda assim conseguem sair da cama às 6h00, e praticar antes de ir para a escola? Com tantas mulheres grávidas, em todas as etapas da gravidez, procurando e ajustando o seu ponto de equilíbrio a cada semana da gravidez, à medida que o bebé vai crescendo dentro das suas barrigas e praticando enquanto lhes é possível, muitas vezes até ao dia do parto? Com pessoas a chegar aos 80 anos, mas que continuam a rejuvenescer e a provar que o tempo é relativo e não linear, ano após ano de prática? Com um professor que partiu um pé na véspera da sua viagem para poder estar com os seus alunos do outro lado do mundo e, ainda assim, escolheu não engessar, para poder continuar a ensinar, assistir e ajustar várias dezenas de pessoas por dia durante todo o tempo da sua própria cura e recuperação (e sim, recuperou plenamente!)? Como poderia eu perder a , com tantas provas irrefutáveis da Imensidão, da Força, da Coragem, da Humildade, da Paciência, da Compaixão e da infinita vontade de se Curar e de se Libertar, que todo e qualquer ser humano é capaz de manifestar, quando reconhece o Divino dentro do seu Coração e se entrega plenamente, sem expectativas, à sua Essência Divina e Ilimitada, à Vontade Divina e ao Serviço do Plano Divino?


“Com sinceridade, que possas fazer um esforço para progredir, e com paciência, que saibas esperar o resultado do teu esforço.”

Sri Aurobindo




ree


Acredito sinceramente que é através da  que desconstruímos e ultrapassamos todas as limitações, pois a  permite-nos reconhecer o Ilimitado que Somos. Cada um de nós é o Ilimitado, o Absoluto, o Divino e apenas a influência dos kleśa (क्लेश - causas de sofrimento: avidyā [अविद्या], a ignorância; asmitā [अस्मिता], o ego; rāga [राग], o apego; dveṣa [द्वेष], a repulsa; e abhiniveśa [अभिनिवेश], o medo da morte) nos impede de o reconhecer. À medida que vamos consolidando a nossa prática de cada um dos membros do Yoga (e não apenas o āsana!), com respeito e consideração pelas nossas próprias capacidades e condições física, energéticas, mentais, emocionais e espirituais, a “agenda do yoga preenchida pelo ego espiritual desaparece e, com ela, desaparecem igualmente todas as limitações. Há dias melhores e dias piores. Há dias com dor e dias sem. Nos casos de dor crónica, há dias com muita dor e dias com pouca dor e, por muito subtil que possa ser essa diferença, já é o suficiente. Há dias de prática extraordinária e dias em que nos arrastamos do início ao final. Há dias em que acordamos naturalmente antes do despertador e dias em que temos de nos “atirar” para fora da cama. Há dias em que fazemos uma prática de 2h30 sem qualquer esforço e dias em que uma simples Saudação ao Sol pode ser o suficiente para atirar a toalha ao chão. A verdade é que não há uma regra. Mas há, isso sim, uma constante, sem a qual não podemos continuar a avançar de acordo com o apelo da nossa Alma, sem a qual não podemos continuar a evoluir na direcção da nossa Expressão Mais Elevada e, felizmente ou infelizmente (depende sempre do ponto de vista de cada um), ela será permanentemente testada e colocada à prova… E essa constante é indubitavelmente a nossa


Como qualquer praticante espiritual, no início do meu percurso pela Via do Yoga, a minha Confiança e a minha  no caminho, no método, no seu objectivo, mas também nas minhas capacidades para alcançar esse objectivo e mesmo nos professores que me acompanharam durante as primeiras etapas (até encontrar o professor do meu 💜), foram constantemente testadas e não fiquei imune a alguns abalos mais fortes, que me fizeram questionar o facto de ter sido “feita” para a prática de Yoga. No entanto, a cada desafio superado, a Confiança e a iam aumentando e, ao mesmo tempo, consolidando a minha prática, expandindo o meu Coração e a minha Consciência e reforçando a minha capacidade para continuar a praticar em qualquer situação. Ao longo dos anos, fui podendo constatar que quanto maior a , maiores os testes e desafios, e simplesmente aceitar este facto, sem resistências… E vice-versa, quanto maiores os testes e desafios, maior igualmente a capacidade para sentir a a integrar-se em cada uma das células, um acesso a novas estações de identidade, uma ascensão a novos patamares de Consciência e uma expansão do Coração, cada vez mais ampla. Assim como uma maior capacidade para encarnar o Espírito da Paciência (क्षान्ति - kṣānti) em toda e qualquer situação


“Com amor e paciência, nada é impossível.”

Daisaku Ikeda





ree


Quando, há cerca de uma semana, comecei a sentir a manifestação desta reflexão que me é pedido que partilhe convosco no final de cada mês, estava certa de que o tema evoluiria à volta de kṣānti (क्षान्ति), esse Espírito da Paciência, que também pode ser traduzido por Constância, Tolerância, ou uma Pacífica Adaptabilidade, como a descreveu Swāmi Dāyananda, no seu livro “O Valor dos Valores”. Kṣānti (क्षान्ति), incluída na lista de valores que Kṛṣṇa ensina a Arjuna, na Bhagavadgītā, é igualmente considerada, na tradição budista, uma das 6 perfeições (pāramita - atitudes ou estados mentais, que são a generosidade [dāna], a virtude [śīla], a paciência [kṣānti], a energia ou vigor [vīrya], a meditação [dhyāna] e a sabedoria [prajñā]) alcançadas e manifestadas por um bodhisattva (dentro da tradição budista, é o termo aplicado a um “Ser Iluminado” realizado, uma pessoa que realizou a essência de um बुद्ध buddha [बुद्ध], mas escolheu adiar o seu próprio processo de Libertação por Compaixão por todos os outros seres, afim de se dedicar ao Serviço ao Outro).


Inicialmente, achei curioso que o tema bascule de forma tão natural e orgânica de Kṣānti (क्षान्ति), a Paciência, para Śraddhā(श्रद्धा), a . Mas, no final, percebo porque não poderia ser de outra forma… Como poderíamos praticar activamente e encarnar plenamente o Espírito da Paciência, se não tivéssemos  em nós mesmos, nos outros, no mundo que nos rodeia, em Deus? É o que é. O Plano Divino manifesta-se sempre dentro do Tempo Divino, em alinhamento com a Ordem Divina e de acordo com a Vontade Divina, independentemente da nossa compreensão actual do seu funcionamento, por isso, como de costume, acolhemos  apenas aquilo que ressoa, aquilo que contribui de forma positiva e benéfica para o nosso caminho pessoal neste momento preciso e colocamos de parte tudo o resto…   


“Paciência, significa também adaptarmo-nos ao que quer que seja na vida, em vez de desejar constantemente que algo seja diferente daquilo que é… Afinal, é apenas quando trabalhamos com as coisas tal como elas são, que podemos eventualmente transformá-las naquilo que gostaríamos que fossem.”

Swami Kriyananda





ree

REZA DA MANHÃ DE MAIO


Senhor, dai-me a inocência dos animais

Para que eu possa beber nesta manhã

A harmonia e a força das coisas naturais.


Apagai a máscara vazia e vã

De humanidade,

Apagai a vaidade,

Para que eu me perca e me dissolva

Na perfeição da manhã

E para que o vento me devolva

A parte de mim que vive

​À beira dum jardim que só eu tive.


Sophia de Mello Breyner Andresen




One Breath Around the World - Guillaume Néry


Como sempre, deixo-vos a minha mais profunda e sincera GRATIDÃO pela vossa leitura e atenção e peço-vos que, como de costume, acolham apenas o que ressoa convosco e coloquem de parte tudo o resto, já que tudo o que partilho convosco é apenas o fruto dos meus próprios questionamentos, experiências de vida, compreensões e integrações alcançadas através dos ensinamentos do Yoga, da minha própria prática espiritual, do meu sādhana (साधन), com o apoio incondicional das minhas Equipas Divinas. Com todo o meu AMOR e REVERÊNCIA, desejo-vos coragem, bons questionamentos e boas práticas… Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!



Namaste


✨ 💜 🙏 💜 ✨


Rita






ॐ लोकाः समस्ताः सुखिनो भवन्तु


ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः॥


 

Oṁ lokā samastā sukhino bhavantu


Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ


 

Oṁ


Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.


Que haja Paz, Paz, Paz.




🍃🪷🧘‍♀️💜🧘‍♂️🪷🍃



ree

 
 
 

Comentários


Não é mais possível comentar esta publicação. Contate o proprietário do site para mais informações.

Subscrever a Newsletter

Padma Final 01.jpg

Padma Yoga Shala

Largo de São João, nº18, 2º andar

9500-106 Ponta Delgada

2017 - 2025

O Padma Yoga Shala🪷🍃 ENCERRA de 20/12/2025 a 1/02/2026

bottom of page