“Não deixem apagar o vosso fogo, faísca após insubstituível faísca, nos pântanos desesperados dos “nem-por-isso”, dos “ainda-não” e dos “não-de-todo”. Não deixem que o herói na vossa alma pereça na frustração solitária pela vida que mereciam e que nunca foram capazes de alcançar. O mundo que desejam pode ser conquistado. Ele existe… É real… É vosso…”
Ayn Rand
Queridos alunos e amigos ✨,
Cá estamos! Dezembro está a chegar, trazendo com ele o final de 2022…
Na quinta-feira, 1/12, caso haja um número suficiente de interessados, teremos uma AULA GUIADA, das 8h30 às 10h30 (a folha de “inscrição” encontra-se no Shala🌿, junto ao quadro de informações, coloquem o vosso nome, o mais tardar até terça-feira).
Depois, em DEZEMBRO, o Shala🌿 ENCERRARÁ na quinta-feira, 8/12 (Dia da Imaculada Conceição e também dia de lua cheia) e a partir de sexta-feira, 23/12 (lua nova), para descanso. Voltará a REABRIR na segunda-feira, 2/01/2023.
- O SHALA ENCERRA DE 23/12/22 a 01/01/2023 -
- REABRE SEGUNDA-FEIRA, 02/01/2023 -
É provável que o horário actual seja ligeiramente alterado a partir do próximo ano, informar-vos-ei com a devida antecedência, assim que tiver confirmação…
Há três anos, estava a preparar-me para mais uma viagem à Índia. Acabou por ser essencialmente uma viagem interior particularmente intensa e transformadora que, sem que o soubesse, estava a preparar-me para o que estava prestes a manifestar-se no mundo, transformando a vida de todos nós e levando os mais corajosos a questionar-se de forma ainda mais intensa e consciente sobre a ilusão (māyā माया) do mundo que nos rodeia e da sociedade em que vivemos.
É preciso Coragem para desejar ver a Verdade (satya सत्य). É preciso Coragem para abrir mão de todas as nossas certezas e iniciar assim o processo de desconstrução do ego (asmitā अस्मिता). É preciso Coragem para sair da nossa zona de conforto e, ao longo desse processo, encontrar a força necessária e justa para continuamente fazer face a tudo o que possa vir à superfície (abhyāsa अभ्यास) em cada um dos nossos corpos (físico, mental, emocional, espiritual, energético), sem apego aos frutos dos nossos esforços (vairāgya वैराग्य). É preciso Coragem para desenvolver o Discernimento (viveka विवेक) e manter a neutralidade, quando as dificuldades são tantas que caímos de joelhos e nos perguntamos se algum dia nos conseguiremos simplesmente levantar, quanto mais continuar a avançar… É preciso Coragem para Confiar em nós mesmos, para confiar no processo do Yoga, mesmo quando nos parece tão difícil de o manter ao quotidiano, para confiar no professor que o transmite, mesmo quando o nosso coração nos confirma o seu alinhamento e integração da prática e, acima de tudo, para confiar no objectivo do Yoga, que é mokṣa (मोक्ष), a Libertação, mesmo se nos parece tão difícil ou impossível de alcançar, por momentos… É preciso Coragem, para escutar a voz do Coração, o apelo da nossa Alma… Só ela nos levará de “regresso a casa”, à nossa verdadeira essência e Natureza Divina, independentemente das dificuldades, adversidades, distracções…
“É a alma que faz tudo aqui na terra; o resto é ilusão.” George Meredith
Neste final de ano, neste final de ciclo, queridos alunos e amigos ✨, gostaria de aproveitar para saudar a vossa Coragem! Gostaria de vos felicitar por não terem desistido de vós mesmos, por não terem desistido da vossa prática de Yoga, dentro e fora do tapete, por não terem desistido da intenção de alcançar a Liberdade, por não terem desistido da possibilidade de reconhecer a vossa natureza Divina, Soberana e Livre! 🙌👏💜
Aproveito igualmente para manifestar a minha imensa Gratidão a cada um de vós, por terem escolhido fazer esse caminho de auto-conhecimento, de busca pela Verdade no Padma Yoga Shala🌿 e por ressoarem com a forma como transmito os ensinamentos do Yoga, de forma tradicional, é certo, mas nem sempre convencional… Sem o vosso interesse, a vossa dedicação e o vosso apoio, a “professora de Yoga” em mim já teria certamente dado origem a outros aspectos do meu svadharma, que aguardam o seu Tempo Divino de manifestação, em ressonância com o chamado da minha Alma… Assim, expresso mais uma vez toda a minha Gratidão pela vossa Presença, pela vossa Dedicação e Entrega a essa busca da Verdade, sobre vós mesmos, sobre os outros, sobre o mundo que vos rodeia, através dos ensinamentos do Yoga! 🙏🧘♀️💜🧘♂️🙏 Espero que a “aventura” que vivemos juntos até agora, tenha sido tão enriquecedora e gratificante para cada um de vós, como tem sido para mim, e que continuem a sentir um perfeito equilíbrio entre tudo aquilo que dão de vós mesmos e tudo aquilo que recebem de mim, das minhas aulas, da estrutura e da energia do Padma Yoga Shala🌿, mas acima de tudo, tudo o que recebem através da vossa prática e experiência pessoal do Yoga, dentro e fora do tapete!
“Vocês são o que é o vosso profundo desejo condutor.
Tal como o vosso desejo é, também é a vossa vontade.
Tal como é a vossa vontade, também é a vossa acção.
Tal como é a vossa acção, assim é também o vosso destino.”
Bṛhadāraṇyakopaniṣad IV.4.5
Quem já me acompanha há três anos ou mais, é provável que se recorde do desafio que lancei em Janeiro/20, imediatamente a seguir ao meu regresso da Índia. Antes dessa data, falava regularmente dos dois primeiros membros do Yoga, que são as suas fundações e sem os quais nunca poderemos avançar de forma correcta e justa neste caminho. Depois dessa data, tornou-se ainda mais evidente a que ponto a nossa sociedade está afastada destes Valores Elevados e da Espiritualidade e como é difícil praticar estes princípios Universais num contexto completamente invertido e distorcido, mesmo para os praticantes mais disciplinados e dedicados. Ensinei tudo o que sabia sobre eles, a minha experiência, evolução, integração e realização de cada um deles. Partilhei-os nas aulas online, em cada conversa pessoal ou colectiva convosco, em cada Newsletter. Dediquei a Newsletter de Maio/21 aos Yama. Dediquei a Newsletter de Julho e Julho/21 aos Niyama. E hoje, peço novamente a vossa atenção para este tema, que constitui a base e as fundações de todos os ensinamentos do Yoga, de tudo o que vos transmito, de tudo o que penso, tudo o que digo, tudo o que faço, tudo o que SOU, do caminho que percorro guiada pelo meu Coração e pela minha Alma, independentemente da compreensão ou da validação dos outros ou do mundo que me rodeia… Este valores permitem que a minha vida represente um fluxo contínuo e ininterrupto de saltos de Fé no meio desta batalha dhármica entre o Bem e o Mal, que estamos a viver (da qual a maioria das pessoas parece não ter consciência). E os saltos de Fé não precisam nem de explicações, nem de justificações…
“Os guerreiros não são o que se costuma considerar como guerreiros. O guerreiro não é alguém que luta, porque ninguém tem o direito de tirar outra vida. O guerreiro, para nós, é aquele que se sacrifica pelo bem dos outros. A sua tarefa é cuidar dos idosos, dos indefesos, daqueles que não podem prover para si próprios, e sobretudo, das crianças, do futuro da humanidade.”
Sitting Bull
Recomendo vivamente que se “armem” mais uma vez com toda a vossa Coragem, Humildade e Paciência, que sigam os links assinalados acima e que refresquem a memória sobre estes temas (ou leiam pela primeira vez, para quem ainda não leu). Quanto mais o tempo passa e mais o nosso mundo revela a sua incoerência, a sua insanidade e a sua falta de integridade, mais estes princípios são indispensáveis à nossa evolução espiritual e, diria mesmo, à nossa sobrevivência. Como de costume, isto é apenas uma recomendação, eu apenas posso “indicar a direcção” e confirmar, por experiência própria, que onde colocamos a nossa Atenção, colocamos a nossa Energia, mas a forma como recebem ou decidem aplicar o que vos transmito é da vossa inteira responsabilidade e, como de costume, devem acolher apenas o que ressoa convosco.
Estes Valores Universais, estes dois primeiros membros do Aṣṭāṅgayoga descrito por Patañjali, foram muito provavelmente ensinados ao longo de toda a História da Humanidade (conhecida, esquecida ou escondida😉), podem assumir diferentes formas e ser apresentados em maior ou menor número. Não é importante a sua forma, mas sim o seu conteúdo. Não é importante a sua teoria, mas sim a sua prática. Não é importante o que os distingue, mas sim o que os une. Pois é através da sua integração e realização que alcançaremos o nosso pleno potencial, primeiro enquanto indivíduos e depois enquanto colectivo, através da Consciência de Unidade.
O Yoga é União.
O Yoga é Liberdade.
E, nos momentos difíceis, face aos desafios e às adversidades, quando a dor e o sofrimento se tornam insuportáveis, quando caímos de joelhos, pensamos que estamos sós e que nunca mais nos voltaremos a levantar, é importante relembrar que as nossas fundações estão bem assentes no centro do nosso Coração e reflectem a essência da nossa Alma. É da nossa verdadeira essência de Sat-Chit-Ānanda (सच्चिदानन्द), “Existência/Verdade, Consciência, Felicidade”, que emanam esses valores e também o Equilíbrio, a Harmonia, a Paz e o Amor que manifestamos no mundo através dos nossos pensamentos, das nossas palavras, das nossas acções. E é por essa razão que nos levantaremos, uma e outra vez, tantas quanto seja necessário e retomaremos o nosso percurso. Mais leves, depois de largar tudo aquilo que deixou de servir o mais elevado propósito da nossa Alma. Mais fortes, depois de transmutar a energia do sofrimento em Luz e Sabedoria.
“Tão grande quanto o Universo exterior, é o Universo dentro do lótus do coração. Dentro dele estão os céus e a Terra, o Sol, a Lua, o relâmpago, e todas as estrelas. O que está no macrocosmo está nesse microcosmo.”
Chāndogyopaniṣad
Neste final de 2022, espero ter conseguido manifestar ao longo do ano, a minha intenção de fazer com que o Padma Yoga Shala🌿 seja um porto seguro, um espaço onde está manifestada a Consciência de Unidade e onde, apesar da nossa diversidade e especificidade, cada um pode sentir que tem imenso para partilhar, para dar e também para receber, tanto nos momentos leves e aprazíveis, como nos momentos difíceis. Quando realizamos que até as nossas lágrimas partilham a mesma essência que a água dos Oceanos, a ilusão da nossa solidão pode finalmente dissolver-se, juntamente com os véus da ignorância (avidyā अविद्या) e inevitavelmente, voltaremos a emergir, retomaremos o nosso verdadeiro Caminho Orgânico e renovaremos os nossos votos mais sinceros de realizar o nosso svadharma, a nossa Missão de Vida.
AMA - a short film by Julie Gautier Também podem encontrar o "making of" deste filme aqui 👈
“Algumas pessoas despertam espiritualmente sem nunca entrarem em contacto com qualquer técnica de meditação ou qualquer ensinamento espiritual. Podem despertar simplesmente porque já não conseguem suportar o sofrimento.”
Eckhart Tolle
Para todos aqueles que, neste momento, travam batalhas e atravessam tempestades, fica a lembrança de que tudo, tudo, absolutamente tudo, TUDO PASSA… Na Bhagavadgītā, é no meio do campo de batalha que Arjuna recebe os ensinamentos de Krishna e, depois de ganhar Coragem para olhar para trás (passado) e de ganhar Humildade para olhar para a frente (futuro), escolhe realizar o seu svadharma, com Discernimento e Desapego, plenamente consciente do caminho percorrido, plenamente consciente do caminho ainda por percorrer, mas mantendo-se na Neutralidade e na Equanimidade do momento presente, no “aqui e agora”.
O final do ano costuma ser uma época de balanço e de novas intenções para o ano seguinte. Se o costumam fazer, espero que, como Arjuna, consigam encontrar o Discernimento necessário para remover, com Gentileza e Bondade, todos os obstáculos que entravam a vossa capacidade de visão sobre vós mesmos, sobre os outros, sobre a realidade do mundo em que vivemos, de forma a alargá-la não só a 360º, mas também para além do espaço e do tempo, a partir da perspectiva do vosso Coração e da vossa Alma! Sem nunca esquecer que JÁ SOMOS tudo aquilo que procuramos no exterior, nestes tempos tão difíceis e conturbados, desejo apenas que cada um de vós possa olhar para si mesmo sem filtros, para finalmente reconhecer aquilo que eu tenho o privilégio de testemunhar dentro do Padma Yoga Shala🌿, a cada dia que passa…
✨☀️😊🙏💜
OS 20 VALORES DA BHAGAVAD-GĪTĀ O Código de Kṛṣṇa
Bhagavad-Gītā, 13.8 amānitvam adambhitvam ahiṃsā kṣāntir ārjavam | ācāryopāsanaṃ śaucaṃ sthairyam ātmavinigrahaḥ || 13.8 ||
Ausência de vaidade, ausência de pretensão, não-violência, acomodação, retidão, dedicação ao mestre, pureza, persistência, autocontrole;
Bhagavad-Gītā, 13.9 indriyārtheṣu vairāgyam anahaṃkāra eva ca | janmamṛtyujaravyādhiduḥkhadośānudarśanam || 13.9 ||
desapego em relação aos objetos dos sentidos, ausência de egoísmo e compreensão das limitações do nascimento, a morte, a velhice, a doença e a dor;
Bhagavad-Gītā, 13.10 asaktir anabhiṣvaṅgaḥ putradāragṛhādiṣu | nityaṃ ca samacittatvam iṣṭāniṣṭopapattiṣu || 13.10 ||
ausência de apego à ideia de posse, ausência de apego em relação aos filhos, o cônjuge, o lar e outros, equanimidade constante independente da realização do desejado ou do não desejado;
Bhagavad-Gītā, 13.11 mayi cānanyayogena bhaktir avyabhicāriṇī | viviktadeśasevitvam aratir janasaṁsadi || 13.11 ||
devoção inquebrantável a mim, [sabendo que] não há outro [além de Īśvara], apreço por um lugar tranquilo, ausência da necessidade da companhia de pessoas;
Bhagavad-Gītā, 13.12 adhyātmajñānanityatvaṃ tattvajñānārthadarśanam | etaj jñānam iti proktam ajñānaṃ yad atonyathā || 13.12 ||
busca constante do conhecimento de Ātma, apreciação do sentido do conhecimento da verdade, isso é chamado jñāna, conhecimento. O contrário a isto é ajñāna, ignorância.
1. Amanitvam, ausência de vaidade, arrogância ou necessidade de elogio. 2. Adambhitvam, ausência de pretensão. 3. Ahiṁsā, não-violência. 4. Kṣānti, pacífica adaptabilidade. 5. Arjavam, retidão. 6. Acāryopāsanam, dedicação ao professor. 7. Śauchan, purificação. 8. Sthairyam, firmeza de propósito. 9. Ātma-vinigraha, comando sobre o pensamento. 10. Indriyartheśu vairāgyam, desapego em relação aos objetos dos sentidos. 11. Anahaṅkāra, ausência de identificação com as coisas do ego. 12. Janmamṛtyujaravyādhiduḥkhadośānudarśanam, reflexão sobre as limitações do nascimento, a morte, a velhice, a doença e a dor. 13. Aśakti, ausência de apego à ideia de posse. 14. Anabiśvaṅgaḥ putradaragṛhādiśu, equanimidade afetiva. 15. Nityam samacittatvam iśtaniṣṭopapattiṣu, equanimidade constante. 16. Bhaktir avyabhicāriṇī, devoção inabalável. 17. Viviktadeśa sevitvam, apreço por um lugar tranquilo. 18. Aratiḥ janasamsadi, apreço pela solitude. 19. Tattvajñānārthadarśanam, foco e clareza na verdade. 20. Adhyātmajñāna nityatvaṁ, disposição contínua para o autoconhecimento.
Como sempre, deixo-vos a minha mais profunda e sincera GRATIDÃO pela vossa leitura e atenção e peço-vos que, como de costume, acolham apenas o que ressoa convosco e coloquem de parte tudo o resto!! Com todo o meu AMOR e carinho, desejo-vos coragem, bons questionamentos e boas práticas… Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!
Namaste 🙏💜✨ Rita
ॐ लोकाः समस्ताः सुखिनो भवन्तु
ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः॥
Om lokā samastā sukhino bhavantu
Om śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ
Om
Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.
Que haja Paz, Paz, Paz.
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