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Janeiro 2025

Photo du rédacteur: Rita Rita

A atitude ideal do sādhak (praticante de yoga) em relação ao tempo é ter uma paciência infinita, como se tivesse toda a eternidade à sua frente para alcançar o seu objetivo e, ainda assim, aplicar uma energia capaz de se manifestar já, com uma maestria cada vez maior e uma intensidade cada vez mais rápida, até que essa intensidade atinja a instantaneidade milagrosa da suprema Transformação divina.”

Sri Aurobindo


Queridos alunos e amigos ✨,


A todos aqueles que celebram a passagem de ano nesta época, desejo um Feliz Ano Novo! Que 2025 possa trazer Equilíbrio, Saúde, Harmonia, Paz e Abundância, para que todos os desafios pessoais e colectivos que ainda temos pela frente, possam ser vividos e ultrapassados da melhor forma possível. Em 2025, desejo que cada um de vós possa ser divinamente guiado e apoiado a cada instante e, acima de tudo, que possam reconhecer e sentir esse Apoio, essa Ajuda Divina e sentir que nunca estamos sós. Que a capacidade de aceitar com equanimidade o que o Universo vai trazendo, longe de toda e qualquer programa de vitimização, agindo em consciência e em alinhamento com o Dharma, co-criando com o Divino em todas as situações (em vez de reagir de forma automática a partir dos kleśa [क्लेश - causas de sofrimento], como acontece tantas vezes…), possa finalmente tornar-se uma realidade ao quotidiano, para que a prática de Yoga possa acontecer também além do tapete! Só assim fará verdadeiramente sentido… 


O sucesso do yoga não reside na capacidade de realizar posturas,mas em como isso muda positivamente a maneira como vivemos a nossa vida e os nossos relacionamentos.

TKV Desikachar




Autor desconhecido


 

Em JANEIRO, tal como tinha sido previamente anunciado, proponho-vos um horário actualizado. As aulas mantêm-se às segundas, terças e quintas-feiras, mas agora pela MANHÃ entre as 6h30 e as 8h30, e pela TARDE entre as 17h30 e as 19h30.






Também a partir de JANEIRO, proponho-vos um encontro na 4ª quarta-feira de cada mês, ao final do dia, entre as 17h30 e as 19h00, para nos debruçarmos juntos sobre certos temas espirituais, através de aulas de prāṇāyāma (प्राणायाम - controlo do sopro e expansão da energia vital), de dhyāna (ध्यान - meditação), de aperfeiçoamento da técnica de āsana (आसन - posturas), de svādhyāya (स्वाध्याय - estudo de si mesmo, através dos textos sagrados) ou satsaṅga (सत्सङ्ग - conversas sobre temas espirituais) no Padma Yoga Shala🪷🍃. Estes encontros são gratuitos e estão abertos a todos, mas necessitam uma inscrição prévia por parte de quem não frequenta regularmente o Shala🪷🍃, de forma a que possam aceder ao espaço (a menos que estejam acompanhados pelos alunos do Shala🪷🍃, que já têm o seu código pessoal). Em JANEIRO :


QUARTA-FEIRA, 22/01

- das 17h30 às 19h00 -


🪷 Satsaṅga 🪷


“O Yoga além do tapete”


Como identificar as diferentes forças do Universo, manifestas em nós e à nossa volta. Como reconhecer e escolher em consciência a nossa intenção, consentimento e Autoridade. Como co-criar com o Divino, para viver um quotidiano cada vez mais em alinhamento com os princípios do Yoga e do Dharma e levar, finalmente, a prática de Yoga além do tapete.



 




Mais um ano que começa, segundo o calendário gregoriano. Apesar de ainda estarmos no início do Inverno, a época mais propícia para a introspecção, a auto-análise e a meditação, a maioria das pessoas tem o hábito de fazer um balanço rápido do ano precedente antes do dia 1/01 e entram no novo ano já voltadas para o exterior, com uma lista de resoluções bem estabelecida e pronta para ser colocada em acção, dispostos a caminhar em direcção do seu “novo eu”, daquela versão ideal que é sonhada no início de cada ano e que, infelizmente, muitas vezes se vai desvanecendo à medida que os dias e as semanas passam, e que a motivação e determinação naturalmente associadas ao início de um novo ciclo, se vai igualmente esbatendo


O que estão a fazer? A planear o futuro?

Bem, tudo acontece agora!

Ram Dass


 




JANEIRO costuma ser o principal mês das inscrições nos ginásios ou nos estúdios de yoga, das dietas, das caminhadas à beira-mar ou início de outras actividades desportivas ou ao ar livre, assim como tantas outras decisões para viver uma vida mais saudável, mais equilibrada, mais plena. Sente—se uma certa urgência para deitar fora tudo o que é “velho” para deixar espaço para o “novo” e, na sociedade actual, tudo é feito para alimentar esta tendência que, muito provavelmente, não é fruto de um acaso. Sinceramente, se não estivermos à escuta da nossa voz interior e da nossa intuição, pode ser relativamente fácil deixarmo-nos seduzir por essa tendência colectiva ou, pelo menos, sentir a sua pressão e exercê-la depois sobre si mesmo, de forma voluntária ou inconsciente, para acalmar uma agitação que se sente como interior mas que, na realidade, vem de fora para dentro e não é natural, nem orgânica.


E agora existem forças que enaltecem o conceito de grupo e que declararam uma guerra de exterminação a essa preciosidade, a mente e espírito únicos de cada homem. Através das mais variadas formas de pressão, repressão, culto, e outros métodos violentos de condicionamento, a mente livre tem sido perseguida, roubada, drogada, exterminada. E este é um rumo de suicídio colectivo que a nossa espécie parece ter tomado.”

John Steinbeck, in “A leste do Paraíso”



 




A prática regular e constante de cada um dos oito membros do Yoga, ajuda-nos a desenvolver o discernimento para melhor compreender e integrar o que somos, mas também o que não somos, assim como a diferença entre o que vem dentro e o que vem de fora, o que é orgânico e o que é artificial. Desta forma, é mais fácil fazer com que esse processo de purificação e de despojamento do “velho”, para que o “novo” possa manifestar-se (incluindo o velho e o novo “eu”), se torne efectivamente um processo orgânico, que será único para cada indivíduo, pois estará alinhado com a Vontade Divina e manifestar-se-á dentro do Tempo Divino. É muito possível que se desencadeie numa altura específica do ano (como esta!), inspirado pelo inconsciente colectivo. Mas não será certamente divinamente acompanhado e levado a bom porto, se não provier da Alma, em vez do ego. Assim, a todos aqueles que dedicaram o seu tempo e intenções a reflectir e meditar sobre si mesmos, de modo a criar uma lista de resoluções para 2025, não posso senão desejar que o ego possa finalmente ceder o lugar do condutor do vosso veículo à Alma, para que a intuição e a voz interior do Coração que ligam cada pessoa a Deus, possam finalmente florescer dentro de vós e ser escutadas, reconhecidas e valorizadas. Daí virá toda a ajuda possível dos planos divinos para que as intenções sinceras da Alma possam finalmente realizar-se, permitindo-vos aceder de forma progressiva, mas sem dúvida definitiva e permanente à vossa Verdadeira Essência e simplesmente Ser. Divinos. Soberanos. Livres.


A mente intuitiva é o dom sagrado, e a mente lógica é o servo fiel e nós criámos uma cultura que honra o servo e se esqueceu da dádiva.” 

Albert Einstein



 




Da mesma forma que é fácil realizar que uma casa nunca está verdadeiramente “limpa” e que é necessário manter uma constante atenção e manutenção, tanto no seu interior como no exterior, desenvolvendo estratégias que nos permitam manter um certo nível de pureza, constante, regular, mas acima de tudo, com o qual nos sentimos confortáveis e que não exige de nós mais do que o que podemos disponibilizar de forma respeitadora e equilibrada no dia-a-dia (ou seja, nunca pode tornar-se compulsivo ou obsessivo, seja de um ponto de vista material ou espiritual!), com uma certa humildade, podemos igualmente reconhecer que o mesmo trabalho de purificação constante e regular que leva a esse tão necessário discernimento (primeiro passo para aceder à Sabedoria), deve ser feito sobre nós mesmos, sobre o nosso corpo e sobre a nossa mente. Quer tenhamos consciência disso ou não, da pureza e da integridade da frequência do nosso veículo, depende a sua capacidade para acolher a totalidade da nossa Consciência, por isso, quando estamos destinados a enveredar por um caminho espiritual nesta encarnação, num momento ou noutro, limpar e purificar o corpo, a mente e tudo o que nos constitui, para melhor compreender quem somos e como funcionamos, revela-se uma etapa indispensável e inevitável. E, de uma forma ou de outra, se essa fôr efectivamente a nossa intenção, seremos certamente guiados para as práticas que melhor se adaptam à nossa natureza, para que esse processo possa fazer-se de forma progressiva, gradual, respeitadora do ser que somos a cada etapa, mesmo se, por vezes, uma boa dose de tapas (तपस् - disciplina, esforço sobre si mesmo) acaba por revelar-se indispensável


Mas nós, e apenas nós, podemos saber como e quando é o momento certo para fazer essa “limpeza”, esse trabalho interno e externo de purificação, a que no Yoga chamamos Śauca (शौच), e que Patañjali nos apresenta como o primeiro dos Niyama, as cinco regras de conduta ou “observâncias”, que constituem a segunda etapa ou segundo membro da prática de Yoga. Elas são praticadas quotidianamente pelos yogins (e recomenda-se o mesmo a todo e qualquer praticante de yoga), pois permitem encontrar um certo apaziguamento e estabilidade não só dentro da prática, mas também na vida quotidiana. O seu propósito é a organização da vida interior e pessoal do yogin e não é por acaso que estas observâncias começam por Śauca (शौच), a pureza


Um yoga que destrói as energias vitais, que as força a um apaziguamento apático, ou que as extirpa como fonte de atividade nociva, não é um yoga integral. Elas devem ser purificadas, não destruídas - transformadas, dominadas e usadas para o objetivo para o qual foram criadas e desenvolvidas dentro de nós.

Sri Aurobindo



 




Da mesma forma que nos ocupamos da manutenção da nossa casa, limpando o pó, lavando o chão, tirando as teias de aranha, abrindo as janelas para arejar, etc, também devemos ocupar-nos da manutenção e da purificação do nosso corpo físico, do nosso corpo energético, do nosso corpo mental, do nosso corpo emocional, do nosso corpo espiritual, afim que possam estar efectivamente ao serviço da Expressão Mais Elevada da nossa Alma. Há alturas em que nos dedicamos mais a esta limpeza, em que temos mais energia para o fazer ou simplesmente maior motivação. Outras alturas, parece que nos sentimos obrigados a fazê-lo, mesmo que não nos apeteça. Outras ainda, em que este processo simplesmente acontece, de forma natural e espontânea ou provocado por uma mudança radical externa (não há nada como uma mudança de casa, por exemplo, para desencadear uma limpeza profunda e consciente!). Por momentos, é possível que deixemos as coisas acumular e, de repente, damos connosco a limpar em profundidade, esvaziar gavetas e armários, tirar tudo o que é supérfluo e mesmo pintar paredes ou mudar os móveis de sítio. Há quem não veja qualquer interesse em “limpar” e não o faça senão quando começa a ser verdadeiramente difícil viver no meio da sujidade ou do caos. E também há quem simplesmente escolha não o fazer pessoalmente e pagar a outra pessoa para que faça esse trabalho por si, para ter mais tempo e disponibilidade para outras coisas que considera mais importantes ou prioritárias. Não existe uma regra única e cada um terá a sua própria noção de Śauca (शौच) e saberá o que mais lhe convém fazer para alcançar essa pureza dentro de si e à sua volta, assim como a altura certa para o fazer. Mas acima de tudo, é importante que cada um saiba o “porquê” dessa necessidade de pureza. Mais uma vez, relembro que quer tenhamos consciência disso ou não, da pureza e da integridade da frequência do nosso veículo, depende igualmente a sua capacidade para acolher a totalidade da nossa Consciência, de forma a podermos passar, ainda durante a nossa encarnação, de uma existência simplesmente material, a uma existência divina


O que é divino, o que conhece e realiza tudo, desce até ao que é limitado e obscuro, para iluminar e encher progressivamente de energia toda a natureza inferior, substituindo assim, pela sua própria ação, os diversos aspectos da luz humana inferior, assim como as actividades dos seres mortais.

Sri Aurobindo



 




Na minha humilde opinião, não considero que esta época invernal seja a altura ideal para iniciar um processo intenso de purificação e desintoxicação do veículo físico (será diferente para quem o faz regularmente ao longo de todo o ano, sem pausas ou interrupções!), mas sim para reflectir, meditar e depois planificar, definir estratégias e prioridades… No Inverno, o corpo fica naturalmente mais pesado, mais denso e com menos energia. O mesmo acontece com a mente. Para além disso, na altura das festas, a maioria das pessoas autoriza-se um maior número de desvios, excessos e consumo de substâncias pouco saudáveis, o que sobrecarrega ainda mais o seu veículo físico e os deixa mais cansados. Sinto que é como se tivéssemos acabado de vestir um sobretudo bem quente e pesado, para depois ir para a praia num belo dia de Verão… Efectivamente, essas condições podem não ser as ideais e, muito provavelmente, a “batalha” para alcançar essa pureza do corpo e da mente, para alcançar esse objectivo de vida mais plena, consciente e saudável a nos propusemos, num momento ou outro da nossa existência, será muito mais renhida e exigirá um maior esforço pessoal e imensa concentração. Eu diria que a Primavera🌸, que não tarda nada estará a bater à porta, facilita este tipo de transformações radicais num estilo de vida… 


A consciência de uma planta no meio do inverno não está voltada para o verão que passou, mas para a primavera que irá chegar. A planta não pensa nos dias que já foram, mas nos que virão. Se as plantas estão certas de que a primavera virá, por que nós – os humanos – não acreditamos que um dia seremos capazes de atingir tudo o que queríamos?” 

Khalil Gibran



 



Mas, como sempre, para cada um de nós, o único momento certo, é aquele que brota de dentro do nosso Coração como uma evidência, orquestrado por Deus e divinamente apoiado pelas nossas Equipas Divinas e terrestres. Por isso, reconheço que não é da minha competência saber o que é melhor para os outros, nem da minha natureza julgar as suas escolhas e decisões, por muito diferentes que sejam das minhas e coloco a intenção de me manter, em todas as situações, ao Serviço ao Outro, aceitando as suas escolhas, apoiando-os sempre que possível e acompanhando-os nas suas decisões, sem nunca interferir com o seu Livre-Arbítrio. Quem seria eu, se me permitisse julgar os outros a partir do meu próprio ponto de vista, sem ter conta dos eventuais ângulos mortos, que só desapareceriam se estivesse na pele do outro? Quem seria eu, se impusesse esse mesmo ponto de vista aos outros, independentemente de estarem ou não prontos para o acolher? Quem somos nós quando julgamos o que não compreendemos no outro ou no mundo, quando achamos que sabemos mais ou melhor, que já percebemos tudo o que havia a perceber sobre um tema específico ou simplesmente sobre tudo (porque já estudámos, praticámos, vivemos ou qualquer outra razão que nos sopra à orelha o nosso ego, para nos fazer acreditar que somos superiores ou inferiores aos outros…), em vez de escolher a constante procura da Verdade, a auto-análise, o Conhecimento de Si e, acima de tudo, aquilo que nos permite existir num mundo tão difícil como o nosso, sempre com o Coração aberto, a Compaixão


A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos.

M.K. Gandhi



 




Não será apenas quando nos compreendemos plenamente a nós mesmos e que somos capazes de ver, reconhecer e aceitar, com compaixão e sem julgamentos, todas as nossas partes de sombra (incluíndo o “pó”, as “teias de aranha”, o “mofo” e outras outras formas de miasmas que precisam ser trazidos à Luz da Consciência, para serem finalmente “arejados”, “limpos” e, acima de tudo, curados!), que poderemos aceitar os outros e o mundo como realmente são? Dia após dia, com paciência, dedicação e humildade, esta é e continuará a ser minha mais sincera intenção de śauca (शौच) e a principal fonte de pureza que procuro em cada parte do meu ser e da minha vida, afim de nunca esquecer que Somos Todos UM e que não existe qualquer diferença de valor entre os seres. Só assim poderei encarnar plenamente os valores do Yoga (योग - união) e permitir que se manifeste através de mim… Só assim serei verdadeiramente Livre (मोक्ष mokṣa)…


A natureza da existência divina não é apenas a liberdade, mas a pureza, a beatitude e a perfeição. Uma pureza integral que, por um lado, permite que o Ser Divino se reflicta perfeitamente em nós e, por outro, que a sua Verdade e a sua Lei se irradiem de forma perfeita em nós, através das condições da nossa vida e do funcionamento correto do instrumento complexo que somos nas nossas partes externas. Esta é a condição da plena liberdade.

Sri Aurobindo



 


Quando sentimos em cada uma das nossas células a razão porque fazemos o que fazemos, e que nos alinhamos com a Vontade Divina e o Tempo Divino, tudo fica mais fácil. E, como com todos os outros caminhos, também a prática de śauca (शौच) começa com um primeiro passo. Quanto mais limpamos e purificamos, mais fácil é continuar a limpar e purificar, alcançando progressivamente camadas cada vez mais profundas do nosso ser, que se mantinham invisíveis aos nossos sentidos e consciência até então. Quanto mais regulares e constantes formos nessa busca da pureza e na prática da purificação, seja do corpo físico, do corpo energético, do corpo mental, emocional ou espiritual, mais profundamente poderemos mergulhar na realidade do nosso Ser e libertar tudo o que não somos, mas com o qual nos fomos identificando, ao longo das nossas múltiplas encarnações, sob a influência de avidyā (अविद्या - ignorância) e todos os outros kleśa (क्लेश - causas de aflição), que dela nascem. Como se descascássemos uma cebola, camada por camada, vamos libertando sensações, pensamentos e emoções, vamos retirando os véus da ilusão (माया māyā) e da ignorância (अविद्या - avidyā), até chegarmos finalmente ao centro de nós mesmos, para aí descobrir, reconhecer e acolher plenamente o Divino dentro do nosso Coração, e relembrar Quem Somos e porque estamos aqui, agora.





Não é fácil… 


Mas será que era suposto ser? Não haverá uma parte de nós que está pronta e que sempre esteve pronta, para fazer face a todos os desafios, todas as dificuldades, todas as adversidades? Não haverá uma parte de nós plenamente consciente da nossa Verdadeira Essência Divina e, por essa razão, grata por esta existência humana (com tudo e apesar de tudo o que ela implica), sempre pronta a tentar de novo, preparada para nunca desistir da realização do seu svadharma (स्वधर्म - dever pessoal ou missão de vida) ao serviço do Dharma (धर्म - Ordem Cósmica)? Não será precisamente por isso que viemos e que estamos aqui, agora?


धर्मो रक्षति रक्षितः ।


dharmo rakṣati rakṣitaḥ |


“O Dharma protege aquele que protege o Dharma



 




Encontrar a nossa individualidade, de acordo com as nossas necessidades particulares, o apelo da nossa Alma e respeitando o nosso Tempo Divino de evolução espiritual, agindo além da influência dos kleśa (क्लेश - causas de sofrimento), sem nos deixarmos empurrar pelas tendências colectivas ou aquilo que os outros muitas vezes acham que é melhor para nós, nem sempre é uma tarefa fácil. Na realidade, isto só se torna possível, quando nos posicionamos no centro de nós mesmos e voltamos para dentro o nosso olhar, com a intenção de fazer o nosso trabalho interior, mergulhar nas profundezas do nosso ser e, com discernimento e sem julgamentos, observar e identificar as diferentes forças do Universo que, em nós e à nossa volta, nos animam e/ou nos manipulam


Muito mais de metade dos nossos pensamentos e sentimentos não são nossos, pois tomam forma fora de nós; de facto, há muito poucas coisas que têm realmente origem na nossa natureza. Uma grande parte dos nossos movimentos interiores provém dos outros ou do que nos rodeia, como matérias-primas ou produtos manufacturados, mas ainda mais da Natureza universal da Terra, ou de outros mundos, de outros planos e dos seus seres, poderes e influências, uma vez que estamos rodeados por outros planos de consciência - os planos da mente, da vida, da matéria subtil - que alimentam a nossa vida e a nossa ação aqui em baixo ou, pelo contrário, se alimentam dela, exercem pressão sobre ela e usam-na para manifestar as suas formas e as suas forças. Esta complexidade, estas inúmeras aberturas, esta sujeição ao fluxo invasor das energias universais, aumentam imensamente a dificuldade para quem procura a salvação individual. É preciso ter em conta todos estes elementos e geri-los corretamente, conhecer a substância secreta da nossa natureza e os movimentos que a constituem e que dela resultam, afim de criar um centro divino, uma verdadeira harmonia, uma ordem luminosa.

Sri Aurobindo



 




Desse trabalho interior, nasce a distinção entre a vontade do ego e o apelo da Alma, entre a vontade pessoal e a Vontade Divina, assim como a compreensão de como podemos colocar a nossa vontade pessoal, com todo o esforço, disciplina e determinação de que pode fazer prova, ao serviço da Vontade Divina, para que cada momento vivido, por mais difícil que seja, possa manifestar todo o seu potencial de integração, de cura e de evolução espiritual. Respeitar a Vontade Divina ou o Tempo Divino não se trata de não agir, de não fazer nada, de ficar à espera que as coisas aconteçam sem que seja necessário mexer uma única palha. Pelo contrário! Estar ao Serviço do Divino em nós e à nossa volta, implica disciplina, esforço pessoal sobre si mesmo, coragem e uma imensa capacidade para aceitar tudo o que vem até nós e toca, abana ou abala bruscamente o nosso corpo físico, o nosso corpo energético, mental, emocional ou espiritual, quer venha de dentro, quer venha de fora. Implica uma imensa responsabilidade pessoal face a tudo o que somos e vivemos, assim como uma vontade inesgotável para procurar a verdade a cada instante, sobre o mundo, sem dúvida, mas acima de tudo, sobre nós mesmos, assim como uma força sobre-humana para colocar em prática essa verdade, mesmo quando ela parece não fazer sentido aos olhos de mais ninguém à nossa volta e assumir essa responsabilidade, mesmo quando isso implica a desconstrução plena e completa dos nossos precedentes sistemas de crenças e convicções. Que 2025 possa ser o ano em que cada um de nós descobre dentro de si essa força, essa coragem e essa determinação, sabendo que nunca estamos sós, para podermos finalmente deixar para trás todos os mecanismos de defesa do ego que nos prendem num mundo ilusório, numa falsa imagem de nós mesmos, e colocar de forma plena e consciente, a nossa intenção, o nosso consentimento e a nossa Autoridade (com paciência e humildade, que estas coisas podem levar o seu tempo…), ao Serviço de Deus e do Plano Divino para toda a Humanidade. Afinal, nenhum caminho espiritual se caminha sem … 


O sādhak (praticante de yoga) constatará com frequência que, mesmo depois de ter vencido a sua batalha pessoal à força de persistência, continuará a ter de a vencer uma e outra vez, numa guerra que pode parecer interminável, já que a sua existência interior se expandiu de tal maneira que, para além de conter o seu próprio ser com as suas experiências e necessidades bem definidas, também está solidária com todos os outros seres; pois dentro de si transporta o universo.”

Sri Aurobindo



 

Eu não sou eu

Eu não sou eu.

Sou este

que vai ao meu lado sem que o veja;

que, às vezes, vou ver,

e que, às vezes, esqueço.

O que cala, sereno, quando falo,

o que perdoa, doce, quando odeio,

o que passeia por onde não estou,

o que ficará de pé quando eu morrer.

Juan Ramón Jiménez





 




Como sempre, deixo-vos a minha mais profunda e sincera GRATIDÃO pela vossa leitura e atenção e peço-vos que, como de costume, acolham apenas o que ressoa convosco e coloquem de parte tudo o resto, já que tudo o que partilho convosco é apenas o fruto dos meus próprios questionamentos, experiências de vida, compreensões e integrações alcançadas através dos ensinamentos do Yoga, da minha própria prática espiritual e do meu sādhana (साधन). Com todo o meu AMOR e REVERÊNCIA, desejo-vos coragem, bons questionamentos e boas práticas… Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!


Namaste

✨ 💜 🙏 💜 ✨

Rita



 


ॐ लोकाः समस्ताः सुखिनो भवन्तु

ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः॥

 

Oṁ lokā samastā sukhino bhavantu

Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ

 

Oṁ

Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.

Que haja Paz, Paz, Paz.





🍃🪷🧘‍♀️💜🧘‍♂️🪷🍃


 


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