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Novembro 2022...

“Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos, era a idade da sabedoria, era a idade da loucura, era a época da crença, era a época da incredulidade, era a estação da luz, era a estação das trevas, era a primavera da esperança, era o inverno do desespero.”

Charles Dickens

Queridos alunos e amigos ✨,

Chegámos finalmente ao fim deste intenso mês de Outubro e preparamo-nos a acolher o mês de Novembro, à medida que o final deste ano 2022 se aproxima a passos largos…

Em Novembro, o Padma Yoga Shala🌿 ENCERRARÁ na terça-feira, 1/11 (Dia de Todos os Santos) e na quarta-feira, 23/11 (lua nova).

Na terça-feira, 8/11 não praticaremos āsana, mas teremos aula de PRĀNĀYĀMA, de manhã, das 9h00 às 10h00 e à tarde, das 18h00 às 19h00.



 

Para muitos de nós, o mês de Outubro foi realmente muito intenso, tanto de um ponto de vista físico (com a mudança de temperatura e o “acordar” de dores e moinhas antigas), como psicológico, emocional (com os dias cada vez mais curtos e a mudança de hora), energético (o Outono🍂 começa a pedir por um certo recolhimento e preservação, conservação da nossa energia vital e nem sempre sabemos escutar estas necessidades) e espiritual (com maior necessidade de introspecção, silêncio, meditação) e é possível que haja algum anseio por dias mais tranquilos e noites mais serenas…

Por muito que essa aspiração sincera e profunda por uma maior Paz nas nossas actividades do quotidiano e nas nossas vidas em geral seja plenamente válida e justificada (pergunto-me constantemente se existirá outra forma de encontrar a Essência e a Pureza do nosso Ser, sem ser através da Paz interior e do Silêncio?), essa Tranquilidade e Harmonia nem sempre se encontram imediatamente ao nosso alcance, nestes tempos, época e sociedade de consumo, de busca de prazer imediato, de dependência à poluição e ao ruído (sonoro e visual), de distracções, interferências e, acima de tudo, de valores invertidos…


Quando vês que o comércio é feito, não por consentimento, mas por compulsão - quando vês que para produzir, precisas de obter a permissão de homens que não produzem nada - quando vês que o dinheiro flui para aqueles que negoceiam, não em mercadorias, mas em favores - quando vês que os homens ficam mais ricos por enxerto e por puxão do que pelo fruto do seu trabalho, e que as tuas leis não servem para te proteger deles, mas sim para os proteger de ti - quando vês a corrupção a ser recompensada e a honestidade a tornar-se um auto-sacrifício - podes reconhecer que a tua sociedade está condenada. Ayn Rand



 

Por momentos, viver de acordo e em alinhamento com o Dharma (धर्म Ordem Cósmica) e com a Verdade (Satya सत्य), nos tempos que correm, pode parecer-nos quase uma tarefa sobre-humana, de tal maneira aquilo que é justo e correcto, nos é apresentado como sendo incompreensível, inaceitável e imoral, e aquilo que é incorrecto e adharma (em oposição ao Dharma, à Ordem Cósmica, às Leis Universais e Valores mais elevados) é não só tolerado, mas sim banalizado e mesmo valorizado e recompensado…

जानामि धर्मं न च मे प्रवृत्ति र्जानामि पापं न च मे निवृत्तिः jānāmi dharmaṃ na ca me pravṛttiḥ jānāmyadharmaṃ na ca me nivṛttiḥ

“Sei o que está certo, o que é o dharma, mas não o faço; sei o que está errado, o que é o adharma, mas não deixo de o fazer.” Pāṇḍava Gītā, 57

 


À medida que o tempo vai passando e que vou observando o mundo à minha volta, de um ponto de vista Neutro, Compassivo e sem julgamentos (tanto quanto possível e nem sempre é fácil…), não posso senão constatar e realizar que o meu Coração transborda de Gratidão por esta Prática e Filosofia de Vida que é o Aṣṭāṅgayoga, que me permite continuar a avançar, dia após dia, sempre sem perder a minha integridade, o meu alinhamento ao Dharma, a minha Fé em Deus e a minha Confiança no Plano Divino e Sabedoria do Universo, independentemente do mundo que me rodeia, dos desafios que me são apresentados e que tantas vezes testam a minha Dedicação, das interferências que surgem com o intuito de desviar a minha energia e atenção e do esforço quotidiano necessário (físico, psicológico, emocional, energético e espiritual) para manter a Estabilidade e a Coerência, tanto na minha vida pessoal, como dentro do espaço de prática e de partilha que é o Padma Yoga Shala🌿.


 

Yogasūtra II.29

यमनियमासनप्राणायामप्रत्याहारधारणाध्यानसमाधयोऽष्टावङ्गानि॥२९॥

yama niyama-āsana prāṇāyāma pratyāhāra dhāraṇā dhyāna samādhayo-‘ṣṭāvaṅgāni ॥29॥

« Yama (Refreamentos), Niyama (Observâncias), Āsana (Postura), Prāṇāyāma (Disciplina do Sopro e Expansão da Energia Vital), Pratyāhāra (Recolher dos sentidos), Dhāraṇa (Concentração), Dhyāna (Meditação) e Samādhi (Ênstase) são os oito membros do yoga

 

Falo-vos de mim, das minhas percepções e experiência pessoal, porque sei que não sou a única a pensar o que penso, a sentir o que sinto, a viver o que vivo, face a este mundo cada vez mais incoerente e desequilibrado, mesmo se a forma como tudo isto se manifesta dentro de nós, será certamente diferente para cada um… Porque sei que nem sempre é fácil avançar pelo caminho do Bem Comum, num mundo que valoriza o Serviço a Si mesmo e o Egoísmo, gostaria que soubessem que não estão sós… Gostaria que não se sentissem sós…


Quando fizeres algo nobre e belo e ninguém reparar, não fiques triste. Pois o sol, todas as manhãs, é um belo espectáculo e, no entanto,

a maior parte do público ainda dorme.

John Lennon



 

Quanto mais despertamos para a incoerência da “realidade” exterior, maior a necessidade de descobrir e compreender a nossa Verdadeira Essência e encontrar respostas para questões como : “Quem Sou Eu?”, “De onde venho?”, “Para onde vou?” ou “O que faço aqui, agora?”…

Cada um de nós avança ao seu próprio ritmo, à medida que vamos ultrapassando as barreiras da ignorância (avidyā अविद्या), do ego (asmitā अस्मिता), dos apegos (rāga राग), da negação (dveṣa द्वेष) e dos medos (abhiniveśa अभिनिवेश), que representam os kleśa (क्लेश, as causas de sofrimento), e que vamos progredindo não só dentro destes questionamentos, mas também dentro da prática e da própria Vida e é da nossa única e exclusiva responsabilidade escolher, segundo o nosso Livre-Arbítrio, de que forma avançamos e qual o caminho que percorremos. É igualmente da nossa única e exclusiva Responsabilidade Pessoal, compreender e reconhecer onde se encontra a nossa Intenção, o nosso Consentimento, a nossa Autoridade, em cada situação, em cada circunstância, em cada momento. Porque, no final, nunca se trata das coisas que vivemos, dentro ou fora do tapete, mas sim da forma COMO escolhemos vivê-las e do nível de Pureza (śauca शौच), Verdade (satya सत्य) e Inocuidade (ahiṃsā अहिंसा) que manifestamos em cada um dos nossos pensamentos, das nossas palavras, das nossas acções, independentemente das dificuldades e/ou adversidades com as quais nos confrontamos ao longo da nossa existência terrestre, das nossas encarnações, passadas, presente ou futuras.



Usa a Luz que habita dentro de ti para recuperar a tua claridade natural de visão.

Lao-Tzu

 

Este mundo em que vivemos está construído de forma a abafar e sufocar a expressão da nossa Alma e a voz do nosso Coração, a apagar a nossa Essência Divina, a fazer-nos duvidar da nossa Intuição e a acreditar que a Verdade vem de fora para dentro, pela voz de alguma autoridade externa, sob a forma de pais, professores, gurus, especialistas, meios de comunicação social, governos, etc. Há anos que repito que nada é mais afastado da Realidade do que esta falsa ideia de que a Verdade possa vir de fora para dentro… Basta ver a que ponto as leis humanas se distanciam ou estão mesmo, por vezes, em oposição às Leis Universais Divinas, para compreender e integrar que a Verdade nunca, nunca, nunca pode vir de fora para dentro… Mas enquanto estamos sob a influência dos kleśa, pode ser extremamente difícil ou mesmo impossível admitir ou reconhecer esta realidade, tanto de um ponto de vista individual, como de um ponto de vista colectivo


Se não tiveres cuidado, os Meios de Comunicação Social vão fazer-te odiar os oprimidos e amar os opressores.

Malcolm X



 

Nesta fase de Ascensão, neste caminho de libertação da influência dos kleśa na nossa vida e de procura da Libertação da Consciência, independentemente do dia, da semana, do mês ou mesmo do ano, é muito provável que todos sejamos confrontados a momentos mais ou menos intensos, situações, dificuldades ou adversidades em que a nossa Intuição será amplamente solicitada, a nossa Integridade será posta à prova, os nossos Valores serão desafiados, a aplicação do nosso Livre-Arbítrio para servir o Bem Comum e a aceitação da nossa Responsabilidade Pessoal será requisitada. Momentos em que a nossa Vida será “virada do avesso”, com toda a instabilidade, insegurança, dor e mesmo sofrimento, que isso possa provocar. Momentos em que as tentativas para fazer com que a nossa Voz Interior, a nossa Intuição, o murmúrio do nosso Coração e da nossa Alma sejam abafados, desvalorizados, desprezados, ignorados ou esquecidos, serão imensas e violentas, pois essa Voz, essa Intuição, esse Murmúrio não irá na direcção das “autoridades”, dos “especialistas”, da “maioria”… Nestes momentos, desejo a cada um de nós a Força, a Coragem, o Discernimento, a Confiança, a Energia, a Memória e a necessárias para reconhecer, realizar e integrar que é dentro do nosso Coração que vamos encontrar a Verdade sobre nós mesmos, sobre os outros e sobre o mundo que nos rodeia e, com essa Verdade, virão igualmente todas as respostas e soluções, dentro do Tempo Divino e de acordo com a Ordem Divina.


 

É importante sentar-se sozinho debaixo de uma árvore sem um livro e observar a queda de uma folha, o fluxo de uma corrente de água, o voo de um pássaro, a perseguição dos pensamentos dentro do espaço da mente.

Se conseguirmos estar sozinhos a observar tais coisas, descobriremos tesouros que nenhum governo pode tributar, nenhum ser humano pode corromper e nada pode destruir.

Jiddu Krishnamurti

 

Patañjali diz-nos que :

Yogasūtra II.15

परिणामतापसंस्कारदुःखैर्गुणवृत्तिविरोधाच्च दुःखमेव सर्वं विवेकिनः॥१५॥

pariṇāma tāpa saṁskāra duḥkhaiḥ guṇa-vṛtti-virodhācca duḥkham-eva sarvaṁ vivekinaḥ ॥15॥

« Para aquele que desenvolveu o discernimento, tudo é sofrimento, resultado da mudança, da ansiedade, dos condicionamentos e [ainda] das [manifestações] inadequadas da natureza. »

Mas diz-nos também, logo de seguida, que :

Yogasūtra II.16

हेयं दुःखमनागतम्॥१६॥

heyaṁ duḥkham-anāgatam ॥16॥

«O sofrimento que ainda não ocorreu pode e deve ser evitado.».


 


Através do estudo e da prática de Aṣṭāṅgayoga, através da entrega e dedicação a este caminho de auto-conhecimento, através do desenvolvimento do nosso Discernimento e do reconhecimento do Divino dentro do nosso Coração, ao escolhermos posicionarmo-nos, de forma consciente e de acordo com o nosso Livre-Arbítrio, em alinhamento com o Dharma e as Leis Universais e ao colocar a nossa Intenção, Consentimento e Autoridade bem assentes em Deus e apenas em Deus, ganhamos acesso a todo um Universo de novas possibilidades e oportunidades para encarnar a mudança que queremos ver manifestada no mundo. Criamos novos paradigmas. Encarnamos novos paradigmas. Inspiramos novos paradigmas. Desenvolvemos a capacidade de manter a Estabilidade, a Coerência e a Integridade dentro do nosso Coração, nas nossas relações, nas nossas vidas, independentemente de tudo o que nos rodeia.

Não é um caminho fácil. Não será certamente o caminho mais popular ou generalizado. Provavelmente, não será a escolha da maioria. E está tudo bem assim… Não devemos emitir qualquer julgamento sobre as escolhas dos outros, por muito próximos que nos sejam, da mesma forma que não devemos permitir que interfiram com as nossas escolhas e acções, o que inevitavelmente nos desviaria do nosso caminho e do nosso svadharma, a nossa Missão de Vida, o nosso Dever


Ama e faz o bem a todos, mas não te tornes um escravo. Swami Vivekananda

 

Autor desconhecido


Mas o que eu gostaria verdadeiramente transmitir-vos, através das minhas palavras, mas acima de tudo através do exemplo das minhas próprias acções, a todos aqueles que escolheram, de forma consciente, viver o Yoga também além do tapete, trazendo os seus Valores mais elevados e os Yama/Niyama para a sua vida quotidiana é que, apesar deste caminho ser um caminho solitário, desta prática ser uma prática individual e dos desafios e testes à nossa integridade e dedicação serem constantes e por vezes bastante intensos, nunca estamos sozinhos… E, no final, nesta ou nas próximas vidas, aquilo que procuramos, gostaríamos e desejaríamos SER, vai finalmente revelar-se como sendo aquilo que JÁ SOMOS, à medida que nos libertamos de forma permanente e definitiva de avidyā (अविद्या), desta ignorância metafísica que nos impede de reconhecer a nossa Essência Divina.


 

Yogasūtra II.5

अनित्याशुचिदुःखानात्मसु नित्यशुचिसुखात्मख्यातिरविद्या॥५॥

anityā-aśuci-duḥkha-anātmasu nitya-śuci-sukha-ātmakhyātir-avidyā ॥5॥

« Avidyā é considerar o efémero como eterno, o impuro como puro, o sofrimento como prazer e o relativo como Absoluto.»


 

Enquanto isso não acontece, sem nunca perder a Confiança e a , tanto em nós mesmos, como nesta via que escolhemos como caminho de “regresso a casa”, trabalhando de forma árdua e dedicada para colocar em prática cada um dos oito membros do Aṣṭāṅgayoga, dentro e fora do tapete, de acordo com as nossas próprias possibilidades e capacidades, respeitando os nossos ritmos, encontrando o nosso próprio Tempo Divino, vamos avançando, dia após dia, fazendo o melhor que podemos para encarnar a mudança que queremos ver manifestada no mundo, enquanto praticantes e indivíduos em busca da Verdade, sobre nós mesmos, sobre os outros, sobre o mundo que nos rodeia, seja ele visível ou invisível aos nossos olhos, para já. Assim, em todas as situações, todas as circunstâncias, todos os momentos, mesmo que o mundo esteja “de pernas para o ar”, tentaremos manter-nos estáveis e flexíveis, enquanto indivíduos mas também enquanto colectivo, procurando a melhor forma de nos adaptarmos às condições externas, sem nunca perder o nosso Equilíbrio, a nossa Coerência, a nossa Integridade e o alinhamento às Leis Universais, ao Dharma e à nossa Verdadeira Essência Divina e, acima de tudo, sem esquecermos de QUEM REALMENTE SOMOS! ✨💙🙏


📷 de Pedro Taborda, para o Hotel da Caloura


A Paz das Coisas Selvagens


Quando o desespero pelo mundo cresce em mim

e acordo durante a noite com o mínimo som

com medo do que possa vir a ser a minha vida e a vida dos meus filhos,

vou e deito-me onde o pato-carolino

repousa na sua beleza sobre a água, e a grande garça se alimenta.

Eu entro na paz das coisas selvagens

que não tributam as suas vidas com a premeditação

do luto. Venho em presença das águas tranquilas.

E sinto acima de mim as estrelas cegas pelo dia

esperando com a sua luz. Por um tempo

descanso na graça do mundo e sou livre.

Wendell Berry


 


 

Deixo-vos a minha mais profunda e sincera GRATIDÃO pela vossa leitura e atenção e peço-vos que, como de costume, acolham apenas o que ressoa convosco e coloquem de parte tudo o resto!! Com todo o meu amor e carinho, desejo-vos coragem, bons questionamentos e boas práticas

Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!

Namaste 🙏💙✨ Rita


 

ॐ लोकाः समस्ताः सुखिनो भवन्तु

ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः॥

Om lokā samastā sukhino bhavantu

Om śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ

Om

Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.

Que haja Paz, Paz, Paz.

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